Capítulo 50

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boa leitura

Ele ainda demorou algum tempo até conseguir se mover. A barriga se revirava em um medo genuíno, porque ele sabia que o que tinha acontecido há algum tempo havia, sem querer, definido muitas coisas no relacionamento dos dois.

E ainda que ele dissesse que não se importava em ser deixado para trás, o amor que sentia pelos pais fazia com que tudo doesse muito. Todos os anos de julgamento da mãe haviam aberto um buraco enorme e ele não queria perder o pai também, embora sentisse que o havia perdido de qualquer forma.

Mas tê-lo ali era assustador porque talvez fosse a confirmação de tudo.

- Você vai falar com ele? - Seonghwa perguntou, olhando-o de forma preocupada. Felix apenas o olhou, os olhos brilhantes pelo choro que ele sabia que iria vir. - Você... quer que eu fique aqui? Por que eu posso.

- Não... - Ele negou, mas olhou o amigo de forma nervosa. O rosto de Seonghwa era preocupado, então ele segurou suas duas mãos e apertou. - Eu sabia que ia acontecer, mas estou com medo.

- Tudo bem ter medo. - Os polegares longos acariciaram as costas das mãos. - Você tem certeza que não quer que eu fique?

Felix o olhou.

- Tenho. - Assentiu, embora as mãos tremessem. O pai o havia encontrado com os olhos e ficou fixo onde os dois estavam. Sentia tanto medo... - Mas você pode ir comigo até lá fora?

Seonghwa riu a apertou as mãos dele com as suas.

- Quando você estiver pronto. - Assentiu.

Então Felix caminhou para fora dos dormitórios até que estivesse cara à cara com o homem mais velho. Muita coisa se passava por sua cabeça, e ele até mesmo repensou a ideia e quis pedir para que Seonghwa ficasse ali consigo.

Mas ele compreendia que aquele era um momento só dele e do pai.

Por isso, quando o amigo se despediu, deixando os dois sozinhos, Felix finalmente olhou o outro homem diretamente nos olhos. Ele provavelmente estava à alguns dias sem ir para nenhuma viagem, já que a barba estava feita, mas ele continuava o olhando da mesma forma preocupada e gentil de sempre.

- Oi, pai. - Disse, baixinho, os braços abraçando o próprio corpo enquanto ele tentava acalmar o nervosismo e o frio na barriga.

Ele acabava ficando bastante na defensiva sempre que se sentia daquele jeito, mas não queria de jeito nenhum acabar soando desrespeitoso com o pai só por que estava morrendo de medo. Ele sabia que aquela seria uma conversa importante e ele queria se mostrar totalmente disposto a tê-la, ainda que tremesse por inteiro.

O homem sorriu, mas parecia nervoso também. As mãos nos bolsos tornavam tudo ainda mais tenso.

- Filho. - Ele acenou levemente com a cabeça. Ouvir-se ser chamado "filho" de filho o fez ter vontade de chorar. - Eu queria... conversar com você.

- Ah... - Ele assentiu. - Aconteceu alguma coisa? Você quer ir para outro lugar?

- Eu acho que nós poderíamos sentar. - Disse, então coçou a nuca. - Sabe... para... ficarmos mais confortáveis. Eu acho.

E foi desse jeito que eles terminaram sentados na cama do dormitório de Felix. Ele perderia a primeira aula, mas sequer se importava de verdade com aquilo enquanto ambos estavam parados na mesma posição à quase cinco minutos.

As mãos estavam suando e aquela era a terceira vez que Felix as enxugava nas calças. Havia até se esquecido de oferecer um café.

- Pai...

𝐁𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍| 𝐇𝐲𝐮𝐧𝐥𝐢𝐱Where stories live. Discover now