12- Histórias

111 9 0
                                    

Edward Anthony Masen Cullen, este era o nome que me levava aos extremos e me fazia duvidar de meus próprios pensamentos, sentimentos, sensações. Eu duvidava até de mim por ele. Ao mesmo tempo que pensar em nós dois juntos de novo era estranho, essa ideia me agradava e muito devo pontuar; éramos um casal estranhamente compatível, digo que era estranhamente pelo fato de antes sermos de espécies completamente diferentes, e nos darmos super bem.
Éramos como fogo e gelo, um poderia destruir o outro, mas de alguma forma estávamos insistindo em coexistir juntos, e éramos bons assim; e isso nos trouxe alguns benéficos, em questões de relacionamentos amorosos, entendimentos que nenhum de nós tínhamos na prática e sim em teoria. As primeiras vezes. Então eu sabia que nada seria exatamente como da primeira vez em que fomos um casal, isso porque mudamos muito nesse tempo, eu principalmente; já não era mais aquela Bella inocente e que precisava ser "salva", agora era mais que suficiente, eu poderia me salvar da torre mais alta... Mas até mesmo eu precisava de certos cuidados e carinhos. Viver com Edward novamente era a parte mais "diferente".
Nós tínhamos o costume de pegar manias um do outro, isso até mesmo em roupas. Estava notando padrões se repetindo mais de uma vez; nós vestimos as mesmas cores, pensámos aparentemente igual e é como se ele respondesse há qualquer sinal diferente de meu corpo, agindo antes que eu pudesse pensar em fazê-lo. Pensando agora era meio assustador.
Notei que somente nesses minutos na fogueira, ele se moveu doze vezes na mesma hora e mesma direção que eu, e também fazia gestos parecidos com os meus, como cruzar os tornozelos para esquerda ou estalar os dedos. Então ou ele e eu estávamos cientes demais da presença um do outro, ou algum radar em sua cabeça foi reiniciado. Um mistério.
Às vezes ele e Alice passavam tempo demais em silêncio, provavelmente em uma de suas "conversas silenciosas" cheias que coisas que somente eles entendiam um sobre o outro. Foi então que notei que eu estava tão ciente da presença dele, quanto ele da minha; ainda agimos como um casal inconscientemente, e não podia ser um costume, em vista que passamos três anos separados da presença um do outro.

_Isso é bizarro!. -Foi o que Jane sussurrou para mim.

Edward sempre teve um senso de proteção aguçado em relação há mim, então sempre estava na minha órbita digamos assim. Ele nunca ia muito longe ou se ausentava por um longo período, e isso estava "assustando" aos outros, porque ele nem ao menos disfarçava sua aproximação nada discreta.
Sua confiança com certeza aumentou depois daquela tarde, apesar de alguma frustração ainda restar. E dois minutos depois ele estava quase com o braço direito colado ao meu esquerdo, tendo dado a volta na fogueira "disfarçadamente" e agora sentado bem ao meu lado.
Até que seu assunto com Emmett acabou, e ele ficou somente observando a fogueira tremulando com o vento ao meu lado, sem dizer uma palavra até então.

_Sobre aquele dia... -Começou hesitante, eu devia imaginar que voltaríamos neste mesmo assunto, era quase como andar em círculos constantemente.

_Não precisamos falar sobre isso Edward. Pelo menos não aqui e agora!. -Não era o melhor dos momentos para discutir isso.

_Mas vamos ter que falar em algum momento. E não imagino você fugindo daqui, não seria bom para sua imagem de líder durona. -Ele sabia jogar bem, esperou pelo momento certo para me abordar. _Sabe, fugir de um vampiro assim não pegaria bem. Você é a Bella afinal de contas.

Deu ênfase em meu nome, lembrando que eu era alguém importante. Seu olhar mostrava determinação, não era algo que ele desistiria fácil; pelo menos não dessa vez.

_Sorrateiro. -Ri, devo assumir que foi uma boa estratégia. _E o quê te faz pensar que vou falar com você aqui?. Isso não me impede necessariamente de "fugir".

_Pensei que se tivesse testemunhas, você não poderia mais dizer que eu te evito, isso quando claramente você foge de mim e outros poderiam provar minha teoria.

_Este é mesmo um bom argumento, pensou bem. Que tal usar tudo isto para batalha?.

Não seria tão fácil assim, eu dito algumas regras por aqui. E de novo ele estava acessível demais, porém precisava recobrar meus sentidos e também me lembrar onde estava; essa era a parte difícil, não me perder quando ele estava por perto.
Mas ele conseguia ser charmoso rindo e pensando seriamente em seguida, eu tinha sérios problemas em ficar analisando Edward. Preciso melhorar isto!.

_Façamos um trato então. -De novo os olhos hipnotizantes, e ele fazia de propósito. _Se venceremos amanhã, vai me ouvir mais um pouco sem reclamar. E se perdemos, lhe deixo em paz definitivamente.

Eu não iria perder de qualquer maneira e ele sabia disso, então era muito fácil ter o que ele queria assim. Não foi o mais inteligente, porém era a forma mais eficaz.

_Tenho uma proposta também, ou melhor, vamos apostar. -Ele me ouvia atentamente agora, Edward gostava de apostas. _Se matar alguém antes de mim, pode me dizer tudo e qualquer coisa que desejar. Se eu matar antes, tenho algumas condições especiais para você Cullen.

Essa eu até pagaria para ver, ninguém era melhor que eu nisso. Sou uma boa lutadora, portanto ele teria que me ouvir.

_Fechado.

Poderia viver com isso, era melhor que nada, ambos saiam ganhando de uma forma ou de outra. Nada mais de dois pesos e duas medidas.
Sam nos contou alguma histórias de seu povo, e era incrível como as histórias Quileutes tinham certa magia; parando para pensar, tudo isso era mágico, afinal onde já se imaginou há existência de vampiros, lobisomens, híbridos e outra criaturas que talvez possamos nem ter descoberto ainda. O mundo era vasto, com muitas coisas para se descobrir, então... Será que a imortalidade valia este preço? Milênios para conhecer cada cantinho extraordinário dele. A história dos vampiros não ficava muito atrás no quesito magia, porém o tamanho sofrimento e tensão não poderia ser descrito.
Diferente dos lobisomens não estávamos aqui exatamente por um propósito, muitos de nós nem ao menos tinham uma vida digna; a dor, o sofrimento, a sede, tudo era diferente para nós. Era difícil tentar explicar para alguém que nunca sentiu essa dor... Se é que aquilo podia ser explicado.
Queimar vivo, é a melhor definição para aqueles torturantes três dias de inconsciente e quase ida ao inferno em vida. Junto há beleza, imortalidade, força, poder, vinha a sede quase sempre insaciável, o fogo na garganta que cortava como navalhas, as noites sonhando acordado e o sofrimento, a pior parte é... Ver quem você ama partir e saber que nunca vão se reencontrar no paraíso, é para sempre.

_Ei, Bella!. -Seth me chamou com a boca cheia de marshmallows, sujo por eles. _Você não contou nenhuma história ainda.

_Ele tem razão Bells. Você é ótima com histórias.

_Está exagerando Nathanel, eu sou péssima nisso!. -Isso não.

_Pare de ser mentirosa Bella, você é a melhor em contar histórias. -Jane tinha que me contrariar nessas horas, era incrível sua capacidade de me desafiar. _Conte aquela sobre o rio, a que sua avó te contou quando era criança.

Isso era sério? Na frente de todos eles?. Ok, eu tenho medo de plateias e muitas pessoas me encarando seriamente de uma vez, patético porém um medo real desde que tinha seis anos e falhei em uma apresentação infantil sobre as cores do arco íris. Quando mais nova eu sofria com o fato de pensar ser algum tipo de aberração, então qualquer risada, cochicho ou olhar era cem vezes pior que o normal, era como ser julgada por todos, quando na verdade ninguém dava a mínima para minha existência.
Vovó Marie me contou está história quando eu tinha quatro anos, e depois disso ela me contava ela em todas as minhas férias de verão na sua casa do lago, isso antes do boa noite, até os meus quinze anos... Quando ela... Nos deixou. Me pergunto se vovó estaria orgulhosa de mim? Não, com certeza não.





La Tua Cantante (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora