15- Perdas

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As tropas estavam aos seus postos, apenas me aguardando e por minhas ordens. Era hora de ser a líder que tanto treinei e me preparei para ser, estive esperando por este dia; então nada de hesitar.

Normalmente eu não achava espadas úteis, mais essa era uma ocasião diferenciada, não era hora de julgar o que teria ou não verdadeira utilidade. E além do mais, aquela não era uma espada normal até onde se sabia.

_Ao seu comando. -Nathanel e os outros já estavam ao meu lado, os recém criados há frente como planejado.

Os portões se abriram e tive uma ótima visão de nossos convidados, o lobo maior olhando intensamente em meus olhos; raiva e determinação, porém era preciso mais que isso para me assustar. Este é o meu território, e irei o defender com unhas e dentes, custe o que precise custar.

Eles se aproximavam lentamente, centenas de milhares deles surgindo, era como um formigueiro; estavam nos cercando, se espalhando pelo horizonte. Por sorte pensei na possibilidade de eles virem em muitos, então os arqueiros seriam mais que úteis; teríamos algumas vantagens, mais essas seriam mínimas aparentemente.
Destreza e agilidade seriam o foco agora, e meu escudo não podia falhar por nada. Precisava me concentrar no adversário, saber suas fraquezas e assim acabar com toda ameaça.

Os recém criados dariam conta de um grupo bom deles, só precisava do primeiro impacto e observação.

_Bella?. -A voz trêmula de Jane quase me desconcentrou.

Mais eu não podia me preocupava com medos alheios agora, precisava esquematizar antes de os mandar para o que poderia, se não bem calculado, seria a morte declarada de todos nós e a queda do trono Volturi, de todo nosso mundo. Tudo isso, todo esse poder dependia de mim e mais ninguém.

Respirei fundo e me deixei tomar pelos instintos, minha visão turva em vermelho; acessar minha raiva interna não era exatamente difícil, e era dela que eu precisava para dar o primeiro passo.

_AGORA!. -Pude ouvir meu próprio grito ecoar pelas estreitas ruas de Volterra. Era hora de ser uma heroína e não há vilã.

Os recém criados correram rápido, tamanha foi a força que pude sentir o chão sob meus pés tremerem. Estraçalhar, era isso que eles faziam; calculando por esse lado não seria difícil vencer.

_Se mantenham o mais longe possível das garras e dentes!.

Então nos dividimos, cada um empenhado em não morrer mas também em matar; corri e ataquei o primeiro pescoço que vi, o som do tecido se rasgando fazendo aquele monstro dentro de mim pulsar, sedento por mais e mais daquele massacre. Fui pela esquerda, e de repente eu era um borrão correndo em meio aos corpos.

Quebrava pescoços, cortava gargantas e arrancava os pedaços, nada iria me desestabilizar, ao menos foi o que pensei; isso era bom, precisava me manter assim. Alec teve problemas, e fui rápida o bastante para jogar seu colega longe o suficiente e lhe devolver sua vantagem; graças aos céus eles não eram imunes aos nossos dons. Mantive meu escudo firme este tempo todo, uma parte de minha mente era controlada pelo monstro e seu desejo de matar, a outra pela Bella estratégica e que analisava todos as circunstâncias nas quais poderia se encontrar.

Mas algo estava errado, vi quase todos os Cullen's, menos há Edward até o momento, a preocupação batendo na porta e me desconcentrando. Um piscar de olhos foi suficiente para que eu estivesse no chão há quase três metros de onde me encontrava antes, os dentes afiados e cheios de veneno perto demais do meu rosto em segundos, tentando atacar de qualquer forma; não era forte o suficiente, meus braços iriam ceder em algum momento. Meus gritos em desespero por sorte surtiram algum efeito.

Jacob atacou diretamente na garganta, e depois de alguns ataques mal sucedidos ele finalmente acabou com aquele Filho Da Lua.

_Obrigada Jake. -Ele somente acenou positivamente e correu em direção há outro deles.

Me levantei ainda zonza e cambaleando, peguei a espada pronta para seguir a diante, porém parando por um minuto para analisar todo o caos. Nosso lado estava com uma boa vantagem, os números estavam ao nosso favor; mas eu não esperava ver o quê eu vi.
Ao Norte Edward estava caído no chão, ele não se mexia, nem aparentemente estava respirando como de costume e estranhamente parecia mais pálido que o normal. Parecia estar morto. Não!.

Eu corri o mais rápido que pude, passando por debaixo de um dos lobos e rasgando seu estômago no processo, seu sangue escorrendo agora em minha pele como prova. A neve se espalhou por meus cabelos desgrenhados e ensanguentados, eu espelhava o desespero no qual me encontrava.

_Edward!. -Ele não respondia. Eu o chacoalhava e batia mais nada acontecia. _EDWARD CULLEN!.

O choro sufocante se formando, sentia o ar parando de entrar em meus pulmões. Pânico estava me abatendo, assim como o medo eminente da morte.
Eu só pensava em uma coisa repetidamente: ele está morto! Edward está morto!. Neste momento nada mais importava no mundo, há pessoa a qual eu sempre amei me deixará, e eu nem ao lhe disse que o tinha perdoado, o quanto desejava estar com ele novamente.

_Este é o preço do egoísmo, repugnante criatura.

Uma voz grave, imponente e ao mesmo tempo apavorante soou atrás de mim; peguei minha espada e me virei pronta para o ataque, rosnando, mostrando meus dentes e fúria para quem quer que fosse meu possível oponente.

Encontrei um rosto forte e traiçoeiro, os traços indígenas destacados em seu rosto e nas vestes que ele usava. Já vi seu povo uma vez, mas esse não era como os que conheci, não tinham a mesma vivacidade no olhar e sim escuridão, algo me dizia que há muito sua humanidade o deixou, assim como há mim e os meus.

_Sabiam no que se metiam, e mesmo assim... O mundo dos homens e seu hábito de superioridade. Seria fácil deixar meus filhos acabarem com você e seus amigos. -Um arrepio me tomou, de forma tão visível que ele riu de meu desespero. _Mas seria muito fácil. Deve viver com isso criatura, carregue mais esse fardo em seu coração sombrio.

O som da luta cessou, o silêncio tomou o lugar. Ele era o Alpha então, por isso tinha a forma de um homem, ele foi quem fez isso; senti nojo, o gosto amargo em minha boca, mas se eu quisesse tentar salvar quem restou precisava me manter em silêncio. Todo aquele sofrimento sufocado dentro de meu coração.

Com um único passo para trás os outros Filhos Da Lua se foram também, logo suas figuras sumindo pelo mesmo sombrio horizonte de onde surgiram antes; haviam corpos no chão, sangue para todos os lados e medalhões presos há corpos inertes. Meus amigos se levantavam, alguns mancando e outros sem nenhum arranhão aparente, estes lhes oferecendo sua ajuda sincera.

Mais em minha cabeça se ouvia somente um ruído branco, meus olhos há muito haviam perdido seu foco e possivelmente seu brilho também. Eu me virei para o pior dos meus pesadelos, tentando confiar que nada daquilo era verdade e sim um sonho muito ruim de uma humana com imaginação fértil, e que Edward estaria lá quando eu voltasse para seus braços; ele ainda era a mesma estátua caída ao chão, os lábios roxos e as olheiras crescendo, o cansaço dos anos o alcançando, era quase como se estivesse envelhecendo.

Com meu corpo tremendo me arrastei até a única pessoa que fui capaz de amar um dia. Ele nunca mais olharia para mim ou me deixaria deslumbrada com seus olhos magnéticos, nunca mais me daria aquele belo sorriso torto, não diria meu nome com o mais amável tom de adoração ou então falasse quão absurda eu era. Desta vez me deixará para sempre.

Tudo que fiz, tudo que poderia pensar em fazer, era chorar por ter perdido Edward; me agarrei ao seu corpo frio, meu corpo tremendo pelo choro incontrolável, sentindo seu doce aroma e o registrando para sempre em minha memória. E por mais que eu tivesse total consciência de minha platéia não me importava nem ao menos um pouco. Ouvia outros chorando bem atrás de mim, a voz de Alice e Esme se misturando, o peso de suas palavras e contestação do acontecimento, as lágrimas não derramadas.

_Nosso filho Carlisle. Nosso Edward!. -O sussurro de seu desespero foi o ápice para mim, meu coração feito aos pedaços.

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