14- Frio Na Barriga

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Ok, não posso mentir estando em um momento como este. O dia de hoje em específico me deixa nervosa por diversas razões, a primeira delas é porque eu e aqueles que eu amo podemos morrer daqui a algumas horas, e também... Foi em um dia frio e chuvoso como este, que dissolve a neve que caíra pela cidade, que Edward salvou minha vida pela primeira vez; então se pode imaginar como estou me sentindo, o frio invisível na barriga que se instalou, ainda mais por ter ele bem aqui. Literalmente, ele estava de guarda comigo deste o nascer do sol.
Acho que Edward também sentia esta tensão sobre nós hoje, pude perceber isso assim que ele me disse: "oi" hoje de manhã, recolhendo as mãos nos bolsos e mantendo uma distância segura; ele estava agindo como na época em que nossas barreiras começaram há cair, vezes sério e calculista, outras sorrindo com seus próprios pensamentos ou de minhas conclusões, eu o achava completamente louco antes de realmente o entender. Edward era extremamente rabugento quando queria e não era o mais paciente também, estas não eram suas melhores virtudes, dizia isto com certeza. Funcionamos em tempos diferentes, mais isto não era exatamente um problema declarado, apesar de eu imaginar como ele devia me achar lerda antes, pelo menos comparado ao presente.
Andava de um lado para outro, não parecendo estar mesmo aqui. Ele ria sozinho de alguma coisa que somente ele entendia, e me pegou o encarando, rindo de novo quando desvie o olhar rápido demais para ser considerado "normal".

_Está engraçadinho hoje!. -Me perguntava se ele realmente se lembrasse do que hoje significa.

_Devo estar, afinal... É uma data especial. Ou pensa que me esqueci da primeira vez em que salvei sua vida?. O dia que finalmente entendi porquê não conseguia esquecer você.

Está declaração foi mais do que pude imaginar ou pedir. Sempre assim, intenso com suas palavras não medidas.
Arrepios não deviam ser normais em pessoas não exatamente vivas, mais acontecia constantemente agora.

_Não achei que fosse se lembrar. Sabe... Depois de tudo. -Eu não conseguia dizer estás palavras sem vacilar por um momento, minha voz tremia sem minha permissão.

Mais eu ri, não precisava sempre me lembrar do que era ruim. Foi uma boa época antes de tudo aquilo, eu fui feliz com Edward de verdade.

_Eu te achava bipolar naquela época, me perguntava que tipo de mistério intrigante era você e suas mudanças de humor aleatórias, além dos olhos!. -Realmente, me lembro de ter passado noites sonhando com seus olhos dourados. Porém me perguntando porque ele parecia meio desequilibrado com seu humor, ou como eu conseguia afeta-lo de tal forma. _Você era gentil num dia, e me ignorava no outro. Sabe Edward, você realmente era o esquisitão que todos diziam!.

Agora consegui arrancar uma gargalhada dele, se pudesse estaria rolando no chão com certeza.

_E ainda ri como um urso sufocando. -O primeiro jogo de baseball, ele riu de mim naquele dia como agora. 

_Algumas coisas não mudam Bells. -Mais uma vez era como se ele soubesse de algo que eu não sabia, com aquele sorriso torto no rosto. Deslumbrante. _E você também é a mesma teimosa de sempre.

_De um jeito bom ou de um jeito ruim?.

Mais e mais lembranças surgindo, era como viver um enorme déjà vu.

_Bom, definitivamente bom!.

E foi minha vez de sorrir abertamente. Era bom estar falando abertamente com ele, sabe, sem ser sobre os acontecimentos indesejáveis para variar um pouco; era como antes de repente.
Ele ainda mexia em algo que estava em seu bolso esquerdo, me deixando curiosa. Talvez um amuleto da sorte? Edward não era bem o tipo de pessoa que acreditava nisto, apesar de que se eu na visão dele podia amar o "monstro" que ele deveria ser, poderia acreditar em qualquer outra superstição.

_O que tem no seu bolso?. -Sua sobrancelha se arqueou e o lábio se contraiu, ele não esperava que eu tivesse notado. _Você está com a mão no bolso esquerdo desde que te vi hoje de manhã, passou o dia assim, então pensei que estivesse com algo nele.

_Boa observação. 

Ele deu um passo mais perto e se debruçou na sacada de pedras, me imitando; levou a mão até o bolso e tirou de lá algo pequeno e compacto. Largando o que identifiquei como uma tampa de garrafa verde assim que ele a deixou na minha frente. Peguei-a e girei entre meus dedos com destreza, "soda" estava escrito de forma quase invisível nela, estava desgastada pelo tempo e as bordas pareciam ser pressionadas constantemente pelas marcas sutis de dedos, era como se ele a pegasse várias vezes ao dia.

_Uma tampa de garrafa?. -Realmente, acho que eu não era mais a única caixinha de surpresas.

_É, bem... Tem um motivo por trás de eu manter isto sempre comigo. -Edward com ele distraidamente. _Um amuleto da sorte pessoal.

Rapidamente uma lembrança me veio em mente; o dia em que Edward me chamou para sentar com ele no almoço pela primeira vez, o mesmo dia em que passei mal vendo sangue e fui carregada, ou melhor, arrastada da aula de Biologia por Mike Newton. Mas foi Edward que me tirou de lá realmente e me "socorreu", também foi a primeira vez em que estive em seu carro. Eu tomei soda naquele dia, havia perdido o apetite depois de não o ver com sua família no refeitório, na mesa de sempre, pensando que ele foi embora e não o veria até o dia seguinte; então depois lá estava ele, no que num futuro se tornou a nossa mesa no refeitório.
Aquilo me fez sorrir, uma felicidade genuína surgindo.

_Eu sempre te levo comigo Bella. Quero estar com você, não importa onde, sempre estarei pensando em você. -Suspirando ele afastou uma mecha de meu cabelo e delineou com o indicador meu nariz, perto o suficiente, mas então encarou o entardecer. Me dando conta enfim de quê o dia já caminhava para seu fim. _O crepúsculo de novo.

E assim seria o mais perfeito dos momentos, Edward e eu, o crepúsculo tornando se possível seus olhos ainda mais hipnotizantes e vívidos, o cabelo na mesma cor estranha. Passe-se o tempo que fosse, ele ainda seria meu Edward; mas digo que teria sido perfeito, se um rosnar não tivesse destruído aquela atmosfera mágica que nos abraçava. Eles chegaram!.
Um flashback de toda minha vida passou em minha mente; estava com medo, pela primeira vez temia realmente o que estava por vir, o futuro me assombrando. Edward apertou minha mão com mais força do que era necessário, talvez temendo o mesmo que eu.
De fato nunca pensei muito em como iria morrer, mas morrer no lugar de alguém que eu amo... Me parece uma boa maneira de partir. Então se este fosse meu futuro, eu o encararia de frente; não era hora de fugir da luta.
O frio na barriga era por outro motivo agora. E eu precisava vencer!.











La Tua Cantante (Revisão)Where stories live. Discover now