[34] Os natais que não virão

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#ReginaGeorgeJaponesa

— Não aguento mais. Eu quero morrer.

Tzuyu suspirou ao ouvir Chaeyoung reclamar mais uma vez da tarefa e largou a caixa de papelão no chão.

— Não, você não quer. Pode me ajudar, por favor?

Sentiu Chaeyoung a analisar por alguns segundos antes de finalmente levantar e pegar algumas caixas menores do caminhão. Lamentou ter deixado sua frustração tão aparente ao ponto de Son Chaeyoung ter decidido não ser um bom momento para brincadeiras, não queria preocupar mais as amigas e ter uma "intervenção" novamente.

— Nayeon deveria estar aqui. — diz ela, deixando as caixas ao seu lado e voltando ao caminhão para pegar mais. — A gente aqui sendo saco de pancadas de um sol de meio dia e a bonita lá enchendo bola.

— Eu estou aqui! — Nayeon surge, completamente disposta, sorrindo como se não tivesse passado as últimas duas horas enchendo bexigas e mais bexigas. Olhou para si mesma levemente indignada, ela e Chaeyoung pareciam ter corrido uma maratona apenas por ficarem vinte minutos empilhando caixas na calçada. Ao que parece, ter um bom fôlego vinha junto no pacote de benefícios de ser uma líder de torcida. — Tzuyu, pausa pra você. Vai tomar uma água, segunda porta a direita. Eu e a Chae terminamos aqui.

Tzuyu agradeceu Nayeon com o olhar, ignorando completamente as palavras de protesto de Chaeyoung ao passar pela entrada. Sentiu o alívio instantâneo do ambiente frio em comparação a sua pele quente devido ao ar-condicionado ligado e quis mais que tudo tirar os tênis para liberar seus pés daquele aperto abafado e doloroso. Ao invés disso, atravessou o salão vazio em direção a um corredor, entrando na segunda porta à direita conforme Nayeon disse, já pensando em como resolveria o problema que tiveram mais cedo com os copos.

Era domingo, e Tzuyu estava ajudando a organizar uma festa de aniversário.

Depois de três semanas sombrias desde que decidiu ignorar Minatozaki Sana até sua formatura, Nayeon achou que seria uma boa ideia que Tzuyu se distraísse tendo algo para fazer além das várias provas e tarefas. Acontece que, organizar uma festa de aniversário nos últimos três dias se mostrou ser mais um estresse desesperador do que uma distração bem-vinda.

Não era uma festa de aniversário, era a festa de aniversário da irmã mais nova de Nayeon. E o mais assustador de tudo, ela iria completar treze anos.

Tzuyu definitivamente amava Im Seoyeon, lembrava vagamente do dia em que a garotinha nasceu e de como ficou feliz junto com todo o resto da família. Crescer com Nayeon também significou crescer com Seoyeon e até mesmo ficou de babá da menina algumas vezes quando não havia nenhum adulto disponível. Porém, havia algo sobre garotas de doze anos.

Tzuyu as temia profundamente, seu pior pesadelo provavelmente tinha uma garota de doze anos envolvida, julgando suas roupas e seu cabelo. Garotas de doze anos são más, difíceis de agradar e com uma síndrome de superioridade sem igual. Então, um salão cheio delas a assustava, ainda mais sendo uma das responsáveis por deixá-las felizes e não entediadas ao ponto de espalharem para escola inteira no dia seguinte o quão chata foi a festa de Seoyeon, transformando a vida dela em um inferno. Essa festa precisava ser perfeita.

Gemendo de dor enquanto enchia um copo de plástico no bebedouro da pequena sala de descanso dos funcionários, se perguntou se Nayeon sabia desde o início o quão exaustivo seria ao lhe arrastar para ajudar, se dividir a tortura era parte de seu plano para não ficar sobrecarregada. Claro, a hipótese foi imediatamente descartada no primeiro contato da água gelada em sua boca. Nayeon era boazinha demais para sequer pensar em algo do tipo.

Aulas Para (com certeza) VirgensOnde as histórias ganham vida. Descobre agora