Capitulo 2

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Noah

Ainda sentia o gosto doce do sangue dela na minha boca. Era um sabor que não se equiparava a nada que eu já havia provado antes. Era suave e, ao mesmo tempo, muito energizante.

Uma única gota alterava os meus sentidos como se eu tivesse consumido algum tipo de opioide. Já era muito difícil não drenar um humano até a última gota, bebendo dela, precisei de mais autocontrole para não a matar. Ainda que fossemos fortes, tínhamos um acordo com o alto escalão da polícia: não deixávamos corpos pela cidade e eles não mexiam com os Dark Wings.

— O que aconteceu no bar ontem à noite? — Virei a cabeça e vi o meu irmão entrar na biblioteca onde eu estava. Fechei o livro em minhas mãos. Ele continha estudos sobre tipos e anomalias no sangue humano, mas nada que se equiparava ao que eu havia provado na noite anterior. — Você me ouviu?

— Sim.

— Parece que não, porque você nunca ouve.

Revirei os olhos, contendo-me para não o mandar ir a merda.

— O que você quer, Beauchamp? — Afunilei os olhos enquanto passava a língua pelas minhas presas pontiagudas.

— Já perguntei, mas vou repetir, parece que você vai ficando surdo com a passagem dos séculos: o que aconteceu no bar ontem? Parece que eu passo uma noite fora e você perde o controle da situação.

— Não perdi o controle de nada, ontem foi uma noite como qualquer outra. O bar estava cheio, mas não aconteceu nenhuma confusão. Os caçadores são espertos o bastante para ficarem longe daqui. Da última vez, não sobraram muitos para contar história.

— Não foi isso que me contaram.

— Como sempre, você prefere acreditar em boatos do que na palavra do seu irmão. — Cocei o queixo onde se acumulavam os pelos da minha barba, irritado.

— Disseram que veio uma humana diferente aqui no bar ontem, que nos atraía como se fossemos moscas. Você afastou todos e ficou com ela.

— Por acaso agora é um sacrilégio enfiar o meu pau onde eu bem entender? — provoquei-o, de saco cheio de todo aquele discurso controlador e metódico. — Ela era só uma mulher com um sangue saboroso. Talvez tivesse a ver com o fato de ela ser virgem.

— Você fodeu uma virgem no bar?

— No bar, não. Na minha cama. Ela consentiu e, até onde bem sei, não há nenhum crime nisso.

— Deveria ter tomado cuidado com alguém que provocou tanto alvoroço entre os vampiros.

— Você é ranzinza e se preocupa demais, Joshua.

— E você se preocupa de menos.

Vi o meu irmão dar as costas e guardei o livro de volta na estante. Não havia nada nele que me ajudasse a identificar o que aquela humana era.

Preferia evitar qualquer preocupação com o meu irmão, caso ele me visse fazendo aquela pesquisa. Apesar de ser o mais jovem de nós dois, ele sempre foi o mais metódico, talvez por isso eu o achasse tão chato na maior parte do tempo. Contudo, mesmo com os nossos desentendimentos, ele era o único que eu amava e a família que me restava, e estaria comigo pela eternidade.

Josh e eu não éramos exatamente irmãos de verdade. Cada um teve sua própria vida humana, família, porém, me recordava bem como se fosse ontem o dia que ele se juntou a nós.

Era uma noite fria de inverno e a neve caía lentamente sobre as ruas, quando me encontrei com o meu criador no meio da madrugada.

Eu já havia me transformado em vampiro há mais de cinquenta anos e aderia tão bem àquela vida como besta, que não me recordava que, em algum dia do meu passado, eu havia sido um humano.

O Bebê Proibido - Adaptation NoartWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu