Cap. 8

893 122 14
                                    

┗┉┉┄┉┉┓✸┏┉┉┄┉┉┛

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

┗┉┉┄┉┉┓✸┏┉┉┄┉┉┛

Mais semanas se passaram arrastadas e monótonas, a ida de Feyre deixou todos um tanto atordoados nos primeiros dias sem a Archeon mais nova na casa, Elain e o pai ainda tentavam assimilar tudo com lentidão e preocupação.

Nestha mantinha a face rígida e pose inabalável, sempre alerta e preparada para tudo. Alerta principalmente com qualquer sinal de perigo em relação a barreira e a possíveis feericos no território.

Não duvidava se ela já tivesse feito todo um plano de fuga e soubesse exatamente para onde ir caso o caos assolasse o mundo humano.

Pois eu e Nestha somos mais parecidas do que eu pensava. Enquanto a moça se empenhava em avaliar possíveis propriedades e esconderijos em terrenos que feericos jamais ousariam pisar, eu fazia minha detalhada e extensa pesquisa sobre a famosa madeira de Freixo.

Havia percorrido toda a maldita aldeia em busca de pelo menos uma lasquinha da tal material, porém não achei nem mesmo uma farpa.

— Irei partir por alguns dias. – apenas anunciei naquela manhã.

— O que? Para onde? – Nestha foi a primeira a se pronunciar enquanto depositava os talheres no prato.

Do outro lado da mesa balançando as curtas perninhas, Rebecca me lançou um olhar curioso e cheio de confusão.

— Soube que em Alredon existe um comerciante que negocia por um considerável valor mudas de árvore de Freixo, é nossa chance para nos protegermos...

Freiei minha frase estreitando meu olhar até Rebecca, ela não sabia da história de Feyre, não conseguia ouvir a palavra Feericos sem tremer da cabeça aos pés e lágrimas começarem a brotar junto a memórias.

Aquela que um dia tanto fantasiou com as criaturas mágicas e misteriosas agora as temia tanto quanto galinhas temem cachorros, todos sabiam disso ( ate mesmo os criados) e por conta disso a palavra " Feerico" era substituída por incontáveis outras, mas nada fácil o suficiente para a espertinha de Rebecca assimilar.

— Se proteger do que? – questionou minha irmã se inclinando na mesa.

— Da peste. – inventei rapidamente. — Soube que talvez logo tenha um grande inxame de insetos e é bom nos protegermos, um pouco de Freixo pode nos ajudar com isso... Sabe, insetos não gostam de Freixo.

A pequena engoliu a desculpa esfarrapada bem e logo deu de ombros voltando a comer distraidamente, Elain se inclinou para seu lado dobrando a manga do vestido amarelo de Becca e limpando o canto de sua boca com o guarda napo.

— Quantos dias? Posso ir com você se quiser e... – começou Nestha puxando minha atenção para si.

— Posso ir sozinha.

— Mas... – interveio novamente.

— Nestha. – murmurou o pai. — Deixe-a, se Ashley disse que pode ir sozinha está tudo bem, não é uma criança para a seguir para todo lado.

Vi as mãos de Nestha apertarem as dobras da toalha de mesa.

— Até Alredon não é mais que três ou quatro dias de viagens... Como choveu provavelmente quatro por conta das estradas cheias de lama. – continuou o mais velho. — Pegue nosso melhor cavalo... Ou uma carruagem se desejar.

Assenti confiante e agradecida.

— Rebecca se comporte. – pedi carinhosamente quando parei ao lado de sua cadeira e beijei sua testa. — Cuide bem dela. – sussurrei a Elain mesmo que soubesse que a faria. — Até alguns dias.

E assim me virei caminhando para fora do salão de jantar, não olhei para trás nem mesmo quando ouvi os barulhos dos saltos de Nestha atrás de mim.

— Não irei fugir se é o que está pensando. – brinquei enquanto me aproximava o cavalo negro que havia amarrado do lado de fora da propriedade.

Sabia que partiria de qualquer jeito, se o Sr. Archeon não tivesse oferecido o cavalo o roubaria, se fosse pega no flagra partiria nem que fosse a pé.

— Eu sei, não seria tola de partir sem Rebecca. – rebateu Nestha amargurada.

Peguei a rédea guiando o cavalo até perto de Nestha, o nome dele era Carvão.

Eu sei, não é um nome lá muito original.

— Por que me seguiu? Sei que não gosta de despedidas.

— É... Eu não sei também.

Silêncio reinou e Carvão bateu uma pata no chão indicando impaciência.

— Então... Tenho que ir.

Uma corrente de vento passou por nós balançando os cabelos castanhos-dourados de Nestha e os meus cachos rebeldes.

— Até logo Nestha, tente não sentir tanto minha falta. – brinquei suspirando enquanto largava a rédea de Carvão por alguns segundos apenas para segurar seu rosto com minhas duas mãos. — Não me olhe assim. – fiz um biquinho passando um dedo entre as sobrancelhas franzidas e outro no lábio comprimido. Com o gesto apenas fez a expressão se intensificar, porém o olhar não se desviou. — Eu te amo.

Aquela última fala, declaração, chocou ambas. A mim pela facilidade de a proferir e nem mesmo perceber que saiu de minha boca, era apenas um pensamento. E a Nestha por não esperar.

Um rubor subiu minhas bochechas e como já estava ali, selei meus lábios nos seus rapidamente me afastando desajeitada.

— ASHLEY! – gritou Nestha quando subi no cavalo rapidamente e bati as rédeas o fazendo começar a andar.

Ela enfim parecia ter saído de seu estado petrificado de tranze sem reação.

— Eu volto! Prometo. – gargalhei quando a vi erguer a barra do longo vestido se pondo a correr atrás de Carvão que já havia começado a galopar para os portões de ferro abertos da mansão.

Não olhei mais para trás, se olhasse iria querer me render aos encantos de Nestha e ficar. Não podia o fazer, conseguir mudas de Freixo era meu objetivo.

Cultivaria árvore de Freixo, quanto crescesse e tivesse o suficiente faria instrumentos de Freixo, se possível construiria até mesmo uma cabana inteira apenas dele.

Talvez apenas assim me sentisse realmente segura.

— Eu te amo Nes... – murmurei para mim mesma com um sorriso tímido nos lábios.

Podia ser que não devesse, mas apenas por aquele momento não me importei em tentar silenciar minha mente e os pensamentos que a invadiam. Não repudiei o coração acelerado pelo acontecimento de minutos atrás ou a queimação em minha face corada.

Não evitei sorrir e nem gargalhar.

Me perguntei se conseguiria lidar com tudo ao mesmo tempo, Nestha, Rebecca e os Feericos.

Talvez.

ASHLEY × acotar ×Where stories live. Discover now