|Capítulo 30|

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Isabella Walker

Me ajeito no assento e cruzo os braços sob o peito, ignorando os murmurinhos atrás de mim e os chamados de dois garotos que me convidaram para dar uma volta no estacionamento quando passei por eles para chegar ao meu lugar na arquibancada.

Fecho os olhos e respiro fundo. São só algumas horas. Vou ficar bem. Eu minto para mim mesmo. Tem sido assim nas últimas semanas. E acho que me tornei boa nisso. Nessa coisa de mentir.

Desde que meu irmão e Lili assumiram o namoro publicamente ela tem se sentado na primeira fila da arquibancada. Claro que Alicia e eu somos convidadas, mas não me sinto bem e, normalmente, Alicia prefere se sentar comigo, por mais que eu não venha conversando muito e a dando atenção.

Mas hoje Alicia decidiu se sentar com Lili lá na frente e por mais que eu minta que estou bem com isso, me sinto desconfortável aqui sozinha. Sinto como se todos os olhos desse estádio estivessem em mim e que todos eles me julgam.

John tem espalhado novas mentiras. Ele aproveitou o momento em que meu irmão assumiu o namoro para fazer isso, sabia que a atenção dele não estaria em mim tanto quanto antes. E funcionou.

Não converso com Peter a uma semana, desde que brigamos por telefone um dia a noite. Nunca ficamos mais do que algumas horas brigados e isso vem me torturando dia após dia, mas vai passar.

A arquibancada ao meu redor explode em palmas e assobios me tirando dos meus pensamentos. O nosso time está entrando em campo e, apesar de estarem de capacete, sei quem está comandando a fila, apesar de a faixa de capitão continuar com o goleiro.

Christopher ainda me manda mensagem todos os dias, ainda me liga e tenta conversar comigo apesar de tudo. Christopher sempre me pergunta se quero carona para ir aos jogos quando não são em nosso estádio e, apesar de nunca o responder, ele não desiste.

O arbitro apita o inicio do jogo e eu fixo meus olhos nele. É seu jogo de volta ao time e já carrega um peso enorme. Perderam dois jogos na semana passada. Se perderem hoje, estão eliminados deste campeonato. E eu sei que, se isso acontecer, ele vai se culpar, por mais que ele não tenha culpa alguma.

– Ei, gata. – alguém me cutuca no meio das costelas em algum momento do jogo e eu me viro na direção – Meu amigo pediu quanto você quer por 10 minutinhos. Por mais que eu ache que você não cobraria.

Engulo em seco e me viro para frente. Já passamos da metade do jogo, só mais um pouco, penso. Estamos perdendo, não posso ir embora. Ignoro o riso do garoto que me fez a pergunta e tento me concentrar no camisa 07 do nosso time, fazendo um lançamento para um companheiro.

Mas então eu volto a sentir aqueles dedos afundando nas minhas costas e, quando demoro alguns segundos para reagir, eles sobem para o meu cabelo enquanto o ouço me chamar.

Quando estou me virando para os mandar para a puta que os pariu, a arquibancada ao meu lado levanta em um pulo soltando gritos e xingamentos. Me viro rapidamente para frente a tempo de ver uma confusão começar em campo, algum jogador nosso está no chão enquanto o resto do time começa a brigar.

Subo em cima do banco apesar do perigo de ser empurrada e tento ver melhor. Os dois times inteiros, inclusive os reservas, estão brigando, o Treinador invadiu o campo e agora corre em direção a pessoa caída junto dos dois médicos que sempre ficam a beira do campo.

Reconheço meu irmão quando ele se abaixa ao lado do colega de time e tira o capacete, parece gritar com alguém, mas logo perco a visão com toda a confusão e a agitação da arquibancada.

– Ele não parece bem. – a garota ao meu lado fala para a amiga.

– Será que ele desmaiou? – pergunta a outra.

Para meu inimigo, com amorOnde histórias criam vida. Descubra agora