Capítulo 10.

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Três semanas se passaram e eu continuei convicta de que não olharia ou sequer falaria com Pedro, pois entendi que a distância seria o melhor para nós. Em nossa última discussão ele deixou claro, pela segunda vez, quem é a mulher que realmente têm seu coração. Talvez, no fundo, eu já soubesse que meu marido ama a Condessa mais do que a mim, apenas preferi continuar desacreditando nesta verdade. Se é que ele sente amor por mim. O "amor" que eu achei que ele sentia, na verdade, é uma mistura de gratidão com obrigação.
Eu tentei ignorar o que ele havia me dito assim que voltamos da viagem ao Norte, tentei ignorar seus olhares cheios de saudades para Luísa assim que ela cruzou as portas da Quinta, tentei ignorar o fato dele preferir estar em outra cama que não fosse a minha, tentei ignorar o fato da Condessa ter atraído não apenas Pedro, mas minhas filhas também. Vivemos momentos tão especiais durante a viagem, que eu, simplesmente, preferi ignorar tudo que estava em minha frente e fingir que éramos a família feliz de antes.

Eu precisava de algo que me fizesse apagar, de uma vez por todas, meus sentimentos por Pedro. Por mais doloroso que tenha sido ouvir de sua boca que ama outra mulher, foi necessário para que eu pudesse seguir minha vida "longe" dele. É praticamente impossível agir como se ele não existisse mais, mas eu tenho feito o máximo para permanecer distante dele. É como se eu tivesse perdido alguém que continua vivo. Não morreu, mas deixou de dividir a vida comigo. É triste pensar que a pessoa que eu mais amei e mais confiei em toda vida, agora, não passa de um desconhecido. Sim, um desconhecido, pois Pedro se tornou alguém totalmente diferente do homem que conheci ao chegar no Brasil e que me apaixonei. E eu já não consigo ignorar todas estas coisas que tanto me machucam, então optei por concentrar toda a minha atenção e energia em pessoas que, de fato, necessitam de mim.

Ele tentou, em várias situações, conversar comigo. Eu o ignorei. Fingi não notar sua presença, fingi não ouvir sua voz, não entender seus pedidos e negar sua importância. Três semanas sem nos falarmos e ele decide aparecer em meu quarto, de repente, com uma proposta totalmente descabida. Eu não sei porque aceitei sair de casa às 22h da noite para conversar no meio do nada, em frente a um riacho.
É claro que não é qualquer lugar, tampouco qualquer riacho. Este lugar pode ter muito significado para nós, mas tudo que aconteceu entre mim e Pedro neste cenário, ficou no passado. Todas as memórias que temos aqui, aconteceram no passado e nada pode mudar o que temos vivido no nosso presente.

Teresa: Você fala em lutar... -permaneci de costas para Pedro. -Lutar para que, Pedro? -senti meu coração apertar, pois para mim não havia sentido permanecer naquela insistência.

Pedro: Como para que, Teresa? Vocês são minha família! Você é minha esposa! -disse baixo, enquanto se aproximava de mim novamente.

Teresa: Sua esposa... -virei e o encarei. -Sou sua esposa, sua imperatriz, mãe dos seus filhos. Mas non sou tua mulher! Eu sou o seu acordo entre reinos, Pedro. -continuei olhando em seus olhos e percebi que algumas lágrimas haviam escorrido em seu rosto, mas não me abalei por elas.

Pedro: É claro que és minha mulher, Teresa! -passou os dedos em minha bochecha. -Você é... dane-se o acordo entre reinos! Ele não importa, nunca importou. Você é muito mais importante do que qualquer acordo entre nossos reinos. -me puxou para junto de si.

Teresa: Non faças isto comigo, per favore! -fechei os olhos e tentei não chorar. -Non implores o meu perdão e non me trates como sua, porque sei que estás mentindo!

Pedro: Eu preciso lhe dizer, Teresa. -retirou os fios de cabelo que estavam em meu rosto. -Você é minha mulher, a mulher que eu amo!

Teresa: Você não me ama! -finalmente abri os olhos e disse firme. -A mulher que amas se chama Luísa de Barros e você mesmo me disse isso, duas vezes. -segurei em seu rosto com as duas mãos. -Você só está aqui porque não consegue mais conviver com a culpa. As consequências dos seus atos estão lhe corroendo junto com a vergonha de ter deixado que nossas filhas vissem o que você fez! -tirei as mãos de seu rosto depois de despejar todas àquelas verdades.

Sinestesia - Pedresa Where stories live. Discover now