Capítulo 16 - Damian

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Eles ficaram na cozinha por meia hora, pelo menos, juntando todas as evidências e pistas que podiam da cena do crime, apesar do cheiro terrível que emanava dos dois corpos e dos vermes que já se espalhavam aos montes pelos dois cadáveres. Damian sabia que aqueles corpos estavam ali há apenas uma semana, no máximo, como Lena apontou no segundo em que eles se recuperaram o suficiente para falar.

Era quase insuportável olhar para aquela cena sabendo que Charis tinha alguma culpa. Damian simplesmente sabia que aquilo era coisa de seu avô, só podia ser. Por que alguém de fora mataria os dois empregados da casa e levaria Charis sem que ninguém mais soubesse, afinal?

Não, aquilo era parte do plano de Charis. E Damian precisava entender qual era ao tipo de jogo que eles estavam jogando ali.

— Dami. — Chamara Lena à certa altura, agachada ao lado do corpo de Miranda, a bruxa que Damian mandara para cuidar da casa e não permitir que Charis escapasse. — Olhe para isso.

A voz dela estava tensa, por isso Damian se aproximou rapidamente, olhando para a direção que Lena apontava: o abdômen de Miranda estava cortado irregularmente no baixo ventre. Não era possível ver muita coisa com a putrefação da carne e os vermes se movendo, mas Damian estava quase cem por cento certo de que era aquilo que estava vendo.

Algo muito familiar.

— O assassinato de Mariane Nikonos. — Ele murmurou, sentindo as costas enrijecendo. Adra se virou para eles, assim como Theo, ao ouvirem aquilo. — É quase igual. Pelo menos pelo que sabemos até agora.

— Charis pode estar ligado ao assassinato dela. — Disse Lena baixinho e Adra franziu a testa.

— Mas com que propósito? — Ela perguntou em voz alta. — Quero dizer, ela era uma bruxa do Átropo, Charis certamente não daria atenção para alguém que ele considerasse tão desimportante.

— Mas se esses assassinatos se espalharem, Damian pode ter problemas com o Coven Geral. — Lena apontou e Adra piscou, parecendo desorientada por um segundo, então assentiu, comprimindo os lábios em uma linha fina de irritação.

Damian mordeu o lábio, mas não falou nada sobre o assunto, sabendo que acabaria por irritar Adra se começasse a explicar aquilo para ela naquele momento. Ela ainda era, ao que parecia, uma das criaturas mais orgulhosas que ele jamais tivera a honra de conhecer. Ele se afastou dos corpos e disse em tom de comando:

— Vamos voltar para Agraés e falar com Paris. Acho que é melhor ficarmos na cidade por essa noite, também, nos dá mais tempo para conversar com ele e pensar sobre tudo o que aconteceu.

— E o que vai acontecer com eles? — Perguntou Theo, olhando para os dois corpos com a testa franzida.

— Eu vou mandar alguns integrantes da Fengári da cidade mais próxima passarem por aqui e limparem tudo. — Damian hesitou e então acrescentou: — Lena, descubra se eles tinham família e, se for o caso, eu vou falar com eles. Separe uma pensão para eles por conta da Fengári se a família não tiver outra fonte de renda.

Lena apenas assentiu e, rápido como aquilo, eles saíram ali, todos assombrados pelo cheiro e visão daquelas duas pessoas. A viagem de volta para Agraés foi silenciosa como um túmulo com a tensão e os pensamentos em polvorosa de todos, então não demorou para que todos eles conseguissem reservar um hotel para a noite, deixando Adra e Theo ali, uma vez que se certificaram de que ninguém pudesse reconhecê-los.

Lena e Damian, no entanto, encaminharam-se para a Central da Guarda assim que saíram do hotel, ambos prontos para usar de quaisquer meios necessários para conseguirem as informações sobre os assassinatos do último mês.

Todos os Demônios do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora