Capítulo 59 - Adra

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Assim que saíram da cela de Athanasius ignorando terminantemente os gritos de acusações e ofensas dele, que estavam completamente abafados e quase ininteligíveis com a porta de metal fechada, Adra e Damian se entreolharam gravemente, sabendo o que deveriam fazer a seguir, embora ela pudesse ver o nervosismo brilhando nos olhos pretos de Damian como duas estrelas.

Ela estendeu a mão para ele, fazendo carinho na bochecha áspera pelo começo de uma barba, e se aproximou o suficiente para que pudesse sentir o calor do corpo dele contra o seu, mas ainda não se tocassem completamente.

— O que você não está me falando? — Perguntou ela, procurando por aqueles segredos no rosto de Damian, que sorriu, soltando uma risada resignada ao deitar o rosto na mão dela, mantendo-a ali.

Damian fechou os olhos, pensando sobre como falar o que ele estava guardando para si, provavelmente sabendo que Adra iria refutar aquilo sem nenhum problema. Ele sorriu de novo, como se soubesse exatamente o que ela estava pensando e virou o rosto para beijar a palma da mão dela e então responder:

— Eu só estou me punindo mentalmente por não ter percebido nada de estranho no comportamento de Alexis quando ele começou a ser manipulado por Athanasius. — Disse ele e, antes que Adra pudesse falar qualquer coisa sobre o assunto, ele também acrescentou: — E eu sei que eu não tenho culpa por não notar e que a Katártia é realmente algo silencioso e tudo o mais, eu só... eu só preciso de um tempo para processar tudo. Hoje, ouvindo o testemunho de Alexis, esse pensamento de que eu deveria saber me atingiu em cheio e eu ainda estou digerindo tudo.

Adra suspirou profundamente, odiando o fato de que Damian sabia sobre todos os argumentos dela e agora ela estava se sentindo um tanto impotente sobre todos aqueles sentimentos que Damian estivera remoendo, mas sabia que não havia muito mais a se acrescentar em relação a isso e que pressionar um assunto como esse não seria uma boa ideia, por isso ela concordou com a cabeça e disse:

— Tudo bem, eu entendo. — Ela se aproximou um pouco mais e o beijou. Damian segurou a nuca dela com firmeza então, mas Adra se separou dele mesmo assim para olhar nos olhos pretos assim como a escuridão que ela amava. — Apenas me fale se eu puder ajudar de alguma forma.

— Eu posso pensar em algumas formas que você pode acabar me ajudando. — Disse Damian, empurrando ela para a parede de pedra bege da prisão.

Adra sorriu ao ver a malícia brilhando nos olhos de Damian, ao sentir seu corpo se acendendo com a familiaridade elétrica que ele trazia. Mesmo depois do que parecia uma eternidade juntos, ele ainda provocava nela o mesmo sentimento incômodo e estranhamente prazeroso ao mesmo tempo de que seu coração estava exposto apenas para que ele estendesse a mão e pegasse. Era como toque em carne viva, eletrizante e arrepiante, sendo isso tão bom quanto era ruim.

— Eu sei o que você está pensando. — Disse Adra quando sentiu a respiração de Damian em seu pescoço, notando o coração acelerado dele através das roupas ao colocar a mão ali. Ela perdeu o fôlego por um segundo quando sentiu os cálidos lábios dele na pele sensível da junção do pescoço e do ombro. — Mas nós realmente precisamos continuar o que viemos até aqui para fazer.

— Só um beijo. — Damian tentou argumentar, a respiração quente dele distraindo Adra de toda a sua objetividade e ela se sentia um tanto tonta de desejo. — Que mal pode fazer?

Adra riu um pouco, sem ar com a sugestão dele, com as imagens que a voz rouca de Damian evocavam com uma facilidade que apenas os demônios da luxúria conseguiriam ter. Ela usou a mão que estava sobre o peito dele para empurrá-lo ligeiramente e Damian, para o desprazer e a satisfação dela, se afastou para que ela pudesse passar.

— Você pode me dar quantos beijos quiser mais tarde, quando todas essas questões estiverem resolvidas. — Ela decretou, olhando por cima do ombro com um sorriso. — Onde quiser.

Todos os Demônios do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora