Todos os Demônios do Inferno

Capítulo 38 - Adra

— Ugh, eu deveria ter trazido uma camiseta um pouco mais quente. Vou passar frio quando for embora. — Disse Lena, estremecendo com o vento gelado que a chuva estava trazendo para dentro do Kástros que, com suas paredes de pedra, fazia pouca coisa para manter algum calor dentro de suas paredes.

Adra olhou para a amiga com simpatia e um sorriso mínimo, divertido.

— Se você quiser, eu posso tentar arrumar alguma coisa para você vestir. — Ela ofereceu, mas Lena negou com a cabeça, parecendo divertida ao olhar em volta do escritório.

— Nah, não acho que você tenha alguma coisa que me sirva. — Ela falou enquanto explorava cada canto com interesse.

Com seu trabalho para a Fengári, Lena não tivera tempo para visitá-los no Kástros enquanto Adra se estabelecia e Damian se mudava, deixando finalmente a Casa Kolasi vaza depois de tantos anos, o que era um alívio para ele, considerando o quanto Damian sofrera dentro daquelas paredes.

— Damian têm algumas roupas do seu tamanho... e muito mais parecidas com o seu estilo. — Adra disse e deu de ombros quando Lena voltou a negar, ainda sorrindo e explorando a sala.

Adra permaneceu sentada em uma das poltronas a frente de sua escrivaninha, sem vontade alguma de sentar em seu próprio lugar, onde trabalhara todos os dias da última semana. Em vez disso, ela se deixou deslizar até ficar meio deitada na poltrona, a nuca apoiada no escosto e os olhos dela no teto.

— O que você acha que aconteceu entre Sebastien e Astaroth? — Peruntou Lena, preenchendo o silêncio com a pergunta pensativa.

Adra deu de ombros de novo.

— Quem pode saber? — Ela respondeu e então acrescentou: — Mas eu seria capaz de apostar que essa tensão insuportável entre eles finalmente deu em alguma coisa.

— Tomara, porque até eu já estava subindo pelas paredes com o grau de sentimentos suprimidos entre eles. — Foi a observação de Lena, que fez ambas rirem baixinho até que algo pegou a atenção de Lena. — Você está falando com Thalassa de novo?

Seus amigos, Adra já deveria saber, eram encheridos demais. Ajeitando-se na poltrona, ela olhou para a carta de Thalassa, que ainda estava jogada sobre sua mesa, lacrada e selada.

— Não, essa é a primeira carta dela desde que nós conversamos pela última vez. — Adra ignorou o ar preocupado que o rosto de Lena assumiu, estendendo-se para pegar a maldita carta. — Eu não sei porque ela iniciou esse contato e nem sei se vou abrir.

— Ela não me falou nada nas últimas cartas que mandou. — Lena observou pensativamente, pegando Adra de surpresa.

— Você fala com Thalassa? — Ela perguntou antes que pudesse conter o próprio choque.

Lena, sorrindo um pouco com uma pequena careta, assentiu enquanto se sentava na poltrona do lado oposto de Adra. Ela suspirou, passando a mão pelos cabelos longos, revelando o undercut lateral que tinha.

— Eu e ela tivemos um relacionamento depois que você... — Lena fez um gesto com a mão, parecendo perturbada com a possibilidade de falar sobre a morte de Adra em voz alta, e, sorrindo suavemente, ela apenas assentiu, deixando que a amiga continuasse a contar: — Nós começamos a nos ver com mais frequência porque no primeiro ano, Damian mantinha o contato por cartas no mínimo possível. Com Charis declarando que não iria desistir de nos atingir e as coisas com Theo, eu acho que ele ficou um pouco paranoico na época e... bem, eu servi de mensageira entre ele e Thalassa durante aquele tempo.

— Mas você já estava interessada nela antes. — Observou Adra, lembrando-se do dia em que acharam a mala de penas de Theo dentro do Labirinto. — Eu me lembro um pouco sobre isso.