Capítulo 3

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{Primrose}

Caminhei com Lis pelo salão até meu pai. Durante o caminho ela me contou um pouco das coisas que havia feito, além disso, começou a apontar para alguns feéricos contando de onde eram, e algumas coisas sobre eles, de vez em quando soltava alguns "podres" dos mesmos.

Alguns nos paravam para falar com Lis, eu já estava acostumada com isso. Eles pediam orações a Grã-Sacerdotisa, para a família e até amantes, as quais ela respondia educadamente.

- Primrose? - meu pai chamou ao se aproximar de nós, seu olhar era sério e um pouco preocupado - Onde estava? Procurei por você. Não estava com Lis.

- Desculpe, pai - respondi baixo para ele, abri minha boca para falar novamente - Eu-

- Ela só estava tomando um ar na varanda - Lis explicou, antes que eu pudesse - Está tudo bem, Tamlin, só ouvi elogios da Primrose durante a noite.

- Certo - meu pai disse mais leve, depois de pensar um pouco e encarar nós duas - Podia ter me avisado

Assenti levemente com a cabeça. Havia deixado ele preocupado em uma noite importante, e havia mentido. Podia ter acontecido algo.

Senti um pouco de culpa cair sobre mim.

- Eu ia te chamar para tocar violino - ele disse, voltando a recuperar um pouco de seu bom humor - Você pensou sobre isso, Prim?

O violino. Honestamente não havia pensado nisso durante a noite toda, além do mais, achei que ele também esqueceria, no fundo torcia para isso.

Música era algo meu. Meu e da minha mãe, era íntimo.

Gostava de ir até a sala de música sozinha, de vez em quando chamava meu pai para mostrar alguma partitura nova que havia aprendido, mas apenas isso.

- Sobre isso... - comecei, ainda discutindo comigo mesma em minha própria cabeça sobre tocar ou não

No entanto, antes que pudesse completar, Lis me cortou novamente.

- Vai tocar violino hoje? - ela perguntou, com sua voz suave - Isso é adorável. Todos vão gostar.

Os olhares dos dois fixos em mim me fizeram perceber que ficariam com certeza decepcionados se eu não tocasse. Poderia ser uma boa ideia, meu pai podia ficar feliz.

- Acho que tudo bem - murmurei, assentindo

Ele sorriu sem mostrar os dentes, sincero.

- Tudo bem - ele me esticou o braço, e eu aceitei - Vamos

Ele me levou em direção aos músicos. Sorri um pouco para eles e eles retribuíram. Meu pai me entregou meu violino, então eu disse a alguns dos músicos:

- Espero que não se incomodem - sorri, um pouco apreensiva

- Claro que não, senhora - um deles me respondeu, sorrindo fraco

Com isso, finalmente me virei para posicionar o violino e eles pararam de tocar me esperando. Os feéricos pararam de dançar, se viraram em minha direção procurando a razão pela falta de música.

Eles começaram a falar mais e mais baixo. Até virarem apenas murmúrios,

Comecei tocando algo lento. E então, silencio total dos convidados e dos músicos.

Fechei meus olhos. Com a lateral do rosto apoiada no violino ouvindo minha própria melodia, eu sumi daquele lugar.

Abri os olhos novamente.

Eu estava na sala de música.

Minha mãe estava sentada em um banquinho enquanto tocava uma música lenta no piano, cantarolando de vez em quando. Seus cachos escuros estavam presos em um coque, revelando as orelhas redondas, as quais sempre achei engraçadinhas.

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang