Capítulo 14

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{Primrose}

Ninguém tinha me acordado. Não me importei em ir atrás de alguém também. Sabia que era cedo, extremamente cedo. Me sentei perto da janela e acompanhei os primeiros raios de Sol da manhã aparecerem. E havia sido lindo.

Passei o dedo pelo meu colar que já estava preso em meu pescoço desde a noite anterior. Lembrei-me da conversa que tive com Amélia, e ela estava certa. O colar havia voltado para mim, mas não da forma que eu esperava, e com certeza, não da forma que eu queria. Mas estava aliviada por ter recuperado-o. Aquela sensação de conforto no peito, que aquele colar me transmitia, era algo que eu não saberia explicar se precisasse.

Suspirando, decidi trançar meu cabelo, após ver como ele havia acordado fora do lugar. Não sabia como ajeita-lo melhor. Costumava ser difícil arrumar meu cabelo quando ele estava assim. Lis uma vez me sugeriu para que eu o alisasse, o que eu preferi recusar. Apesar de não estar perfeito todos os dias, e nem ser fácil de ajeitar, eu gostava de como ele era.

Quando terminei, inspirei fundo e soltei. A conversa com o Herdeiro da Corte Noturna voltou à minha mente.

"Se não se importa de verdade com o que se passa por nossa mente, vai se sentar conosco. E não ficar se escondendo. Isso apenas mostra o quão preocupada está com o que achamos de você."

Lembro-me de ainda ficar alguns segundos encarando o corredor completamente vazio e silencioso na noite anterior. E depois de fechar a porta, ficar cabisbaixa, por perceber que por um lado, ele tinha razão.

A reunião já chegaria, e meu pai também. E em breve, eu voltaria para casa. Não valia a pena eu ficar ali, não quando eu demorei tanto para conseguir ir. E para convencer meu pai. Não quando eu esperei tanto por conhecer algo novo, e finalmente tinha tudo aquilo bem perto de mim.

Me levantei e coloquei minha mão no vidro da janela que estava fechado. Foi quando eu ouvi algo em minha mente, como se alguém estivesse falando comigo. A voz me surpreendeu por um momento, me fazendo virar para trás, como se alguém estivesse ali.

"Esse lugar é muito lindo para você ficar trancada ai"

Olhei para a janela mais uma vez, antes de ir em direção ao guarda-roupa e colocar um vestido simples, verde claro. Ele era confortável, tinha uma saia não muito longa.

Sai do quarto com passos sorrateiros, e silencioso. Estava muito cedo, acreditava que a maioria estava dormindo. Segui adiante no corredor, e cruzei com uma criada ou outra.

— Bom dia - eu disse, sorrindo para uma delas. Ela se virou, um pouco assustada. Tinha um cesto de roupas nas mãos. Seu olhar relaxou um pouco quando ela me encarou com atenção, e vi ela sorrindo de volta. — Se importaria se eu fosse até o jardim? - perguntei, juntando as mãos na frente do corpo, apreensiva

— Claro que não, senhorita. - ela disse, ajeitando o cesto nas mãos — Fique a vontade - ela indicou a direção do jardim com a cabeça, apesar de eu já saber onde era, agradeci sua intenção de ajudar — Precisa de algo?

Neguei com a cabeça, dizendo que estava bem, e me despedi brevemente. Continuei caminhando até o jardim. A brisa do início da manhã estava um pouco gelada. Mas não me incomodei. Os raios de Sol já começariam a me aquecer.

Caminhei pelo jardim, quando estava junto de Aurora não me dei conta de seu tamanho. Ele era na verdade, bem grande. E parecia que só ia crescer mais. Passei pelo lírio que eu havia feito desabrochar, e passei os dedos delicadamente por suas pétalas.

Um barulho me fez olhar para longe, alguma agitação na grama. Pareciam passos, mas muito mais pesados. Comecei a segui-los. E depois de um bom tempo andando, o que eu encontrei fez meus lábios abrirem um pouco. Pégasos. Eu sorri, encantada. Me aproximei lentamente, com medo deles irem para longe.

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Where stories live. Discover now