Capítulo 11

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Correr e não olhar para trás, era nisso que eu me concentrava.

Me encontrei em um labirinto de espinhos. Sentia como se alguém estivesse me seguindo, e a única coisa que eu fazia era correr. Não sabia quem me seguia nem o porquê. Apenas sabia que corria sem parar. Em alguns momentos senti vontade de me virar para encará-lo, mas continuava. Algo me dizia que estaria tudo bem se eu parasse, mas a sensação de um aperto em meu estômago fazia com que eu continuasse a correr.

Acordei assustada, suando frio. Não identificando se era um sonho ou um pesadelo. Coloquei a mão em meu pescoço. A sensação de vazio ali me incomodava e ao mesmo tempo me magoava intensamente. Eu havia perdido o colar. O colar que era de minha mãe. Era a única coisa que eu tinha para usar dela, e consegui perde-la.

Tive quase certeza de que havia perdido na floresta, talvez no cavalo, ou correndo atrás de Fenris. Pedi ajuda de Jasper para procurar, e de Fenris também. Não encontrei. E não tive coragem de dizer ao meu pai que havia perdido, além disso, ele ainda não tinha notado.

A Corte Outonal havia ido embora poucos dias atrás. Ficaram apenas mais três dias. Mas haviam sido três dias relativamente calmos e até mesmo um pouco intrigantes. Foi interessante vê-los de outra forma. Foi até um pouco confortante.

Eris continuava um macho silencioso, e reservado, mas parecia certamente um pouco mais despreocupado. Leanna surpreendentemente se mostrou um pouco mais falante, ela contou bastante sobre seu antigo lar, e sua família, suas irmãs. Gostei de escutá-la contar sobre sua antiga Corte. Mas tudo que dizia ainda parecia um pouco tenso. Havia captado alguns momentos dela em que ela havia sido ela mesma, e foi agradável. Ela andou todos os dias perfeitamente bem arrumada, de forma até formal demais, com a mesma expressão controlada na maioria dos momentos.

Alev e eu nos demos bem. E notei que no final do dia, nos sentimos menos estranhos na presença um do outro. Mas, nenhum deles parecia estar totalmente relaxado durante todo o tempo. Era como se sempre sentissem que estavam sendo observados.

Porém, quando foram embora, meu pai pareceu um pouco mais agitado e recluso. Passei a notar de fato, quando ele começou a não aparecer para me acompanhar no jantar. Era algo que costumávamos fazer sempre. Ele pediu que servissem seu jantar no escritório, alegando estar ocupado.

Saía da biblioteca passando pelo corredor com um livro em mãos, planejando lê-lo provavelmente em meu quarto, quando ouvi vindo de seu escritório alguns barulhos, vozes e conversas. Parei encarando a porta. Sentindo-me curiosa, a ponto de ter vontade de colocar o ouvido nela com o intuito de escutar algo.

Me aproximei lentamente da porta, mas no mesmo momento, ouvi o barulho da maçaneta começando a ser virada. Rapidamente me distanciei dali. Fiquei alguns bons passos distantes, e encarei os machos saírem de lá, eram poucos, e eu os reconhecia. Claro, os via quase todos os dias. Eram alguns sentinelas que meu pai confiava bastante. Vi o pai de Jasper passar e ele fez uma reverência rápida para mim mesmo distante, a qual eu respondi rapidamente.

Ouvi alguns passos atrás de mim, e me virei rapidamente, era Jasper. Seu pai inclinou subitamente a cabeça para ele, indicando que ele o acompanhasse. O macho mais velho se virou, sabendo que o filho o seguiria. Pensei rápido. Quando Jasper foi passar por mim, propositalmente, trombei com ele.

— Ei - o chamei baixo, com receio de alguém ali escutar o que eu perguntaria — Algo está acontecendo? - perguntei, franzindo as sobrancelhas

— Não - ele respondeu rápido, franzindo a testa — Nada importante, nada que precise se preocupar - ele completou baixo, e sério

— Oh, certo - assenti, apertando meu livro contra meu estômago

Percebi que ele começou a encarar atrás de mim, depois intercalou o olhar entre eu e a pessoa atrás. Ele ergueu as sobrancelhas indicando que eu deveria olhar. Virei de forma quase imperceptível meu rosto. Era meu pai parado bem em frente a porta do escritório, com o rosto neutro, e os braços cruzados na frente do corpo.

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Where stories live. Discover now