[XIII] Canis domesticus

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[😈]

— Às vezes ele parece um agente de uma empresa de inteligência secreta.

— Mas ele não tem inteligência nenhuma — Jimin retrucou de boca cheia enquanto comia seu hambúrguer na maca da enfermaria.

O olhei incrédulo, afinal, estávamos falando do seu melhor amigo. Ele deu de ombros.

— Eu falo mal de você assim também, relaxa — me lançou uma piscadela sem-vergonha, rolei meus olhos em resposta.

— Seu pai vai matar a gente quando souber que estamos aqui — comentei.

O loiro deu de ombros novamente e voltou a morder seu lanche. Estávamos na enfermaria desde o final do recreio, quando ele machucou as mãos na sala do clube de box, também foi quando decidimos matar o resto das aulas para ficar jogando conversa fora.

— Meus pais te adoram, deixa de ser medroso — disse ele, ajeitando-se no acolchoado. Recostou as costas na parede, esticou as pernas e as colocou sobre o meu colo. — Estão doendo — choramingou, apontando para os pés pequenos.

Ele costumava choramingar manhoso quando queria as coisas, então, já sabendo que o baixote conseguiria de qualquer jeito, comecei uma massagem leve em seu pé, enquanto o observava em silêncio e abria uma brecha inconscientemente para os pensamentos intrusivos e medíocres que sempre preenchiam minha mente.

Sim, era verdade, os pais dele me adoram e eu sou medroso, mas por quê? Tudo isso porque depois de algum tempo aqui eu descobri a necessidade de aprovação alheia? Ou será porquê a ideia de que pessoas comuns, pais comuns, podem gostar de mim sem ter essa obrigação?

Meu pai não gosta de mim mesmo tendo essa obrigação. Talvez só porque odeie ser mandado ou porque realmente me repudia como ser vivo.

Em algum momento da minha vida, qualquer que fosse, eu conseguiria ser um bom filho? Eu poderia merecer um bom pai?

Me pergunto se seria capaz de ter o que Jimin e Derek têm.

— Por que está me olhando assim? O que foi? — ele me questionou ao notar que o encarei, talvez, por tempo demais.

Você sabe o quão apaixonado por você eu estou?

— Eu acho que a gente deveria namorar — sugeri, abandonando as perguntas sem respostas na minha cabeça. Lancei uma piscadela para o loiro, que riu alto.

— Não viaja, Jeon.

— E de quê adianta você me rejeitar agora, se a gente vai namorar no futuro de qualquer modo? — Perguntei, com as sobrancelhas arqueadas em sua direção e vi ele revirar os olhos, com seu sorriso bonito no rosto.

— Você é tão sonhador — disse, gargalhando ainda mais.

— Está mais para realista, mas se prefere assim, não vou julgar.

— Vamos namorar no futuro, mas antes nós devíamos pelo menos agir como quase-namorados.

— Eu te alimento todos os dias e te deixo em casa depois da aula, como isso não é agir como quase-namorados? — questionei de cenho franzido.

Ele soltou mais uma de suas risadas gostosas, mas cobriu o sorriso com a palma da mão enquanto jogava a cabeça para trás.

— Você é tão... você. Só estou dizendo que nós nunca tivemos um primeiro encontro, que tipo de casal nunca teve um primeiro encontro? — respondeu com uma nova questão, me fazendo franzir o nariz com um bico nos lábios.

Endireitei minha postura, limpei a garganta e pus uma careta séria no rosto.

— Então, você quer sair comigo, Park? — perguntei, o olhando com os olhos semicerrados, tentando ser sedutor.

Garoto infernal • jjk + pjmWhere stories live. Discover now