[VII] Memórias

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PARK JIMIN

Eu gostava brincar de jogo da memória quando era criança. Era meu único jeito de passar o tempo no orfanato. Várias cartas viradas para baixo e em fileiras. Cada uma tinha um desenho. Virava uma, olhava e então virava de volta. Depois eu deveria lembrar onde estava cada par.

Minha memória sempre foi excelente.

Quando eu tinha seis anos, minha mãe me perdeu em um parque de diversões. Mas eu não me lembro de muita coisa, exceto que em um minuto eu estava no carrossel, e no outro ela já não estava mais lá.

Estava chovendo, eu adorava a chuva.

Eu não lembro como a encontrei, mas lembro que Taemin me ajudou, nós nos conhecemos naquele dia. Eu não lembro como cheguei em casa. Tudo que me lembro é o que aconteceu depois de ter encontrado ela jogada em uma poça de sangue perto da barraca de algodão doce. Taemin me abraçou e disse para eu não me preocupar, ele me disse que tudo ficaria bem, disse que era hora de jogar o jogo do silêncio, então eu sabia que não deveria perguntar nada. Ou talvez eu deveria ter dito a ela: "mamãe, eu gosto do algodão doce de cor rosa".

Eu amava tanto aquele parque, deixá-lo para trás me matou.

Engraçado, não é? O jeito como a nossa memória funciona, as coisas que você mal lembra e aquelas que nunca consegue esquecer.

Tudo era lume quando a sua e a minha boca repartiram a aurora azul de um novo encontro, suas mãos massageavam com ternura parte de minha cintura por cima do tecido fino que me cobria o corpo, e minha alegria balbuciava os gritos das corujas alegres nos troncos de suas árvores. Sendo observados pela lua em um tempo tão eterno, seu corpo em meu corpo me trazia sentimentos de primavera mesmo que tudo ao nosso redor congelasse pelo frio de inverno. Abaixo de nós, as flores rompiam as pedras. Jungkook e eu, pássaros errantes, repousamos no destino de um despertar de memórias que floresciam e voavam das cinzas em minha mente.

De tua floresta vinha o cheiro que me levava a brincar com seus fios grandes e castanhos. Sou bicho do mato buscando refúgio em tuas estranhas. Sou menino levado brincando no rio de prazer que seus beijos criam na véspera da luz que seu corpo acendia em minha treva, enquanto desfrutávamos da companhia um do outro, juntos — mais uma vez — naquela pedreira vazia e silenciosa.

— Você não disse que viríamos aqui para ficar aos beijos no chão — murmurou ele, com a voz melodiosa, quando nos afastamos pelo ar que fez escasso em nossos pulmões.

— Se manca, foi você que me agarrou — provoquei, rindo de sua expressão incrédula. — Vou pegar uma coisa.

Jungkook assentiu e eu levantei, caminhando até o carro, que estava estacionado na estrada de terra, para pegar uma garrafa de vinho que havia trago da balada. Depois de pegar, voltei para o chão de pedra onde estávamos e me sentei ao lado do moreno novamente. Sorrindo ao mostrar o que tinha em mãos.

— Gosta de vinho, não é? — questionei, entregando a garrafa para que ele abrisse. — Comprei com o seu cartão.

Ele sorriu, balançando a cabeça lentamente e tirando a garrafa de minhas mãos, ao abrir, me ofereceu o primeiro gole e eu aceitei, saboreando a bebida de gosto forte que me traria dores de cabeça pela manhã.

— Por que pergunta tanto sobre meu temperamento?

— Curiosidade — esclareceu, e pegou a garrafa de minhas mãos para beber. — Vai me responder depois de alguns goles disso aí?

Garoto infernal • jjk + pjmWhere stories live. Discover now