Garoto infernal • jjk + pjm

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"Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente, esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gênesis 3:15)

Deus declara: "Porei inimizade". Esta inimizade não é natural. Não existe inimizade natural entre o homem pecador e o originador do pecado. Ambos se tornaram maus por consequência da apostasia. Por esta razão, os anjos caídos e os homens maus se unem em desesperado companheirismo.

É a graça que Cristo implanta na alma que cria, no homem, inimizade contra Satanás. Odeio humanos porque nasci para ser assim, não é como se eu tivesse escolha.

Por entre as sombras da grande curva do tempo, uma semana se passou, sem embargos. Na bela manhã de sábado, das vísceras do tempo nasceu o sol colorido. E as catraias cheias de esperanças vêm como cisnes singrando o longo rio do menino loirinho. Que, com inefável desejo, foi colher seus "frutos", rosas e mais rosas.

Utopia e liberdade.

Aéreo burlesco, menino no quintal de casa. Que do tempo retirou as vísceras e plantou nas estrelas: rosas e mais rosas. Da nostalgia fez suas asas, quando corria rápido na esperança de, um dia, levantar voo. Do amor sua canção, ao tempo em que cantarolava suaves melodias para suas flores joviais. De estrelas caídas e lírios amarelos, ele lançou ao mar do Lácio as catraias dos sonhos — de que algum dia voará e verá seu jardim florescer. Florescer em memórias.

— Jimin, você vai sujar toda a sua roupa desse jeito, filho — a mãe do loiro o repreendeu, observando-o sentado no chão enquanto cuidava de algumas plantas.

— Eu posso lavar depois — ele respondeu simplista, com o tom suave, ainda sentado e rindo junto de sua pequena criatura banguela.

— Ele é sempre assim. Adora sorrir e conversar com coisas que não falam — ela voltou a falar, dessa vez com o tom direcionado a mim, sorrindo minimamente.

— Gosto quando ele sorri — comentei, a ajudando a regar as rosas do jardim defronte a casa.

— Gosto que você goste dele — proferiu, me fazendo sorrir. — Acho que são ótimos juntos.

— A senhora sabe, não é?

— Mães sempre sabem dessas coisas, querido. Estou apenas esperando ele se sentir pronto para me contar e então eu irei fingir surpresa e lembrá-lo do quando eu o amo.

— Os pais também costumam saber? — questionei, curioso.

Toda a minha vida foi moldada envolta do rei (im)perfeito que eu deveria me tornar um dia, então nunca houveram brechas para que os outros prestassem atenção no que eu realmente queria me tornar. Meu pai costumava dizer que sentir-se reprimido fazia parte do processo de formação, e eu nunca cheguei a perguntar sobre a minha figura materna. Se as mães sempre sabem, quer dizer que meu pai não tem culpa em nunca notar as coisas pequenas em mim, não?

— Eles são mais tapados — comentou, risonha. — Pode ir descansar, querido. Eu termino isso aqui.

Sem me opor, eu assenti e andei até a varanda. Me sentei sobre o último dos três degraus e passei a observar Jimin se rolar pela grama junto de sua irmã. Estavam felizes, ou pelo menos pareciam estar. Pouco tempo se passou até que a mais velha terminasse de cuidar do jardim e chamasse os dois para entrar. Ela entrou primeiro, levando a pequena humana para dentro junto de si. Mas o loiro continuou do lado de fora, sentado no chão enquanto admirava uma rosa quase morta no canto do jardim.