[XVI] Adão e Eva

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[👿]

[NARRADOR POV]

Às vezes construímos algo apenas para destruir. Fazemos isso em um lugar ruim, com materiais ruins e aí vemos desabar de modo ruim.

Sentimos isso caindo e não podemos salvar nada, nem nós mesmos.

Yoongi não podia salvar a todos desta vez nem mesmo se tentasse para sempre.

O mundo é um lugar horrível e cheio de pessoas cruéis. Um verdadeiro show de horrores.

Mas, seu amor tem ossos frios, se esconde como um fantasma e Yoongi ainda o procurava em todos os lugares mais altos, mas o fantasma ainda está preso naquela noite.

Há muita dor nesse mundo também, você sabe.

O garoto não era capaz de deixá-lo ir. Jeon deveria confiar em seu irmão, Yoongi conhecia o sofrimento e tentou salvá-los, mas apenas afundou mais à cada tentativa.

Sabia que iria não mais ver seu irmão, isso o fez sentir como se fosse morrer.

Mas, se Sat fugiu, por que não volta para casa?

O bruxo perdeu a conta de quantas vezes perdeu sua única morada. Sat é do tipo que foge. Sempre.

Tem visões de sua antiga vida, ele o amou até o último segundo, o tocou no último segundo. Ou isso também é uma ilusão?

É cansativo procurar por algo que não se sabe o que é. Dirigiu por tantos lugares, talvez estivesse com um dirigível dentro da cabeça, mas não podia parar de tentar. Seu lar sumira há dias, o deixou para trás sem dizer nada.

O moreno suspirou, estava cansado de noites como aquela.

Noites em que voltava para um lugar que não pode chamar de seu, lugar onde há pessoas que ama, mas agem como estranhas. Faltam muitas partes em si agora, é disso que se deu conta ao entrar naquela casa e subir as escadas em direção ao desconhecido.

A sala estava escura, mas o jovem sabia que continuava revirada e suja de sangue. Agora, sem nenhum corpo. Passou direto pelo cômodo e entrou em um quarto onde viu Kaeh sentado no chão, olhando para os próprios pés.

Olhos cinzentos vazios. 

— Ela ainda não saiu do banheiro? — Questionou baixo, sem ganhar a atenção do platinado.

— Eu não conheci ele, sabia?

Yoongi franziu o cenho:

— O que?

— Ouvi falar dele por muito tempo, mas quando eu cheguei, ele já estava morto... — disse ele, com o cenho levemente franzido também. — Pelo menos foi o que me disseram. Todos amavam tanto ele, era tão perfeito que, por um segundo, cheguei a acreditar que era de mentira. Pyro não existia para mim, Min-ody. Não tinha como ter existido algo tão perfeito no seu mundo, certo?

O moreno piscou um par de vezes, sentou ao lado do outro em silêncio, respirando devagar. Era tanta coisa para digerir para si, imagine quanta coisa era para Kaeh, um anjo recém-criado que não sabia nada sobre a confusão de seu mundo de pecados.

Mas, por um segundo, se sentiu ofendido pela dúvida ser sobre algo perfeito no mundo dele, e não no mundo deles como um todo.

— Mas existiu, Kaeh... E ainda existe.

— Passei tantos anos sentindo vontade de conhecê-lo, isso foi tudo que eu quis fazer por muito tempo. Mas depois comecei a ter ciúmes, era sempre sobre ele — o ser angelical forçou a voz a sair, estava rouco de tanto soluçar e gritar nesses três dias. Sabia que não devia, mas se sentia furioso e, mais ainda, triste. — Ah, havia um garoto. Um garoto perfeito! Houve um tempo em que só falavam dele, como era belo e feito de ouro, nascido em um velho mundo onde ninguém sabia de nada. Mas vocês sabiam, sabiam!

Garoto infernal • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora