[XV] Senhor dos ratos e dos mortos

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[👿]

03 de janeiro de 2021
Seul, nova casa dos Park.
[Narrador POV.]

Era noite de lua bela, cantante, as palmeiras em volta da casa nova projetavam sombra através da janela aberta. A mesma janela por onde Jungkook havia entrado algumas horas atrás. A mesma janela que deixava entrar a presença da floresta, ali tão perto, seu barulho alto e incessante, sua brisa fresca e suave. No quarto, a cama, medíocre, era quase tão branca como a neve que caia lá fora. E, sobre ela, com os corpos quentes apesar do dia frio, eles se amavam.

Era um amor desejoso, sôfrego, como uma luta — que só a bela lua pôde testemunhar. Depois, desfaleceram. E quando, ao nascer do Sol, as moscas tomaram o quarto com seu zumbido travesso, Jeon pensou, por um instante, que estavam mortos. Pois aquele amor, de tão grande, corrompia a carne, deixando-a doce e trouxa, como matéria deteriorada.

Impossível. Mas, por um momento, ele acreditou.

Os príncipes do inferno já eram fantasmas sem história, ninguém pode morrer duas vezes.

Sat era seu próprio Deus. Um ceifador. E, naquela noite, a primeira noite de seu amado humano, ele o havia adorado intensamente como um deus, num ato que talvez fosse ser o último naquele lugar, pois ele era absoluto.

Ele abriu os olhos naquela manhã, viu sua vítima dormindo à sua frente. Travou por um momento, apenas observando, gravando aquela imagem em seu coração, lugar que sabia haver amor pelo pequeno garoto loiro. Ele apenas sabia, pois sempre sabe de tudo. Quando os olhos castanhos do outro se abriram lentamente, o maior tratou de pôr um sorriso no rosto.

Ele sabia o que seu sorriso causava no menino. Era algo recíproco.

As mãos miúdas foram direto aos olhos, sensíveis por conta da luminosidade que vinha da janela. As bochechas gordas sorriram, juntamente aos olhos e os lábios. Um riso tão doce que parecia de mentira.

— Bom dia, príncipe — o acastanhado sussurrou, ainda sem tirar os olhos do outro. — Tenho que ir para casa.

— Já? — um bico se formou em seus lábios róseos. — Achei que fosse ficar aqui só mais um pouco.

— Sabe como andam as coisas em casa, tem muita coisa para resolver ainda.

Jimin fez uma careta de desagrado.

— Não queria que você fosse — disse o loiro, se sentando na cama.

— Eu vou voltar, você sabe — respondeu, se pondo de pé. Evitou os olhos do outro. Nem ele sabia se iria voltar — O voo é só amanhã, você vai passar lá em casa antes, certo?

O loiro revirou os olhos e se jogou de novo na cama, enquanto Jungkook catava suas roupas pelo chão. Ele sentia os olhos do loiro em si o tempo todo, queria dizer algo, mas acabaram ficando em silêncio por vários minutos.

— Vou tentar um bolsa em Chicago ano que vem — o menor contou.

Jeon virou-se para olhá-lo na cama. Sua pose desleixada e os olhos fixos no teto demonstravam sua incerteza, ele não sabia realmente o que ia fazer, não tinha nenhuma expectativa de vida, nenhum plano futuro, sequer sabia se aguentaria permanecer ali por muito tempo.

Jimin havia sido forte para si por tanto tempo que, agora que alguém estava segurando a barra para ele, ele não sabia se gostaria de voltar à solitude novamente.

Esteve tentando se afundar por tanto tempo, agora que sua cabeça estava fora d’água, percebeu que era mesmo mais fácil ceder e se afogar.

Parou de gostar de aguentar coisas até o pescoço, agora queria apenas afundar a cabeça e deixá-la escondida no ponto mais fundo que se pode chegar.

Garoto infernal • jjk + pjmDonde viven las historias. Descúbrelo ahora