Capítulo 2: O Castelo

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    Nos escondemos dentro de arbustos mas sabemos que eles ainda estão por perto, por isso nem nos falamos. Ouvimos os passos e conversas deles, aparentemente não há mais Sol no céu e só consigo pensar na minha mãe. Ela deve estar tão preocupada comigo... Eu disse que voltava na hora do almoço e olha só, já passou da hora da janta...

   Curiosamente, eles pegaram no sono em cima de umas raízes de árvore.

   Começo a cochichar meu plano para Wan.

   Eu: É o seguinte, vamos sair daqui discretamente e tentar nos afastar o máximo possível sem fazer barulho, entendeu?

   Wan: Entendi. _ ela cochicha _ No 3.

   Eu: Um...

   Wan: Dois...!

   No três, afasto alguns galhos para que ela se levante de forma silenciosa. Quando já está de pé, faz o mesmo para que eu possa sair do meio daquele monte galhos e folhas.

   Conseguimos ser silenciosas o suficiente para caminhar alguns metros sem que eles acordem, mas, ao desviar de um árvore, Wan pisa em um galho estrondosamente seco, e, claro, eles acordam.

   Voltamos a correr já que nossas vidas dependem disso mas aquele descanso foi bom para as nossas pernas, já que estou botando todas as minhas forças restantes nelas. Wan ainda tenta atirar algumas bolas de fogo que não parecem atingí-los e grandes pedras que também não parecem causar efeito. Não olho para trás para averiguar. Não me soa uma boa ideia. Corridas nunca foram o meu forte. Sempre fui naturalmente veloz, mas como um guepardo: corro assustadoramente rápido, mas não por muito tempo.

   Não sei quando tempo faz que estamos nessa perseguição que parece sem fim. Eu não aguento mais, Wan não aguenta mais, ofegamos como nunca antes. Não sei como consigo continuar, não sinto minhas pernas.

   Não sei se consigo continuar.

   No meio desse pensamento, esqueço que também devo olhar para o chão e acabo tropeçando em uma raiz de árvore.

   Porque eu sou muito sortuda.

   De alguma forma, perco meus sentidos enquanto rolo no chão; só consigo ver flashes de cores por onde a força da velocidade que usava me arrasta para onde quer eu esteja indo.

   Tudo está silencioso.

   Quando finalmente paro no chão, deitada, com a barriga pra baixo, volto a recobrar meus sentidos. Ainda está escuro, mas parece que o sol não vai demorar a nascer, e ainda está silencioso. Bom, até ouvir passos correndo na minha direção.

   Wan: UNA!! _ ela me grita com tamanho desespero, mas mesmo assim não tenho forças suficientes para me mover.

   Assim que ela chega até onde estou, se abaixa ao meu lado, conferindo se estou viva. Sua expressão só se tranquiliza quando me obrigo a forçar um sorriso em sua direção.

   Fico surpresa quando ela me abraça.

   Wan: Una...! Eu fiquei tão preocupada! Achei que tivesse te machucado...!

   Eu: Ahn? Mas como assim? Eu tropecei.

   Wan: Sim, mas eu ergui um pedaço de terra que te lançou uns metros afora. Por isso eu não cheguei junto com você... Fiz isso antes que seu corpo caísse no chão, se eu parasse pra te ajudar, as duas seriam capturadas...

Sempre Foi Você. - Leitora X AlucardWhere stories live. Discover now