Capítulo 9: Preocupações

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   Eu não acho que dormi muito.

   Alucard me indicou um quarto longe de onde Wan está, o que me deixa preocupada. E ao lado do seu, o que também me deixa preocupada.

   Eu fiquei quase a noite toda andando pra lá e pra cá, com medo de Wan acordar, precisar de mim e eu não estar lá, mas ela não acordou, dormiu a noite toda. Quase pensei que ela estava morta.

   Para esclarecimentos, ela não está.

   E aqui estou eu agora, deitada nessa cama enorme e confortável, mas que não me conforta. Olhando para esse lindo tom de lilás, mas não consigo pensar em mais nada. Nunca estive tão preocupada.

   O sol entra pela enorme janela de vidro liso e queima minha pele, o que faz com o que eu me sinta obrigada a levantar e fechar as cortinas. A luz que conseguir entrar vai ser mais que suficiente.

    Eu literalmente tive que me "mudar" de quarto. Alucard não quer que eu fique lá de jeito de nenhum, não sabe o que pode acontecer se Wan tiver outro ataque de sabe-se-lá-o-que e ao invés de ajudar eu piore a situação. Não lhe disse na hora que foi um pouco rude, não disse porque ele tem razão.

   Vesti o primeiro vestido que apareceu na minha frente e as mesmas sandálias que eu usei na ontem, não há necessidade de me produzir demais, não agora.

   Saio do quarto e começo a andar na direção de onde Wan está. Fica no andar de baixo.

   Não posso descer sem passar na frente do quarto dele. Eu quero bater, perguntar se ele está acordado, se pode me acompanhar, mas acho que já passei vergonha demais por uma noite. Ugh, triste, Una... Chorando daquele jeito nos braços de um homem que você mal conhece. Realmente muito triste.

Quase na ponta do corredor, ouço uma porta se abrindo, o que me faz olhar para trás e, claro, não havia garantia nenhuma de que eu conseguiria descer até lá sem a sua supervisão.

   Ficamos nos olhando em silêncio por alguns segundos. Não falamos. Não sorrimos. Nem nos movemos.

   Alucard: Bom dia, Una.

   Sempre agradeço por ele ser o comunicativo dessa relação, seja ela qual for.

   Eu: Bom dia, Alucard.

   Alucard: Como foi a noite? _ ele fecha a porta de seu quarto e caminha até mim.

   Eu: Ahn... _ não vou dizer que foi uma merda _ Razoável.

   Seu sorriso é bom para descontrair as coisas. Se ninguém lhe tiver dito isso, eu vou dizer...

   Em algum momento.

   Alucard: Razoável? Uma pena. Não me ouviu roncando, ouviu?

   Droga, ele sabe me fazer sorrir, e olha que nem sempre é engraçado. É um reflexo, tudo culpa do seu aparente bom humor.

   Eu: Se vampiros roncam, eu nunca fiquei sabendo.

   Alucard: Eu ao menos nunca ouvi meu pai roncar.

   Lhe dando um sorriso que mostra os dentes, aceno com a cabeça para que ele me siga, já que ainda pretendo ver como ela está.

   Mais uma vez, voltamos ao silêncio. Por mais que eu saiba o que dizer, não sei como dizer, o que é frustrante. Eu gostaria de lhe perguntar "Como foi a sua noite?" ou "O que acha desse vestido que eu escolhi hoje?", mas não sei... É tão estranho. Estranho e engraçado como posso ficar tão perdida e avoada ao me preocupar com alguém.

Sempre Foi Você. - Leitora X AlucardWhere stories live. Discover now