Operação: 𝖢𝗈𝗇𝗊𝗎𝗂𝗌𝗍𝖾 𝖲𝗁𝗂𝗇 𝖱𝗒𝗎𝗃𝗂𝗇

vergonha

YEJI

Talvez não seja fácil abrir mão da sua insegurança e da sua vergonha alheia, mas é necessário as vezes.

Os meus pais nunca me ensinaram a amar, nunca me ensinaram a sentir, pois eles me consideram fraca por ter sentimentos e nunca tiveram tempo para me fazer sentir ou me dar apoio emocional, tudo o que tinham para mim era uma comida diferente e um brinquedo legal no fim do dia, para tentar absorver o vazio que eu sentia sempre que eles estavam longe, o que acontecia quase sempre.

Então, quando escolhi ajudar Ryujin, eu realmente pensei duas vezes antes de fazer a besteira, mas acabei fazendo, porque eu sabia que se eu não ajudasse ninguém ajudaria,  o mundo é terrivelmente cruel e as pessoas que vivem dentro dele não se importam o suficiente para se preocupar com algo que não diz respeito a elas. ryunjin pode ser a garota mais popular do colégio, ser a dona do corpo mais esbelto, ter o sorriso mais bonito e ter tudo almejando aos seus pés, todas as pessoas do mundo, mas nenhuma delas sabe valorizar a pessoa que ela é por dentro.

━━ Eu não estou gostando nada disso - disse Ryu costrangida.

Estávamos no parque central e apesar de ser um lugar admirável nós estávamos caladas há mais de uma hora, eu havia a chamado na intenção de descontrai-la, o que acabou não dando muito certo, eu imagino.

━━ Do silêncio ou do som estridente dos pássaros cantando suas melodias? - perguntei irônica me virando à Ryujin.

━━ Dos pássaros - disse entediada - Como você ainda não surtou com esse barulho desnecessário?

━━ Talvez seja porque eu nunca ouvi algo tão natural em toda minha vida - reflito sem nem pensar - Vamos Ryujin! Você precisa me contar o que está acontecendo, isso não faz parte do roteiro.

━━ Meus pais se separaram — soltou de uma vez.

━━ Aish, quem dera se meus pais se separassem! Meu pai sempre leva a omma para essas viagens chatas dele e eu fico sozinha em casa. Se eles se separassem, mamãe ia cuidar de mim  - acabo tagarelando demais - me desculpa.

━━ O problema é que meu pai quer que eu vá para os EUA com ele, e infelizmente não há nada que eu possa fazer a respeito, já que eu ainda não tenho meus dezoito anos.

━━ Eu posso te ajudar! - me levanto do banco - É só você arranjar uma arma, sim, uma arma! Você pode ameaçar ele de alguma forma.

Penso um pouco e me levanto do banco fazendo um símbolo de arma com as mãos.

━━ Ou você me deixa em gangnam ou eu te mato seu pai chato!

━━ E se meu pai não se sentir ameaçado e falar que vai me levar de qualquer jeito?

━━ Eu vou te matar "pá pá, pá" E você nunca mais vai me ver - sorrio animada e a vejo sorrir discretamente também — Vamos, finja que é seu pai e eu sou você.

Apesar de tentar descontrair ryunjin para não pensar besteira, minha mente acaba vagando e consigo imaginar uma vida sem ver a Ryu jogando, ou uma vida sem escorregar perto dela, o que me deixa frustrada.

━━ Tá legal - diz - eu Vou te levar pro Canadá sim sua pirralha retardada!

━━ E eu vou te dar um tiro pai! - finjo dar um tiro em Ryujin que cai no gramado do parque fingindo que está morta.

━━ Oh não, minha filha me matou...

━━ Bom, pelo menos você não tem idade pra ser presa! Isso é algo positivo, não?

━━ Talvez? - diz Ryu rindo de nervoso - Você é engraçada, talvez possamos ser amigas... hã, que tal?

━━ QUÊ? — grito muito alto e percebo logo depois — Quero dizer, claro, por que não?

━━ Então tá certo - sorriu - Vamos indo?

Assenti com a cabeça e peguei meu celular que estava no banco, logo acompanhando-a.

No caminho percebi que ryunjin era uma farsa, estava fingindo não se importar com o que estava acontecendo ao seu redor mas nós duas sabíamos a verdade, ela não queria ir para o Canadá com o pai e eu não queria que ela fosse, ela estava deprimida mas tentava esconder isso de mim por não ter confiança o suficiente. Eu não sabia o que fazer com ela, não estava preparada para isso.

Yuna iria me matar por chegar atrasada na cafeteria, mas eu havia esquecido que tinha um emprego e que precisava dele para sobreviver, já que meus pais já não eram meus pais mais.

Pelo visto nunca foram.

Meu aniversário chegaria em breve e assim que fizesse dezoito anos iria alugar um apartamento perto da faculdade que pretendia estudar.

───※ ·🏹· ※───

━━ Vai dar tudo errado, Yuna - suspiro batendo as mãos na mesa frustrada - Acho que vou me jogar de um prédio.

Chegar atrasada era realmente o maior pesadelo que eu poderia enfrentar, sequer poderia cogitar a possibilidade de ser demitida do único emprego que achei no meio de uma situação tão difícil, encarar esse desafio era realmente difícil.

━━ Você deveria estar feliz por ter contato com Ryujin não? Isso é incrível, Yeji - ela se levantou para me abraçar - Vai dar tudo certo, eu lhe garanto!

━━ Tem cliente viu? Você precisa ir ao caixa! Deixa que eu me resolvo com o gerente - sorri de nervoso.

───※ ·🏹· ※───

━━ Então ele me agarrou pelo pescoço e falou que ia me matar se eu fosse trabalhar, acredita?  - disse eu na tentativa de convencer o gerente - Não está vendo minhas lágrimas de desespero senhor Gyeong?! Eu estou tremendo, ele tentou me matar!

Eu realmente espero que ele se convença das minhas desculpas, já que eu tô por um fio de ser demitida.

Ryu, eu espero que quando a gente se casar a lua de mel seja em Paris, caso contrário eu vou cortar seu pescoço!