Loucos Juntos

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Shivani e beijos sempre foram duas coisas complexas juntas. Ele se deixou ser seduzido, manipulado e usado... Mas por quê?

Por que ele abaixou a escadilha?

Talvez porque ela estava certa. Que aquilo era tudo que ele era. Quem sem Shivani, a vida não fazia tanto sentido. Ele precisava protegê-lo, mas não podia suportar magoá-la ou afastá-la dele.

Antes do Capitão enfiá-lo naquele navio para o fim do mundo, a única coisa que Asmus fazia era fugir e se esconder como um coelho.

Uma rotina maldita de esperar o lugar ser destruído e depois fugir e encontrar um novo pequeno paraíso. Se mantendo longe dos seus perseguidores e buscando pequenos prazeres.

Era fugir, se esconder, sentir a adrenalina correr em seu sangue por uma fração deliciosa de tempo. E depois recomeçar. Até... Ela.

Talvez porque eles nunca tivessem estado tão próximos sem ameaças, ou o fato de quem eram aberto entre eles. Ele se lembrou da sua promessa: não a deixaria se perder.

Asmus era um estúpido e tolo preso numa gaiola de garras. Tudo por prazer.

No início pareceu tudo muito mecânico. Shivani ainda tensa como se tudo fosse demais para ela, Asmus estava ciente dos últimos que a tocaram daquela maneira. Talvez ela estivesse se libertando.

Ele vira as cicatrizes. Eram tantas.

Ele jamais imaginou...

Não pense, ele disse a si mesmo, aceite-a agora ou nunca a terá.

Era mesmo miserável que Asmus se deixou levar. Ele caiu na própria armadilha, ela devia se apaixonar por ele e não o contrário. Ele devia manipulá-la e não o contrário.

"Diga que é meu."

Ah, isso fez desmoronar o resto de dignidade que lhe restava. Ele sentiu a ruptura quando aquilo deixou de ser apenas sexo e se tornou um ritual de entrega, um juramento. À troca dolorosa de amante para possuidora. Foi como se todos os impulsos autodestrutivos de Asmus culminassem para aquele momento.

Um imortal se entregando para uma humana insana, prestes a destruir o continente.

E ele não era nobre o suficiente para impedir. Sua promessa era de não deixar que ela se perdesse, e não salvar tudo. Ele não era um herói, era puro egoísmo. Khrysaor provavelmente o mataria por tocá-la. Mas Shivani queria a ele.

Era assim que deveria ser. Desde o dia do eclipse em que a maldição se instalou e a Espada a escolheu, seria o fim, mas Asmus faria o impossível para não perdê-la. Ele tinha Shivani e não a tinha, porque a maior parte dela era obsessão e morte, enquanto o que restava era o que ele podia guardar para si, a parte bela dela, a humanidade que se esvaziava.

Ele a odiava por isso. Ele a odiava por seguir por esse caminho que só a destruiria. Ele odiava a maldição e todos os sentimentos conflitantes que ela causava na pirata.

Ele deveria matá-la.

A proximidade era insuficiente, ela o jogara na cama e ficara por cima dele. Os membros se emaranhavam e seus corpos deslizavam em desejo ardente e doloroso.

A cada segundo ele sentiu a realidade do que os dois eram. Do que acontecia ali. Ela conseguiu o que queria.

E mesmo depois de sentí-la por completo, era pouco.

- Não terminamos. - Ele a ouviu dizer.

E lá estava ela, estirada como um felino na cama. Os seios suados voltados para o teto e os mamilos rosados expostos à languida luz da cidade e da Lua, os cabelos caindo ao lado do rosto. A respiração arfante.

Preto Cinza e Tempestade - FortunataWhere stories live. Discover now