love you, goodbye.

4.3K 63 66
                                    

Esse capítulo é pra quem quer sofrer, apesar de ser sexo. Mas vale a pena, ficou bonito, na minha opinião.

Apesar do nome do capítulo, recomendo ouvir From the dining table/Easy on Me/Love in the dark/Another Love.

Boa leitura<3

.

Aquela noite foi a mais difícil.

Do conjunto de noites, que se somaram por mais de cinco anos, em que choro em seus braços ansiando para que alguém visse, e assim não seria mais um segredo; das que sonhamos juntos com a liberdade de simplesmente amar; das que passei sozinho, abraçando o travesseiro e imaginando seu corpo presente ao meu lado, ou grudadinho no meu; das que tive você, e depois, fui assolado pelo vazio de estar sozinho novamente;... De todas, essa foi a mais difícil.

Foi quando eu soube: amanhã não te terei de novo. Amanhã seu corpo não será meu travesseiro para abraçar, amanhã, o som de sua voz será apenas um ruído que precisarei ignorar, e seus olhos apenas uma visão que preciso desviar. Precisarei fingir, mas fingirei sozinho. Não haverá risadas, aquelas que dávamos quando mais novinhos, como adolescentes que podem ser pegos fazendo besteira a qualquer momento. Não. Disfarçarei as lágrimas de um homem já adulto, que precisou abdicar de tudo que mais ama no mundo; em prol dele mesmo.

Estávamos nos encarando, ambos tímidos como se fôssemos estranhos, mas com olhares íntimos como se fôssemos apenas um, na mesa de jantar. Era sempre aqui que começavam as brigas. Eu odiava brigar com ele.

Harry tinha suas mãos juntas, sendo apertadas por elas mesmas, dando apoio pro seu rosto – nele, a lâmpada amarelada fez questão de destacar uma lágrima, que escorreu de seu olho.

Como se fôssemos conectados, o mesmo aconteceu comigo. Sem dizer uma palavra, eu me sentia plenamente seu. Será que eu ainda me sentiria assim depois que nos separássemos? Estaríamos em casas diferentes, em países diferentes, mas chorando pelo mesmo motivo?

– Não sei se consigo fazer isso.

– Você vai se arrepender se não fizer. Vai ficar pensando no que poderia ter sido feito.

– Nada mais pode ser feito.

– Eu sei. Mas eu quero me despedir.

Ele suspira, e outra lágrima escorre, agora, de seu outro olho. Ele não a limpa. Ele quer que eu veja.

– Então a despedida será hoje... Amanhã, eu vou com você até o aeroporto?

– Não sei. A gente vê.

Ele acena que sim, e termina seu vinho. Ele começou a beber cedo naquele dia, mas não parecia bêbado. Parecia plenamente sóbrio, consciente, porém nada anestesiado.

– Eu estou com saudades.

Ele ri anasalado, e estica sua mão na mesa. Ponho a minha por cima. Ele analisa com olhos saudosos, antes de fechá-la, e acariciar-me com o polegar. E então, começa a chorar, dessa vez, de verdade. Com dor.

Eu não conseguia. Eu estava paralisado, como se tudo não se passasse de um pesadelo, em que eu fosse acordar no meio da noite, e ele estaria na cama pra me dizer que tudo está bem.

– Você podia ter um pouco mais de misericórdia – Ele começa – Sabe como me machuca quando é frio.

– Não estou sendo frio. Estou tentando não desabar na sua frente.

– Agora já não adianta mais. Você pode desabar. Estamos aqui pra isso. Pra sentir tudo.

Eu não quero. Não quero que seja tão difícil assim.

Wild Thoughts - Smuts Larry Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin