Em nome do amor

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Sentiram saudade?

Capítulo longo;
Se passa em décadas passadas, sem ano exato, mas antigamente;
Alerta de possíveis gatilhos.

Boa leitura.

.

Louis:

Eu acordo sem abrir os olhos. Sinto o pesar de minhas pálpebras quando tento abrí-las, e uma imensurável dor de cabeça. Decido ficar de olhos fechados e respiro fundo, como se eu estivesse prendendo o ar enquanto dormia. Sinto cheiro de algo que não é meu sabonete de lavar roupa de cama. O susto faz o peso dos meus olhos parecer irrisório, e os abro num baque só.

Eu engasgo e pisco duas vezes quando não reconheço onde estou. O quarto é branco e cinza, mas tenho certeza de que o da minha casa é azul. Sei que ontem tive uma noite de bebedeira das pesadas, então cogito estar na casa de algum amigo.

Meu ficante não está do meu lado, o que é estranho. Eu estava cogitando a hipótese de ser pedido em namoro, já que ficamos a um tempo.

Me levanto, sentindo dor nas pernas. Deus. Meus joelhos estão tão roxos. Eu cai? Bati a cabeça? Quem me socorreu?

Antes de eu chegar na porta, ela se abre. Um rapaz alto, com feição preocupada entra trazendo um pano e uma caneca com água. Ele parece levar um susto quando me vê acordado.

– Meu amor... Você acordou! – Ele põe as coisas na bancada, e corre até mim, segurando meu rosto e me beijando. Eu, obviamente, não sei quem diabos é esse homem, então desvio do beijo após uns segundos, mas tento ser sutil, pois sua naturalidade deixa claro que nos conhecemos – Meu Deus, como se sente? Tá com dor? Ô, meu amor, como eu estava preocupado... – Ele se ajoelha no chão, segurando minhas mãos, e com o rosto entre minhas pernas. Eu recuo, dobrando-as sobre a cama.

– É... Quem é você?

Deve ser algum emocionado que fiquei ontem. Talvez por isso o meu ficante não esteja aqui. Mas sei lá... Eu não o trairia, tenho certeza.

Ele faz legítima cara de espanto – S-sou seu namorado...? Louis... Você... Ok – Ele se levanta, passando as mãos pelos cabelos, e passeando pelo quarto com ansiedade – Você perdeu a memória, então... O tombo foi tão feio assim? Meu Deus, a culpa é minha, me perdoa, meu amor.

– Espera, para. Me fala o que aconteceu. Como assim sou seu namorado? Desde quando?

Ele aperta os lábios e seus olhos ficam esbugalhados. Me ajeito em posição que facilite em necessidade de fuga, por mais que ele pareça inofensivo.

– Ok... Por partes. Posso sentar do seu lado?

Faço que sim.

Ele senta, e respira fundo.

– Você lembra seu nome, né?

– Óbvio.

– Ok... Louis. Você faz faculdade veterinária, e está no último período. Eu e você nos conhecemos na universidade, eu fazia estágio de enfermaria lá. Anteontem, nós... Tínhamos uma festa na faculdade. Eu e você tivemos uma briga... E você acabou indo sozinho. Bebeu mais que devia, tropeçou e caiu na piscina. Ficou desacordado. Seus amigos tinham ido embora, mas alguém te levou pro hospital, e me ligaram... Falaram que era melhor você ficar em casa, porque podia perder a memória, e era melhor estar em um local familiar.

– Oh... Eu... Me lembro de beber. Me lembro de passar mal. Mas não lembro de nada disso. Nem de você.

Ele derrama uma lágrima, e meu coração dói. Eu queria poder lembrar dele. Ele é um dos homens mais bonitos que já vi na vida. E parece nitidamente se importar comigo. Ele parece abalado.

Wild Thoughts - Smuts Larry Where stories live. Discover now