Fevereiro: O dia que o Tempo deu

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Nossos passos ligaram nós dois

Mas porque os laços de sonho em apenas nossos corações se desataram

Eu quero voltar, ligando dizendo que devemos voltar

Um milagre não vai acontecer, é meu destino

(Kimi Ga Kureta Anohi - Minori Chihara)

***

Todos me conhecem! Eu sou aquele que todos medem, que dizem ser o melhor remédio, que eu curo tudo, que passa e ninguém percebe. Todos me chamam de Tempo!

E com a ironia da redundância, estou aqui desde o início dos tempos, desde bem antes dos humanos povoarem a Terra. Na verdade, desde bem antes de existir o planeta.

Nasci junto com o universo e o vi se formar, enquanto "crescia" e a minha própria função me amadurecia.

Vi estrelas nascerem e morrerem, espécies surgirem e chegarem à extinção, eras glaciais, tantas coisas que fica complicado de listar. Tudo o que surge também tem o seu tempo de sumir e eu sei exatamente quando cada uma dessas coisas se extinguirá, pois há uma contagem regressiva que só eu posso ver.

Uma das melhores coisas que já vi foi a humanidade e tudo o que ela construiu até hoje. Uma pena que o tempo de cada humano é tão curto, um piscar de olhos se for contar sob minha perspectiva, porém é encantador tudo o que eles fazem.

Pode até parecer que é tudo muito solitário para mim, mas eu tenho uma companheira, a minha melhor amiga e o destino certo de tudo: A Morte.

A minha, digamos, casa fica num local afastado de toda realidade, na ponta do universo. Não é tão grande, mas é repleta de relógios por todas as partes, seja nas paredes ou o chão. No meio existe uma bacia funda coberta por água, sendo este o meu espelho para observar o universo. Só encostar a mão na superfície que posso ver outra coisa.

Infelizmente, o meu trabalho não tem descanso!

***

Estou eu distraído usando o espelho quando a Morte vem para uma de suas visitas rotineiras. Usando roupas e uma capa preta, utilizando de uma foice para redirecionar as almas, recolher as energias e poder renová-las.

É nessa hora que eu lhe indico e lhe passo o que deve morrer até o próximo ciclo.

São sempre muitas coisas, animais, plantas, planetas, estrelas e pessoas.

- Você sempre me assusta! - reclamei com ela

- Eu nem faço para te assustar. - protestou

- Chegando de surpresa com essa sua fumaça preta não tem como.

- Para de graça! Qual é a lista do dia?

- Estou terminando de anotar. - disse enquanto terminava de preencher o pergaminho

- Quando vamos nos modernizar, hein? - indagou indignada

- Vou providenciar um tablet em breve. Você não acha que eu também odeio isso?!

Logo terminei e lhe entreguei. Ela abriu e observou a lista, a mesma coisa de sempre, ela nem precisava falar, pois eu sabia.

- Quando este trabalho melhora?

- Acho que nunca! E olha que estou nisso há mais tempo.

Ela deu de ombros, disse que voltava mais tarde e desapareceu em sua fumaça escura.

Aproveitei o breve momento de pausa para relaxar, passeando pelo local que tinha relógios de vários tipos fazendo seu tique-taque característico. Se fosse alguns ciclos atrás, seria um barulho ensurdecedor, pois as contagens regressivas de tudo estavam naquelas paredes. Porém, meu poder evoluiu e apenas enxergo esta contagem como um número acima de tudo o que vejo, como uma espécie de relógio digital.

12 Meses com MinorinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora