Capítulo 2. Nada é sólido

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Anna Maria estava preocupada. Peter ficava olhando para o nada, perdido em pensamentos por um longo, longo, tempo. Por um lado, não era incomum ele ficar pensativo, com tantas responsabilidades era de se esperar. O que a deixava inquieta era a expressão em seu rosto. Carregado em frustração, raiva... e vazio.

— Peter? Está tudo bem?

Ele arregalou os olhos. Virou o corpo — estava pendurado por teias de cabeça para baixo — e se aproximou dela descendo mais um pouco. Pois Maria era uma mulher de baixa estatura, pelo nanismo. Ele ficou de frente ao rosto dela, e assim também podia ver o que ela estava lendo na tela.

— Sim, sim. Por que?

— Você me parece tão pertubado... É de novo sobre o lance com o Deadpool?

— Não. Na verdade, já nos encontramos.

Foi a vez dela de arregalar os olhos.

— O que? Quando isso?

— Ele rastreou nosso inimigo, "Paciente Zero", — Peter fez aspas com os dedos, com um meio sorriso debochando do codinome do vilão — e fomos enfrentá-lo. As coisas estão resolvidas entre nós.

— Fala sério?

— Nós conversamos.

Se lembrou do discurso do Wade ao pedir seu perdão. Estava mais frustrado antes, ao tentar entender o que era verdade e o que não era entre os dois, se a amizade não era, se era só para pegar sua confiança, se aproximar derrubar "seu chefe", sua identidade de Peter Parker. 

E Wade admitiu que os primeiros vilões que eles tiveram que lutar juntos, como aquele monstro que amarrou ambos, foi plano dele para se aproximar e conseguir mais informações do Parker, da índole dele, pelo Homem-Aranha. Como poderia esquecer? Até Miles tinha achado incrivelmente irônica aquela situação, ouvindo Deadpool tentando convencer o Peter que o Peter não era confiável.

Mas ao mesmo tempo, no fundo, sentia que não seria o caso, afinal Wade poderia ao menos tentar fingir que não tinha Parker como alvo, para não deixar o Homem-Aranha em alerta, mas ele nem o fez.

Sempre foi claro, tentando na verdade convencer o Homem-Aranha da má conduta do Parker.

É o que acontece quando você tem identidade secreta, as pessoas têm uma impressão boa de uma, péssima da outra as vezes.

No entanto, daquela vez nem era sua culpa. Alguém forjou sobre ele, queria ele morto.

— Então está tudo certo?

— ... Paciente Zero escapou, então não. Infelizmente não.

— Oh, entendo.

Tocou o ombro dele — Peter ainda de cabeça para baixo — para dar conforto. Concluído que o que provocava ele ter esse humor estranho, seria a fuga desse Paciente Zero.

E era de certa forma. Paciente Zero era perturbador, um desgraçado que fazia pessoas inocentes de cobaias para serem os seus capangas a força. Era um dos problemas para Peter, porém não todos.

Ainda estava se recuperando de sua "visita" ao limbo, de seu encontro com Mefisto.

Sua irritação com Wade se esvaiu facilmente, não era o que se preocupava. Tinha vítimas para salvar, tentar voltar a viver a vida como ela era.

As falas do Mefisto lhe incomodavam muito mais. E não só as falas, mas ver aqueles que ele sentia falta e não estavam mais em sua vida, por terem ido por caminhos diferentes na vida, como a MJ, ou os que partiram, seu tio Ben, a Gwen..., eram lembranças entre outras de suas falhas.

Querido Senhor PeterOnde as histórias ganham vida. Descobre agora