Capítulo 9. Preciso te contar

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Summary:

Peter quer contar para o Wade quem ele é. Esse é o capítulo.


A casa da tia May tinha um cheiro gostoso dos bomboloni recém fritos, era um aroma de lar para Peter, lhe dava conforto que ele estava precisando no momento. Conhecendo o metabolismo do sobrinho, May sabia que mesmo ele tendo se esbaldado com o risoto no almoço, ele não pegaria leve na sobremesa.

Peter estava se sujando inteiro com os cremes dos bombolonis, e ela não resistiu de limpar o rosto dele com o guardanapo, tendo a sensação nostálgica daquele cuidado.

Não parecia que foi há tanto tempo que limpou o rostinho do seu pequeno sobrinho, o menino tendo um bomboloni mordido na mão direita e um de chocolate na esquerda. Balançava as pernas, sentado naquele banco alto demais para ele.

Ben pegou o bomboloni de chocolate, aconselhando Peter a não ser tão guloso, ele poderia ter dor de barriga daquele jeito.

Antes, eles adoravam mimar o sobrinho quando ele ia visitá-los, mas quando os pais dele morreram, tiveram que o fazer menos, a educação de Peter se tornou responsabilidade deles, ao mesmo tempo em que juntos lidavam com o luto.

Agora era ela e Peter que restou daquele tempo. Antes o guardanapo passava naquele rostinho de menino, agora passava no de um homem, sobre a barba por fazer, o queixo bem mais definido e maior.

Os olhos marrons encarando a tia cheio de sorrisos e embaraço por ainda comer tão desorganizado, ainda mais as refeições que ela preparava, eram as mesmas. Menores que daquele tempo, mais cansados e maduros, menos inocentes, mas os mesmos. Cheio de carinho e brilho.

— Ainda não aprendeu a comer bombolonis.

— Eu sei, desculpa, tia May.

— Tudo bem, ainda bem que não está de terno.

— Sim, eu faria uma bagunça como sempre.

— Já fez uma bagunça, Pete. Só não em um terno — ela piscou.

O sobrinho lhe sorriu, estava todo animado e inquieto naquele dia. Ela podia imaginar o porquê.

— Tem algo para me contar?

Os olhos marrons dele se iluminaram e se curvaram feito meias-luas.

— Eu acho que conheci alguém.

Acha?

— É complicado. Conheço a muito tempo na verdade.

— Mas algo mudou e está vendo esse alguém com novos olhos? Conhecendo de novo?

— Sim, algo como isso.

— E quem seria?

— Alguém do trabalho.

Alguém dos dois trabalhos, na verdade, e um deles que tia May não fazia ideia. Um dos trabalhos relacionados ao rápido metabolismo de Peter desde a adolescência. May ainda não sabia.

Peter não se via contando isso para tia May. Ela era uma senhora e já passou por muito, para saber que o sobrinho estava arriscando a vida por aí diariamente.

— Eu vou guardar alguns bombolonis para Jameson — falou May, alegre só ao pensar nele.

May tinha se casado novamente, estava feliz, de recomeçar.

E isso poderia ser para Peter também?

Ele não podia contar para tia May, por muitas razões, na adolescência principalmente, não tinha como explicar e por quê ela concordaria com isso?

Querido Senhor PeterOnde as histórias ganham vida. Descobre agora