Romancing the War | Sevmione

02 | Uma autora publicada

A detenção de Hermione foi gasta esfregando caldeirões, o que ela realmente não se importava, já que podia olhar de relance para o modelo de seu bruxo das trevas fictício quando ele não estava olhando. Depois de assistir às aulas dele por quase sete anos, ela ficou bastante surpresa com o que nunca havia notado antes. Ela sabia que havia exatamente doze botões em sua sobrecasaca e que os três de cima ficavam sempre abertos, e tinha vaga consciência de que também havia botões nas mangas – nove, para ser exata, entre os pulsos e os cotovelos –, mas ela nunca tinha notado que havia quatro deles na barra das calças também. Ela nunca tinha visto ninguém tão contido em toda a sua vida. Geralmente, suas roupas sempre pareciam um tanto surradas, manchadas e com buracos queimados por Merlin, que sabia que coisas perigosas ele fabricava, mas na verdade elas eram feitas de lã fina. Olhando mais de perto, a modesta gravata preta que ele usava parecia ser de seda, e o colarinho imaculado que aparecia acima parecia engomado – rígido e aparentemente inflexível. Em suma, suas roupas eram uma metáfora concisa para um homem que era conciso e sucinto em público, mas, fora isso, muito reservado, com uma rica vida interior, grande parte da qual surpreendentemente focada em uma jovem cujo impacto em sua idade adulta foi quase incalculável. Ela não pôde deixar de pensar em como deve ter sido devastador para ele ver esses aspectos de sua vida estampados nas páginas de O Profeta.

Enquanto ela andava de um lado para o outro atrás da cadeira dele, lavando, secando e depois guardando os caldeirões limpos, ela captou poucos vestígios do cheiro dele, o que a lembrou fortemente da floresta, que provavelmente era onde ele conseguia muitos dos ingredientes de suas poções. As únicas coisas que ela conseguia identificar com certeza eram urze e pinho, embora ela não soubesse dizer se eram ingredientes que ele havia manuseado recentemente ou um componente de seus rituais diários de higiene.

A luz da grande luminária em sua mesa lhe dava um pouco de cor e realçava seu nariz aquilino e suas maçãs do rosto salientes. Os olhos dele moviam-se rapidamente para frente e para trás pelo pergaminho e ela notou o olhar feroz de concentração em seu rosto, a maneira como ele franzia os lábios enquanto rabiscava nas redações dos alunos – ela imaginou que fossem comentários depreciativos, com base em sua carranca.

— Há algo que você precisa, Srta. Granger? — ele perguntou em um tom entediado, tirando-a de seu devaneio – ele nem sequer olhou para cima.

— Humm, terminei, senhor — ela murmurou, enxugando as mãos com uma toalha e pendurando-a para secar. Como ele conseguia ver alguém sem realmente olhar para ela estava além dela. No entanto, era uma boa característica para um espião, e ela imediatamente a adicionou ao crescente banco de atributos de seu personagem nominalmente fictício.

— Então sua detenção chegou ao fim — ele disse lentamente, finalmente virando a cabeça na direção dela e perfurando-a com olhos tão negros que ela poderia estar olhando para o céu noturno.

Ela corou sob o peso do olhar dele, lembrando de repente que ele era um Legilimens. Ela rapidamente educou seus pensamentos.

— Boa noite, então, senhor — ela disse rapidamente enquanto saía apressadamente.

Ele observou sua figura recuando e brevemente se perguntou o que havia acontecido com ela - não havia razão para olhar para ele como ela fez durante a maior parte da noite. Ele se perguntou brevemente se ela estava doente – suas bochechas estavam rosadas, mas isso poderia ter sido por ter as mãos em água quente. Ainda assim, definitivamente havia algo um pouco... sobre ela esta noite, e não foram apenas as roupas mal ajustadas que Minerva teve a coragem de chamar de uniforme. Ele rapidamente tirou isso da mente e voltou sua atenção para as redações péssimas à sua frente.

Hermione escreveu o que ela preferia considerar como sua pesquisa no instante em que voltou para seu quarto. Observá-lo de perto tinha sido útil e ela não queria esquecer nada. Com cerca de vinte capítulos pela frente, ela precisaria de todos os detalhes que pudesse obter, então passou o resto da noite meditando nas feições dele. Ela foi dormir com ele ainda em mente, e não pela primeira vez – ficar deitada sozinha em sua cama pensando em seu professor de poções parecia como nos velhos tempos.