Prólogo

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Meridiah

Divisa entre os reinos de Casttle e Valerian

O som que sai do meio do povo é ensurdecedor. Os gritos emergem do meio da multidão como testemunhas vivas da alegria contagiante que já se espalhou mais rápido do que um raio por todos os habitantes de Casttle. A brisa fria é tranquila, quase anormal, como se as estações de inverno e primavera decidissem gerar um sopro perfeitamente leve e perfumado ao mesmo tempo. O cheiro de esperança que paira no ar é terno. Até mesmo as flores parecem mais vibrantes, a grama mais viva, as pedras mais coradas. Enquanto a princesa Daphne coloca sua coroa de flores sobre seus cabelos ruivos enrolados, uma corrente de formigas caminha sobre o chão ao redor do gazebo de madeira e batem em retirada silenciosamente para debaixo da terra.

-Não há como descrever com outra palavra, a não ser "perfeição"_ ela escuta o comentário de Aya enquanto enrola uma porção de mechas nos galhos da coroa_ o dia está simplesmente perfeito!

-Isso é raro_ Daphne murmura enquanto um dos seus amigos levanta a barra do seu longo vestido lilás, quase branco, impedindo que as formigas campestres subam sobre o tecido_ você falando coisas positivas sobre o dia e o clima.

Ao longe, todos escutam o som dos murmúrios vibrando, transmitindo o anuncio. Os habitantes de Valerian estavam chegando na divisa e junto com eles, o noivo.

-Confesso que tive minhas dúvidas_ Aya continua, enquanto estende o a gargantilha com o cristal de Jade para a amiga_ mas agora sinto que realmente pode dar certo.

-Dúvidas? _ Daphne ri com emoção e um dos ajudantes estica a mão com medo de que a coroa caia da sua cabeça. No entanto, algumas pétalas que desprendem do emaranhado de cachos e flores é só o que ele vê_ você me infernizou por dias dizendo que eu havia perdido o juízo. Afirmando, aliás, que eu estava sendo a ruína de Casttle.

-Exagerada_ Aya balbucia entredentes, enquanto todos se afastam e abrem caminho para a chegada dos valerianos. Um aroma de outono preenche toda a extensão do campo da divisa enquanto eles se aproximam. Daphne tenta não olhar diretamente para o meio da comitiva, mas não consegue evitar. Quando a brisa trás o cheiro forte de musgo com toque de limão, ela estreita os olhos mais a frente para enxerga-lo.

Mason estava vestindo um colete marrom escuro liso sobre uma camisa preta justa. As calças eram da mesma cor e tecido do colete e mesmo sabendo que não variavam muito do que ele geralmente usava, o fato de estarem limpos, sem manchas de terra, fuligem e nem sangue, mostravam a Daphne que ele se esforçou para parecer arrumado. Por um segundo, ela encara seus olhos castanhos amarelados como as folhas do bosque e fica hipnotizada, sentido seu peito se comprimir, de nervoso.

-Daphne_ Aya sussurra. Ela tem um mini sobressalto e avista o gesto sutil da amiga apontando para cima_ o gazebo...

A princesa de Casttle se endireita e faz um aceno com a mão, fazendo o gazebo de madeira se encher de flores de cerejeira e de lírios brancos e rosados em um piscar de olhos. Ela também ergue duas espirais de madeiras enfeitadas ao lado de cada lado que a multidão criara. O da direita, contendo o povo do reino de Daphne e o da esquerda, contendo o povo de Valerian. No meio do campo da divisa, marcando os passos de Mason, emerge um tapete composto de rosas carmesins, que a princesa consegue criar apenas movendo seus dois dedos indicadores.

-Vou para perto de Tyrion_ Aya murmura e então se detém um instante antes de sair. Daphne passa seus braços em volta do pescoço da amiga, formando um abraço apertado, em gratidão_ não vá chorar agora, ou as flores podem murchar.

ExiladosWhere stories live. Discover now