2_ Ela é como uma joia da realeza

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Sinto calor subir pela minha pele, enquanto me recordo do sonho da noite passada. Tinha um homem me perseguindo, enquanto eu caminhava para casa, pelas sombras. Tento me esconder para surpreendê-lo, mas então ele que me surpreende, saindo de uma abertura no beco e me esfaqueando. O meu sangue salpicava para todos os lados enquanto eu perdia o fôlego sentia uma dor insuportável. Logo depois eu tombo para o chão, tem água caindo do céu e por alguma razão eu não entro em pânico. Simplesmente sinto um gosto metálico dentro da minha boca seca e sinto meus olhos se tornarem quentes.

-Mason? _ Nate me chama. Eu não respondo. Ainda posso sentir o gosto de sangue na boca, ainda posso sentir a pontada de desespero. Um pesadelo era ruim, mas quando se repetia, era muito pior. E isso acontecia comigo muito nos últimos seis meses. Como se um espectro maligno estivesse tentando me torturar enquanto eu dormia.

Um espectro não. Um homem.

Eu via constantemente a sombra de um homem, ao longe, me observando. Era alto, forte, encorpado. Apenas pelo vulto eu não conseguia ver qual era a cor dos cabelos ou o tom de pele. Não consigo vê-lo de perto o suficiente para reparar nos traços, mas de alguma forma, sinto que o conheço. E sinto que ele me odeia, apesar de eu não odiá-lo. Não sei se porque não faço ideia de quem é, ou se é porque ele me intriga. Mas é estranho, ter a sensação de que ele me persegue e mesmo assim não nutrir raiva dele. Na maior parte do tempo me pego odiando todo mundo.

-Cara, foi uma pergunta simples, você ficou com a Morgan Grace ou não? _ Nate repete a pergunta. Resolvo balançar minha cabeça e encará-lo com mais naturalidade. Duvido que ele possa perceber que algo me incomoda, que eu me sentia deslocado, ninguém nunca percebia.

-Fiquei_ respondo a verdade, apesar de ter pensado em mentir.

-E ela vale a pena? _ ele continua. Estica os braços para cima para concluir o alongamento e observo que mesmo que seja a educação física, ninguém parecia com vontade de correr pela quadra_ me mandou um bilhete ontem me chamando para o baile e estou pensando...

-Ela é ótima_ minto descaradamente enquanto acrescento um pequeno sorriso. Gostaria de dizer que na verdade ela era fútil e avoada como as outras duas líderes de torcida com quem fiquei mês passado. Que não senti absolutamente nada, qualquer ponta de sentimento enquanto as beijei. Mas não seria justo fazê-lo ter um pré-julgamento negativo sobre a garota. A grande verdade é que eu tinha um problema. Elas me atraíam, mas eu não conseguia me afeiçoar a nenhuma. Talvez meu coração fosse muito frio. Talvez eu fosse só um cara ruim.

-Legal..._ ele comenta_ você vai mesmo no baile com Nita?

Observo ao longe o professor dar o sinal e começo a caminhar na direção da pista. Meu colega vem também, ainda esperando minha resposta.

-Acho que sim_ balbucio, começando a correr. Ao longe consigo ver enquanto os atletas do time de futebol fazem o mesmo_ por que não iria?

-Não sei_ Nate pigarreia_ ela não parece o seu tipo.

-Não tenho tipo_ argumento, sensato. E isso era verdade. Já tinha saído com muitas garotas nos últimos três anos e nenhuma tinha sido notável o suficiente para me fazer perder o folego ou me apaixonar.

-Sei que parece estranho_ ele começa a falar, mesmo ofegando. Estávamos apressando o passo, correndo sob o chão marcado, tentando não sair do espaço de corrida_ mas por alguma razão eu pensei que ela era afim de mim.

-Não é estranho. Você é bem arrogante a maior parte do tempo_ falo a verdade sem pensar, mas sua resposta é rir.

-Como se você não fosse..._ ele murmura_ enfim, podia jurar que a peguei me encarando duas ou três vezes durante a aula.

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