Ayla Sintori
(07:30 da manhã, quarta feira)Ainda sentia minhas mãos tremerem assim como cada centímetro de meu corpo, conseguia sentir como se ainda estivesse naquele pesadelo,era algo real o bastante para garantir que não tivesse uma noite tranquila. Então,com sutileza e cuidado,me levantei às duas horas e da manhã e sentei-me na varanda dessa sala de estar podendo ter a vida da cidade clarear a medida que as horas se passavam. Zayn continuava dormindo e agradecia por esse feito já que não conseguiria lhe dar uma razão ou um motivo para estar despertar tão cedo.
Vestindo apenas sua camisa e minha roupas íntimas,voltei para dentro e me encaminhei de volta para seu quarto,onde suspirei profundamente antes de me deitar ao seu lado mais uma vez e sentir seus braços me acolherem protetoramente,algo que ninguém fez por mim a um longo tempo. Sentindo um beijo ser depositado em minha testa e suas mãos fortes apertarem minha cintura contra,ergui meu olhar em sua direção e o encontrei me encarando com um olhar suspeito e curioso, entretanto,sabia que ele não perguntaria o que tinha em sua mente e muito menos faria pressão para que dissesse o que tanto me incomodava.
Zayn era uma pessoa admirável, alguém que sempre irá lhe surpreender com ações e gestos inusitados,como se sua personalidade escondesse suas fragilidades e o quão ele pode ser cuidadoso,talvez sua mente o julgasse fraco por ter tais sentimentos a mostra. Concordo que nosso sentimental poderá ser nossa ruína e condenação a coisas e uma vida de fragilidade,tenho certeza de que o ponto fraco deve ser mantido em sigilo absoluto, contudo,consegui perceber a pequena necessidade de deixar evidente,pois assim como faço muitas vezes,esse homem não se contenta em que as pessoas saibam,Zayn gosta de demonstrar como se importa e presa pela segurança daquele com quem se importa. Não sei ao seu certo como ele se referir a mim, entretanto consigo sentir algo vindo dele, consigo perceber uma certa" emoção" vinda dele e por mais que possam ignorar,esse "algo" é perceptível.
— Pensar demais pode ser um problema — seu comentário seguido de um curto sorriso vindo acompanhado de um suspiro parecia uma intimação para ambos.
— Então concordamos que devemos ignorar certos pensamentos — me aconchegante em seu peito,suspirei entregando o quão farta estava daquela situação que sempre estava presa.
Por longos minutos, permanecemos naquela cama um tentando desvendar os olhares do outro,no entanto, sempre que parecíamos estar perto disso, encobriamos todas as emoções. E com o passar das horas,me vi obrigada a levantar-me e colocar uma roupa apropriada para mais um dia no colégio suportando os olhos perseguidores da mulher que conseguiu meu ódio.
Em frente ao prédio educacional,suspirei mais uma vez e voltei meu olhar para Zayn,esse que parecia distante em seus pensamentos. Desde o momento em que deixamos seu apartamento,o moreno ao meu sequer dirigiu a palavra a mim,ao menos olhou em meus olhos,ele apenas tomou direção a esse lugar que odeio incansavelmente e se manteve em silêncio. Era como se estivesse me ignorando, tentando me afastar indiretamente. Então, entendendo seu pedido silencioso,abri a porta do carro e tomei direção ao portão de entrada sem ao menos olhar para trás. Por mais que me denominasse uma pessoa esperta e inteligente,deixei que minha mente e minha debilidade se iludice com algo tão banal,vi nele alguém que pudesse contar mesmo que não tivesse a liberdade para expor meus problemas. Vejo que estava me enganando.
Em frente a meu armário,apanhei alguns livros enquanto tinha a certeza de estar sendo monitorada a cada segundo,tanto pelos alunos daquele ambiente quanto pela secretaria desse lugar. Dizer que não me importa é um hipocrisia de minha parte,no entanto, controlando meus impulsos e tornando tudo a minha volta insignificante o bastante para não me afetar, consigo administrar esses olhares e essa perseguição que não irá interferir em praticamente nada em minha vida. Seguindo para a sala de aula de um dos professores assediador dessa instituição,me preparei mentalmente para segue ter aqueles olhares indiscretos.
Durante os horários que se seguiram,me mantive concentrado em tudo que fosse o suficiente para impedir minha mente traidora de pensar em coisas irrelevantes para situação imposta. E quando pude finalmente deixar aquele lugar, não aguardei um minuto sequer em recolher meus pertences, guardá-los no armário e deixar aquele colégio sem olhar para quem chamava por meu nome ou quem estivesse atrás de mim. Com os fones de ouvido e uma música alta tomando minha audição,segui caminhando para o único lugar onde poderia estravazar e ficar em paz até ter de voltar para a casa que mais parece um hospício,o meu hospício que promete me deixar longe de minhas capacidades mentais.
Ao chegar e encontrar o único homem que poderia ser considerado corajoso o bastante para me desafiar,lhe cumprimentei tendo uma resposta de imediato,daquele momento em diante,parecia que na academia só existia eu,minha desestabilidade emocional e o homem denominado Ravi Rodriguez. Por longos minutos e até horas permaneci ali,em um treino intenso e com tamanha adrenalina que me fazia sentir a exaustão durante a noite,a cada chute e soco desferido fazia com que meu corpo reagisse de maneira inusitada,usando cada centímetro de resistência,cada segundo de impulso físico. Forma errada,porem estava sendo o mais correto para se fazer naquele momento. Ao me sentir casada e com o corpo completamente molhado pelo suor,me sentei naquele chão e respirei profundamente tentando controlar minha respiração desregulada.
— Sabe,me pergunto o que causa esse seus sentimentos intensos. A cada dia que se passa,você entra nessa academia com frustrações uma mais fortes do que a outra, pensamentos distantes e uma raiva incontestável — sentando-se ao meu lado, Ravi olhou diretamente para mim como se desejasse um porque para ser tão intensa desta forma.
— Problemas todos temos,mas são poucos que não sabem como fazer para soluciona-los. Posso resolver cada um deles,mas não posso tirar esses sentimentos negativos de dentro de mim, não sou capaz de ignorar o que ambos me causaram — cedendo a poucas informações,tirei as luvas de minhas mãos e olhei para si o tendo me encarando um tanto curioso.
— Você é um livro que vale a pena desvendar. No entanto,me pergunto se o que se pode descobrir é algo intenso e seguro,ou se pode causar uma ameaça nas vidas alheias. Te admiro, Ayla — seu comentário me fez sorrir negando o tamanho de sua insegurança.
Ele era uma pessoa que estava disposta a te ouvir, não criticava e muito menos poderia lhe julgar, Ravi se tornava um bom ouvinte para diversas situações. Às seis da noite cheguei em casa e pude encontrar meu avô sentado no sofá da sala de estar enquanto lia um livro e minha avó fazendo algo na cozinha,no entanto, não gostando de ambos e relembrando das coisas que ouvi,segui para meu quarto e tranquei a porta. Deixando a pequena mochila sobre a cama,segui para o banheiro tirando as peças de roupa de meu corpo revelando as marcas da noite passada,os chupões e marcas da mão dele por ter feito pressão nos apertos em minha cintura. Com a água caindo sobre meus cabelos e molhando cada centímetro de meu corpo senti a tensão se esvair,porém tinha a certeza de que seria por pouco tempo,pelo menos até ficar nessa zona enlouquecedora. Três semanas,esse será o tempo que deveria ceder para as chantagens daquelas duas pessoas,um curso período para poder controlar minha vida sem tê-los me ameaçando a cada cinco minutos. Talvez a liberdade seja um das coisas mais caras de se adquirir,algo que nem todo dinheiro do mundo pode pagar.
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Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]
Teen Fiction17 anos de pura sabedoria e marra,mas sempre mantendo a pose de "boa menina" que seus avós acreditam que ela seja. Órfã de pai e mãe,Ayla Sintori passou a viver com os avós paternos,tendo que se mudar de cidade deixando tudo para trás,a garota d...