chapter forty six

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Ayla Sintori
Londres

   

      Quando criança,nos perguntamos o quão os adultos podem complicar suas vidas, questionamos a capacidade de fazer algo tão simples se tornar catastrófico, então,o tempo passa e crescemos juntamente a ele, aprendemos diversos ensinamentos e passamos por situações jamais cogitadas. Passamos a entender que, diferente do que pensávamos em dada época,o mundo nunca fora aquele conto de fadas e um mero deslize,pode danificar uma vida inteira, entendemos que diferente da nossa mente imatura,o "sim" as vezes tem de significar não. É um vasto campo de incertezas,algo longe de nosso controle.

     E mesmo que tenha feito as minhas escolhas,aceitado aquelas consequências e me aberto para novas experiências, aquela cicatriz sempre permaneceria,estaria ali para me lembrar do que fui capaz de fazer e abrir mão. Poderá ser coisa de momento,em um dia onde poderei me sentar na varanda da minha casa em companhia das lembranças que criei,poderá sempre ser um momento de melancolia, entretanto, jamais conseguiria dissipar aquilo que me deu esperança de um futuro,de uma vida melhor longe dos muros que desenvolvi para me algo proteger,para ser uma pessoa que meus pais queriam que fosse.

    Então, percebendo o que estava fazendo e a forma na qual estava começando a me machucar por coisas que não deveriam me importunar durante a próxima semana que teria início, respirei profundamente e engoli a seco. Precisava me encontrar com Trevor e Lili,seria uma noite de diversão em uma boate que ambos conheciam e frequentavam. Não deveria deixar que o passado se manifestasse,mesmo tendo de estar frente a frente com ele durante a noite inteira.

    Me vesti casualmente,abandonei aquele estilo que minha profissão e Jhonatan exigiam. Me permiti ser a Ayla de cinco anos atrás,aquela garota que se mudou para essa cidade após a perda dos pais,a mesma que teve de suportar um ano inteira de dores e humilhações. Estava preparada para me acertar com as pendências daquela antiga pessoa, adepta a esquecer o que perdi com minha personalidade.

    Com as chaves minhas chaves em mãos,segui para a sala de estar,onde encontrei meu celular e a bolsa que havia usado durante um dia inteiro caminhando por essas ruas. Me sentia bem, tranquila para passar horas com meus amigos,no entanto,tudo isso evaporou como o vapor,com a brisa que bate e vai embora: Jhonatan havia me enviado uma mensagem,algo que me fez ter a certeza do quão nosso relacionamento se encontrava calejado e, infelizmente,a maneira como ele tentava me machucar:

   “ Estamos em um impasse, Ayla. Suas decisões estão me afetando,e por mais que confie e saiba o quão fiel e sincera você sempre fora comigo, não consigo esquecer o fato de que ele está por perto,a forma como ainda consegui mexer com sua cabeça e coração. Não pense que estou lhe acusando,no entanto,sou capaz de sentir o que está se submetendo a fazer. Então,entenda isso como um "passe livre",quero que haja como se não tivéssemos um compromisso, faça o que sentir vontade. Estou lhe deixando "livre " por essa semana. Conversamos ao seu retornar.
     Te amo!”

      Ele não entendia. E mesmo que meus olhos estivessem carregados pelas lágrimas que arriscavam a cair com tamanha facilidade,optei por não respondê-lo,por não insistir em algo que Jhonatan se recusava a entender. Então,após respirar profundamente por quatro vezes,deixei aquele amargamente. Tinha a esperança de que minha noite terminaria bem e aconchegante.

     Quando estacionei próximo ao estabelecimento em que Trevor e a noiva aguardavam minha chegada,voltei a encarar o aparelho celular preso no suporte; por mais que estivesse magoada com a situação em que me encontrava vivendo,apesar de estar com o coração apertado por estar ciente de toda a desconfiança que ele tem sobre mim,ainda assim gostaria de ouvir sua voz,de dizer que em momento algum,teria coragem de lhe trair,pois não existe "passe livre" em um relacionamento. Então,deixei uma mensagem gravada:

Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora