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🌷Valentina Garcia🌷

Encaro a rua através das grandes janelas da minha sala, litando internamente para não permitir que as lágrimas caiam, eu não tenho esse direito. Fui eu quem a abandonou, fui eu quem fiz mal a minha filha e lhe dei mil motivos para que a mesma me odeie eternamente.

Fui a sala de Eduardo porque, sendo uma lesada como sempre, esqueci de trazer a bombinha para tirar o leite. Neste momento os meus seios estão pesados, está doendo e estou sentindo o leite ficando duro. Ia pedir para ele me ajudar, para mamar um pouco, só não esperava que a minha filha estivesse lá.

Eu juro que se soubesse não teria ido, teria a poupado de me vê e com isso desencadear todas as lembranças. Eu não queria que ela me odiasse ainda mais, não estava preparada para vê o seu olhar cheio de ódio e rancor na minha direção. Aquilo está doendo de uma forma tão grande.

Levo minhas mãos ao meu rosto, passando por ele diversas vezes, tentando me acalmar o pouco que fosse. Na minha cabeça só se passam momentos que vivi com a minha Aurora, o quanto a nossa historia é difícil e doloroso. Uma historia que me machuca cada vez mais, acredito que esta sempre será uma ferida aberta no meu peito, ferida essa que irá sangrar todos os dias que eu me lembrar. A única forma de conseguir tratar ela seria com o apoio da minha filha, minha menina, mas como podemos perceber, isso é impossível.

Eu só queria uma oportunidade de olhar no fundo dos seus e, com todo o meu coração, lhe confessar que eu ainda a amo com todo o meu coração. Queria lhe confessar o quanto me arrependo por tudo que a fiz, o quanto me culpo por não ter sido forte o suficiente e lutado para que ela continuasse ao meu lado. Eu só queria que ela soubesse o quanto é amada, o quanto todos os dias choro sentindo a sua falta, imaginando como tudo poderia ser diferente. Eu só queria a oportunidade de lhe contar como tudo aconteceu, a minha historia. Eu só queria uma oportunidade.

_Não quero vê ninguém, volte mais tarde por favor.___ Falo de costas para a porta, dirigindo as palavras para a pessoa que acabara de entrar.

É claro que eu seria burra o suficiente de não trancar a minha sala.

_Nem mesmo eu minha linda?___ A voz doce de Eduardo ecoa pelos meus ouvidos.

_Edu.___Falo chorosa, virando a cadeira na sua direção. 

Estendo os meus braços, chamando por ele como se fosse um bebê. Eu só preciso do abraço dele nesse momento, eu só preciso do homem que amo agora, assim talvez fique mais fácil lidar com essa dor tão grande no meu coração. 

_Oh minha pequena.___ Fala carinhoso, vindo até mim. 

Eduardo me levanta da minha cadeira, sentando-se no meu lugar, colocando o meu corpo por cima do seu. Sento em seu colo como se fosse um bebe, encolhendo-me em seus braços em busca de proteção, permitindo que um pouco dessa dor sai em forma de lagrimas. Eu não queria chorar, queria ser mais forte por saber que tudo é culpa minha, mas eu simplesmente não consegui.

_Ela me odeia Edu, a minha filha me odeia.___ Exclamo em meio ao choro.

_Não Valentina, ela não te odeia.--- Nega com a cabeça, fazendo carinho em meus cabelos.

_Odeia sim.___ Falo manhosa, semelhante a uma criança mimada.___ Viu a forma tão seca que ela me olhou? Ou como ela proibiu o meu neto de chegar até mim?. Ela me odeia, acha que eu seria capaz de fazer algum mal ao pequeno.

_Aurora só se deixa ser muito levada pelas pessoas, não está pensando por si própria.___ Argumenta.

_Eu a entendo Edu, eu faria a mesma coisa se estivesse em seu lugar. Fiz tanto mal as pessoas, só mesmo um louco seria capaz de me amar depois do meu passado todo.___ Falo com tristeza, sabendo que essa é a verdade.

Depois do amanhãOnde as histórias ganham vida. Descobre agora