Capítulo 2

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⚠️ AVISO DE GATILHO ⚠️
(Temas sensíveis: agressão, abandono de incapaz, homicídio, violência, sequestro, estupro, etc. Se você se sente desconfortável, NÃO LEIA!)

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Boa leitura!



JEON JUNGKOOK
Nehasso, País de Salid


— Você partiu, mas deixou todos os seus pedaços para trás. Você não está mais aqui, mas eu te vejo em todos os lugares. Te procuro em outros rostos, e na neblina de uma fumaça invisível, eu me perco, completamente incapaz. Me desencontro de mim mesmo, buscando quem um dia fui, rendido em teu lençol lilás. — Digo, em voz baixa, com um cigarro apagado e uma caneta antiga em mãos, tentando escrever alguma coisa útil e romântica, mas nada do que eu penso me satisfaz.

Arremesso o diário em direção à parede, frustrado.

Me sento na beira da cama, apoiando uma das mãos no colchão macio, enquanto uso a outra para levar o cigarro à boca.

É difícil ser um cara romântico nessa merda de país.

— Até quando esse lugar será assim? — Murmuro, simulando uma tragada. Sinto o conteúdo inexistente me invadir e logo sopro a fumaça invisível pela boca.

Eu tenho esse hábito estranho de fumar de mentirinha desde os meus quinze anos, porque isso, de alguma forma, me acalma.

É um truque psicológico que eu pratico comigo mesmo, sem permitir que a vontade de acender o cigarro de verdade me domine.

É, estranho, eu sei.

Mas funciona.

Longos dezessete anos fazendo isso e eu nunca cheguei perto de um isqueiro.

— Isqueiro, isqueiro... — Balbuciono, tentando pensar em algum poema que poderia criar com essa palavra.

Porra, eu sequer sei a diferença entre poema e poesia.

— Tua boca é um isqueiro, incendiando o cigarro que há entre nós. E eu trago, tão profundamente quanto posso, te entregando a minha vida em um passo veloz. — Penso em voz alta, me jogando no colchão, de olhos fechados.

É, bem mais ou menos...

Quem sabe com algumas modificações não fique melhor?

— Argh! Isso é uma droga! — Agarro os meus fios de cabelo com força, irritado.

Se eu não gostasse tanto de escrever essas coisas estúpidas, já teria jogado para o alto e mandado para a puta que pariu.

Não entendo porque gosto tanto disso, já que eu não entendo nada de coisas românticas.

Nunca vivenciei algo assim.

Talvez a carência de romance tenha me tornado um escritor que ansia por isso de alguma forma, nem que seja através de poemas.

Ou poesias.

Nunca sei como se chama.

Ah, foda-se.

— Até quando eu serei assim?

Tiro o cigarro da boca, o segurando entre os dedos, fitando o teto preto do quarto. Meus olhos correm pelos pequenos e finos traços prateados desenhados na escuridão, simbolizando algumas constelações que se transformam em uma árvore de cerejeira.

Ossos em ChamasTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon