XI

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De fato, a égua de Tommy venceu a corrida. Selenia nunca havia visto tantos homens vibrando pela mesma coisa ao mesmo tempo. Ela sentiu braços fortes agarrando sua cintura e seus pés deixaram de tocar o chão, em um impulso, se agarrou aos pulsos de quem a havia segurado. Ela viu Arthur Shelby olhando para cima e sorrindo quando a sentou em seu ombro, definitivamente, ela não esperava por isso, o homem gritava feliz da vida que ela era a razão para metade dos homens do lugar terem ganhado um bom dinheiro e balançava ela nos ombros como um boneco. Ela viu Hiraeth olhar estranho, assustada, mas depois começou a rir, nunca havia visto a irmã naquele tipo de situação. Ao mesmo tempo, Michael, ao ver a cena, correu até Thomas e Jhon, que conversavam sorridentes com outros homens. Ambos fecharam os sorrisos do rosto e se apressaram em ir ajudar a mulher.

Selenia estava prestes a dar um soco no nariz de Arthur quando mãos enormes seguraram seu quadril, ela pensou que fosse cair quando foi puxada, mas Jhon Shelby olhou firme em seus olhos, lhe dando a segurança que precisava para apoiar as mãos nos ombros do rapaz enquanto ele a colocava no chão. Ela viu Thomas puxar Arthur para um canto e começar a falar com ele seriamente, o homem alternava o olhar entre ela e o irmão, mas pareceu entender o que Thomas queria dizer. Selenia sentiu a pele do quadril formigando por baixo do tecido do vestido, ao voltar sua atenção para o momento, se deu conta de que Jhon ainda a segurava, ele estava perto demais e isso a deixou zonza por alguns segundos.

- Obrigada. - Ela esboçou um sorriso aguado e empurrou o peito do rapaz levemente enquanto se afastava dele.

- Arthur pode ser temperamental demais. - Jhon ainda a encarava quando disse isso, ele não havia se mexido nem um milímetro. - Ele assusta as vezes, mas não faz por mal.

- Está tudo bem. - Ela escorregou as mãos pelas laterais do vestido, ajustando o tecido. Jhon Shelby acompanhou as mãos delicadas da mulher, se perdendo lentamente em suas curvas. Ele pensou em como seria ter aquelas mãos em seu corpo, aqueles lábios nos seus. - Eu só não gosto de chamar tanta atenção.

- É engraçado você dizer isso. - Jhon mordeu o lábio inferior levemente, tantas ideias passeavam por seus pensamentos naquele momento, suas mãos queriam mais daquela mulher. - Tem chamado atenção desde que pisou aqui, Spellman.

- Mas não por estar sentada no ombro de um homem casado. - Ela retrucou, tentando não prestar atenção no quanto os lábios do rapaz eram convidativos.

- Agora você é a bruxa dos Shelby. - Jhon riu da expressão que surgiu no rosto dela, sabia que não iria gostar do apelido.

- Ainda bem que isso termina hoje. - Ela disse calmamente e sorriu.

A realidade de que só haviam passado vinte e quatro horas que Jhon a conhecia o atingiu em cheio, por quê não era assim que ele se sentia. Estava completamente enfeitiçado pela bruxa Spellman, como ele a chamava quando ela não estava perto. Ele tentava desviar a atenção dos irmãos do seu interesse descarado nela fazendo piadas sobre o que ela fazia e seus dons, mas isso não convencia ninguém. Ele queria mais tempo, queria conversar com ela a sós, perguntar sobre sua vida e, principalmente, sobre os pretendentes, que se acumulavam aos montes. A possibilidade da mulher ser virgem nem passava por sua mente, ela era atraente e decidida demais para não ter o homem que quisesse aos seus pés. Ele queria provar cada canto do seu corpo, queria descobrir as áreas que somente a intimidade o permitiria ver, pela primeira vez desde que se entendia por gente, Jhon Shelby não só queria acreditar nas loucuras que sua tia Polly dizia, como queria obedecer-lhe.

O Garrison estava cheio de homens felizes e com os bolsos cheios de dinheiro. Arthur havia convencido Selenia a acompanhar os irmãos na comemoração da vitória alegando que ela ficaria sozinha em casa, já que sua irmã estaria "se agarrando com Michael pelos cantos". Ela aceitou o convite, não por quê ficaria sozinha em casa e sim por quê já fazia um bom tempo desde a última vez em que havia se divertido de verdade, sem se preocupar com Hiraeth em casa sozinha. A moça nunca reclamaria de cuidar da irmã, era a melhor coisa que existia em sua vida e ela não se arrependia de absolutamente nada que já tinha precisado fazer para manter Hiraeth segura, mas, agora que a mais nova também era uma mulher, até mais do que ela no quesito relações físicas, ela não precisava se preocupar tanto assim. E ter uma tarde livre, sabendo que sua irmã estaria bem na presença de Michael, seria ótimo.

- Selenia! - Polly gritou entre a multidão animada. A mulher caminhou com um sorriso no rosto e os braços abertos.

- Polly! - Selenia sorriu e não demorou em abraçar a mulher. Jhon olhou assustado para Thomas, a tia não costumava ser receptiva com absolutamente ninguém. Ele ficou nervoso ao imaginar que Polly abriria o bico sobre as visões que teve relacionadas aos dois, mal sabia ele que Selenia já havia visto as mesmas coisas.

- É muito bom te ver de novo. - Ela apertou os braços nas costas da moça. - Não sabia que viria hoje.

- E ela não vinha. - Arthur apareceu, segurando uma garrafa de whiskey. - Mas eu a convenci.

- Você deveria estar em casa, com a sua esposa. - Ela o olhou feio e o homem saiu rindo, ele não estava nem aí.

- Soube o que fez pela égua do Tommy. - Polly arrastou a mulher para uma mesa vazia e se sentou de frente para ela.

- Ele disse que você mandou me procurar.

- Eu sabia que tinha alguma coisa errada. - Ela suspirou. - Mas não conseguia resolver.

- Alguém colocou uma espécie de feitiço nela. - Selenia disse. - Realmente queriam que Thomas perdesse hoje.

- Mas isso não aconteceu. - Polly disse animada e levantou a mão, chamando um garçom. - E vamos beber a isso.

- Onde está Ada? - Selenia passou os olhos pelo salão do bar, mas não viu nada além de olhares voltados para ela.

- Ela prefere não se misturar muito com os negócios da família. - Polly deu de ombros e serviu duas doses generosas da garrafa de whiskey que havia sido posta sobre a mesa.

- Entendo. - Ela assentiu, entendendo que era um assunto delicado. - E como vão as coisas?

- Sempre existem preocupações, mas, da forma dos Shelby, está tudo bem. - Polly sorriu. Selenia notou um olhar diferente da mulher para ela, os olhos de Polly pareciam saber mais do que ela realmente falava e isso fazia sentido, já que a mulher era agraciada com sonhos premonitórios. Ela decidiu ignorar os olhares da mais velha e continuou conversando com ela sobre várias coisas.

Fix You -John ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora