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A casa inteira desatou a conversar sobre o assunto, ninguém parava um só minuto, Jhon foi arrastado por Arthur, Finn e mais um milhão de homens para discutir coisas que, aparentemente, só acabariam no próximo século, e Selenia se incomodou bastante com isso, por isso saiu para o jardim e se sentou em baixo de uma árvore. As crianças saíram correndo logo atrás dela, passaram a brincar do lado de fora, enquanto a mulher se perdia em pensamentos. Haviam inúmeras pessoas para as quais Thomas poderia ter entregue a direção da empresa, mas ele já havia pensado naquilo. Ela sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, mas ainda tinha esperanças de que demorasse um pouco mais, afinal, ela se viu casada com Jhon Shelby e isso ainda não havia acontecido.

Thomas observava a mulher pela janela do escritório. Ele partiria em breve, mas não antes de lhe contar tudo que sentia e revelar seus motivos para ir embora. O homem não queria pensar, de jeito nenhum, que estava tentando passar a perna no irmão e roubar sua mulher, nem achava que conseguiria, mas, uma parte dele, queria, insistentemente, acreditar na mentira de que Selenia seria capaz de largar tudo e seguir com ele caso fosse convidada. Ele agradeceu por ainda ter controle sobre suas faculdades mentais, ou estaria em grandes problemas se tentasse algo a mais. Tommy aproveitou que Jhon estava preso na sala de reuniões e se dirigiu lentamente até o jardim, olhando para os lados vez ou outra enquanto caminhava, para ter certeza de que ninguém da família o estivesse vendo, ele falaria tudo para ela e no dia seguinte iria embora, deixaria que ela decidisse contar ou não ao irmão.

É engraçado pensar que, se fosse no início de tudo, Selenia provavelmente aceitaria ir com ele. Não como sua amante, como ele queria, mas como amiga. A mulher sempre teve uma necessidade extrema por algo que nunca soube o que era, mas só se sentia em paz quando estava vagando pelo mundo. Esse foi o principal motivo pelo qual ela se deixou dominar pelos sentimentos que nutria por Jhon Shelby, ele foi a única pessoa no mundo que a fez ter vontade de ficar. Mas, ela ainda sentia, quando olhava para o céu em toda a sua imensidão, que não pertencia ao mundo ou ao tempo em que estava vivendo, de alguma forma, ela sabia que seu espírito sentia falta de um lugar onde já esteve e não poderia mais voltar, sempre que seu peito apertava, ela procurava sentar do lado de fora de casa e observar as estrelas, se sentir pequena diante da imensidão que o universo representa era a única coisa que acalmava a mulher. E, Thomas Shelby nunca iria saber disso, mas, se tivesse se decidido um pouco antes, talvez recebesse a chance de conquistá-la, não importando as visões de Polly ou de quem fosse, apenas nossas decisões no presente são capazes de mudar o nosso futuro. No final, dois passos para frente ou um para trás não são coisas diferentes, ambas ações nos tiram do lugar onde estávamos.

- Atrapalho? - Ele perguntou, em um tom mais baixo que o normal.

- De forma alguma. - Selenia lhe deu um breve sorriso quando o viu.

- Desculpe por ter enfiado o Jhon no meio disso tudo. - Ele olhou atentamente para a grama onde a mulher estava sentada e, no fim, decidiu se juntar a ela.

- Está tudo bem. - Ela deu de ombros. - Uma hora ou outra isso iria acontecer.

- As vezes me esqueço que você pode ver o futuro. - O homem se recostou na árvore, não se importando com seu terno caro ficando úmido em contato com a grama.

- Não mais. - Ela sorriu amplamente, falar disso agora a deixava feliz.

- Você sabia que eu iria embora? - Ele a encarou com curiosidade.

- Não. - Selenia analisou Thomas, se surpreendendo ao se dar conta de que ele estava sentado no chão, nunca havia visto isso acontecer. - Mas acho que você não vinha pensando nisso a muito tempo.

- É verdade. - Ele suspirou. - Eu decidi há poucos dias.

- O que te fez tomar esse rumo? - Ela cruzou as pernas como se fosse um Buda se virou de frente para Thomas.

Fix You -John ShelbyWhere stories live. Discover now