Capítulo 66

499 64 1
                                    

POV. LUNA

Parada em frente a porta da Verena, sinto toda a minha coragem se dissipar. Acho que estou com medo. Eu estou com medo. Ela não se lembra de mim, será que pelo menos me escutará?

Ela é a minha amiga, me ensinou tudo que sei hoje sobre arco e flecha e meus poderes.

Eu desejo tanto que se lembre de mim.

Orion me dá espaço com o Gael, os dois ficam distantes para eu conseguir ter a conversa com a Verena.

— Oi — Digo quando ela abre a porta, e vejo por uma fração de segundos um sentimento em seus olhos antes de se transformar em apenas olhos.

— Se é um andarilho, não quero comprar nada — Tenta fechar a porta, porém, eu enfio o pé antes.

— O que eu vou te dizer vai parecer um pouco estranho, mas eu preciso que me escute — Minha voz sai desesperada demais — Nos conhecemos antes, você me ajudou a treinar arco e flecha a pedido do seu irmão Orion.

Sua postura muda e sua expressão fica mais rabugenta.

— Ele te mandou aqui, não foi? — Estala a língua no céu da boca — Que ele vá para o inferno.

Fecha a porta na minha cara.

Começo a chamá-la pelo nome enquanto bato na madeira gasta. Acho que fico por mais de meia hora tentando me comunicar com ela, mas nem sinal.

— Melhor irmos, já vai escurecer — Orion puxa meu corpo para começarmos a andar.

Verena. Me perdoa.

— Precisamos ir para Siel — Me afasto do toque do Orion e começo a andar mais rápido — É a única que vai se lembrar de mim, e talvez ela corra perigo caso o meu pai deseje me ameaçar.

Noto a expressão de pena vindo do Órion, a maneira como me olha agora, como se eu estivesse sofrendo.

Eu vou ficar bem, eu fiquei dezessete anos sem me lembrar do rosto da minha mãe. Posso aguentar.

**

Gael nos deixou na metade do caminho, disse que precisava visitar a família para dizer que estava bem, depois nos encontrou na última cidade de Aura. Meus pés já estão me matando, acho que deu bolhas d'água.

Tentamos chamar pelo Argos nesse meio tempo, apenas para testar, mas o animal não apareceu.

Orion não conversa comigo sobre isso, até agora não disse o que acha, mas eu acho que sei o que ele pensa. A vida do Argos chegou ao fim, sua missão foi completada e o ser seguiu seu caminho.

Paramos para beber água em uma nascente e depois seguimos o caminho para a fronteira.

**

Passamos pela fronteira, e parece que o meu mandado ainda está funcionando, já que não fomos barrados. Isso é estranho, meu pai já teria retirado a minha ordem uma hora dessa.

O Órion me emprestou o seu casaco na metade do caminho, o frio aqui dói os ossos já que não é uma neve natural.

Meu coração bate tão forte contra o meu peito que eu sinto que minha carne vai rasgar para ele sair.

Por favor.... por favor, acredite na minha história.

Ela precisa acreditar que eu fui adotada pela família real, precisa acreditar no que eu me tornei, precisa....

— Onde é que ela vai estar? — Gael pergunta quando paramos de frente para um entulho.

— Eu não sei, no orfanato que não será. Ela tem mais de dezoito anos.

Tenebris - Filha da Guerreira Da Terra (livro 1)Where stories live. Discover now