Sinestesia em dó maior

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Kyungsoo não acredita em fantasmas

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Kyungsoo não acredita em fantasmas.

Seus pais sempre frequentaram a igreja, mas nunca foram muito devotos às narrativas sobre espíritos malignos. Os jovens do coral cristão inventavam histórias sobre a capela: que ouviram sussurros, que viram vultos do outro lado da janela ou que presenciaram o fantasma de uma mulher pisoteando a grama com os pés descalços.

Ainda adolescente, Kyungsoo achava uma grande bobagem. As famosas almas penadas só existiam para entreter as massas cansadas em filmes de terror, vender uma ideia mais econômica de fantasia de Halloween e assustar os amigos com lendas urbanas inventadas na internet em excursões do colegial.

Fantasmas não são reais.

Fantasmas não existem. Ao menos é nisso que sempre acreditou.

Mas hoje, em especial, Kyungsoo não se importaria de ter sua teoria refutada. Preferia ver uma assombração cara a cara do que enfrentar a expressão perplexa no rosto de um dos melhores amigos.

Sua boca se abre e os olhos saltam das órbitas.

— Jong... Jongdae?

Quando o garoto de dentes reptilianos dá um passo em sua direção, Jongin reage quase imediatamente. Como um super-herói de quadrinhos, ele entra em ação e se coloca entre os dois amigos, cobrindo parte do corpo de Kyungsoo com os ombros largos.

— Calma, cara — ele pede, com as mãos estendidas. — Vamos conversar.

Jongdae chacoalha a cabeça. Ele parece um peixe fora d'água: confuso, desesperado e buscando por ar. Os dois apenas o assistem se debater sozinho com seus pensamentos desconexos.

— Sinceramente? — ele pergunta. A voz carrega uma pontada de decepção e incerteza, como se ainda não tivesse assimilado a informação por completo. — Não sei se quero escutar isso.

Kyungsoo se coloca na frente outra vez.

— Você precisa escutar.

— Escutar o quê? Que você fingiu namorar alguém pra arrancar dinheiro da gente? Porque eu tenho certeza de que já ouvi tudo.

Ao longo da vida, Kyungsoo já ralou os joelhos dezenas de vezes ao andar de bicicleta. Já quebrou um braço em uma desventura impensada de infância, queimou a mão numa assadeira de bolo e torceu o tornozelo lutando judô. Nada doeu mais que o olhar ferido estampado no rosto do amigo.

— Jongdae... — ele começa, mas não sabe como terminar.

Jongdae resmunga em voz baixa, andando de um lado a outro no banheiro assombrado. Ele parece prestes a arrancar os próprios cabelos, o que é preocupante, já que ele tem predisposição genética à calvície.

— Meu Deus, esse tempo todo... — Ele aponta para eles. — Esse tempo todo, Kyungsoo, vocês... Foi tudo mentira?

— Não! — responde, quase grita.

Amor em Quatro AcordesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora