8. Para ti avô

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Querido Avô,
Se pudesse voltar atrás no tempo teria escrito estas palavras para que as pudesses ler em vida. Ainda assim, não deixo de sentir cada palavra e o peso da responsabilidade que é escrever sobre ti.
Viveste uma vida longa, rodeado de pessoas que sempre te quiseram bem. Família ou amigos, a tua mesa nunca esteve vazia. Nunca foste mais um no meio de doze irmãos. Sempre te destacaste pelo carisma, inteligência, bondade e pensamento demasiado à frente para o teu tempo.
A avó partiu há muitos anos e ainda que sofresses com a sua ausência nunca o demonstraste. Fizeste o papel de avó e avô durante todos estes anos como ninguém, para que nem eu, a Camila, a Cristina ou o João sentíssemos que a família estava incompleta. Se fechar os olhos ainda consigo sentir o cheiro do teu frango assado no forno. Era a especialidade da avó e tu fizeste de tudo para a tornar a tua também. Estes pequenos gestos sempre derreteram o meu coração e agora que partiste sinto que não disse vezes suficientes o quanto gosto de ti.
Nunca vou esquecer as nossas férias de verão. Era a única altura do ano em que nos juntávamos em tua casa para desfrutar do campo e aproveitar a tua companhia, sem pressa de voltarmos à azafama da cidade. Ainda que estivesses habituado a estar sozinho, os teus olhos brilhavam à medida que a confusão se ia instalando. Era uma casa cheia, como costumavas dizer. Sempre disseste ao pai que o papel de um avô não é educar, mas sim mimar. Mimaste-me e mimaste-nos muito, mas ensinaste-nos mais do que possas imaginar.
Sei que a família não se escolhe. Mas, se eu pudesse escolher, escolher-te-ia mil vezes sem hesitar. Obrigada por fazeres parte da minha vida.

Com amor,
C.

Coisas que guardei em mimWhere stories live. Discover now