brand new person.

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* Billie's pov.

* Esse capítulo retrata uma memória central da
infância de Billie. Contém conteúdo sensível relacionados a assassinato, se você for
sensível a este tipo de conteúdo,
não recomendo ler essa parte.
Se cuidem.

Você é uma assassina, não importa o quão seja querida. — Seu sussurro ecoa mais uma vez em minha cabeça, minhas mãos trêmulas tentam manter o arco equilibrado.

Posso sentir lágrimas quentes se prenderem sobre minhas orbes, evito piscar com frequência para evitar que caíssem sobre minha bochecha. Minha respiração desregulada demonstra toda minha fraqueza, todo medo escondido atrás de uma barreira.

— Mate-a. — Meu pai ordenou, se afastando em passos lentos, me deixando sozinha com a presa. Com o alvo. Com a vítima.

Permito meu pescoço a se virar para trás, admirando o campo totalmente vazio. A minha frente, uma moça de cabelos escuros, seu rosto era completamente coberto por um pano preto, o fardamento em sua pele mostrava o porquê estava aqui.

Uma traidora. Se juntou a aqueles que nos negaram reforços, aqueles que queimaram nossa geração, aqueles que mataram os que rejeitaram o sistema cruel que foram obrigados a viver. Se juntou aos anjos.

Ela seria punida pelo seus pecados. Seria punida por alguém tão frágil quanto aqueles que matou, por um corpo pequeno, por alguém cheio de inocência. Por alguém puro.

Seria punida por uma criança.

Mas eu não seria capaz. Não seria capaz de infligir dor, de condenar a morte a alguém que parecia tão desesperado enquanto os guardas seguravam seus braços fortemente, o medo transparecia sobre seus olhos pretos, sobre seu lábio trêmulo, eu conseguia ver o suor cair de sua testa, conseguia escutar a adrenalina correr pelas suas veias de forma frenética.

— Por favor... Não! Me perdoem! — A garota gritou em desespero, me fazendo segurar o arco em minhas mãos de forma mais desajeitada. Meus dedos fraquejavam, eu conseguia sentir a pequena platéia atrás de mim vibrar em raiva. — Eu sinto muito!

A piedade me atingiu como uma bala, me fazendo soltar um soluço, e então outro, e depois mais um. Uma sequência fora de ritmo, um choro mais alto do que deveria. Então, minhas pernas se tornam fracas demais para segurar o pouco peso do meu corpo, sinto minhas mãos soltarem a arma letal, meus joelhos se chocam contra o chão, e meu choro se torna cada vez mais desesperado.

Fraca. Fraca. Fraca.

Consigo escutar meu pai passear lentamente até mim. Ele se ajoelha logo a minha frente e leva uma de suas mãos ao meu rosto, me fazendo olhar para sua feição de desapontamento.

— Você me decepciona demais para ser a herdeira do meu trono, O'connell. — Fecho meus olhos com força, esperando que isso acabe, esperando até que ele vire as costas e vá embora. Eu nunca desejei tanto que ele nunca mais voltasse.

Finalmente consigo sentir suas mãos quentes se separarem de meu rosto.

— Segure-a. — Pediu para que um dos guardas atrás viessem. Repentinamente consigo sentir suas mãos enormes em comparação aos meus braços me segurando, me forçando a olhar para a minha frente.

A garota parece estremecer em medo, se encolhendo a cada passo a frente que Hades dava. A espada em suas costas tintila quando é arrancada do guarda-mão. A garota chora ainda mais alto.

— PAI! POR FAVOR! — Clamo para que seja piedoso. Um resto de esperança brilhava em mim, talvez ainda o restasse humanidade.

Em vão, já que a lâmina vai direto ao pescoço da garota, fazendo sua cabeça cair de encontro ao chão, e o sangue se espalhar pelo barro. Meu choro se torna mais descontrolado quando o guarda me solta, levo minhas mãos até meus cabelos loiros, os segurando de maneira forte, fecho meus olhos com uma força descomunal, esperando que seja apenas uma alucinação.

— Fechar os olhos não resolverá seus problemas, criança. — Papai andou até meu corpo desesperado, deixando sua espada cair sobre o sangue derramado. — A partir de hoje você será alguém mais forte. Será quem eu te gerei para ser. — Sua voz bruta e ríspida passou reto sobre mim, me deixando para trás junto com o corpo sem vida da garota.

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Infância feliz? Não temos! Traumas? Bastante!

Always Look Behind You. - Billie Eilish. [G!P]Where stories live. Discover now