morning sex.

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O cheiro de café morno invade meu olfato ainda abalado pelas horas desperdiçadas de sono, enquanto minhas mãos apalpam o lado da cama, percebo que não há sinal de Ártemis. Meus olhos pesados denunciavam meu despertar recente, eles passavam por todo o quarto em uma completa confusão, perdidos entre a realidade e o que minha mente preguiçosa acreditava ser real.

Um gemido manhoso escapou de meus lábios, minha boca tinha o gosto amargo da manhã, e minha garganta estava levemente seca. Não tardei a alcançar a borda do colchão com dificuldade, mas quando cheguei até a mesma, tive a visão dos olhos de esmeralda me encarando encostada a beirada da porta, com um sorriso espetacular e eletrizante, que me fazia sorrir junto com ela, que estremecia cada parte do meu corpo.

— Bom dia, preguiçosa. — Sua voz doce ecoou pelos meus ouvidos, pude escutar minha consciência agradecendo por sua existência de maneira silenciosa. Entre seus dedos, uma xícara transparente que mostrava um café aparentemente forte, seu corpo era coberto por uma fina camisola quase transparente, e sua expressão era tão preguiçosa quanto a minha.

— Eu quero te foder nessa camisola. — Coloco um sorriso de lado entre meus dentes, encarando-a de cima a baixo.

— Nem um bom dia? — Não foi muito difícil adivinhar que a expressão em seu rosto era uma mistura de surpresa com luxúria, não precisei fazer esforço para descobrir que ela compartilhava o mesmo desejo obsceno que eu.

— Bom dia, princesa. Como você dormiu? — Me coloco de pé, segurando o peso do meu corpo com certa dificuldade enquanto me espreguiço.

— Eu dormiria daquela forma pela eternidade, se fosse capaz. — O pequeno sorriso estampado em seus lábios era alucinante, como uma flecha ultrapassando um coração viciado em agulhas, só que nesse caso, eu era um coração, e ela era o alívio para o meu vício.

Ártemis era o mais próximo do que tinha da dor. A incerteza de a ter distante era quase tão agoniante quanto estar por perto, mas em ambas as situações, havia a consciência que nos perturbava com fatos, tal fatos tão verdadeiros quanto as mais puras verdades. No fundo de nossas mentes, ou a menos a minha, algo sempre me lembrava sobre o possível trágico final de toda essa aventura, e de como ela poderia me trazer danos que eu levaria, não só por toda minha vida, mas por toda a minha longa e infeliz existência.

Eu não me importava com esses pequenos infortúnios, afinal, de que serve a consciência se você a perde pensando num futuro prometido?

— Eu tenho algo para você. — Ela me olha com aqueles olhos queimantes que faziam tão parte de mim quanto faziam dela. — Um presente.

— Então esse presente não deve estar aqui ainda, porque você ainda 'tá vestida. — Mordi meu lábio inferior de maneira maliciosa, os olhos queimantes se reviram com minha afirmação, um sorriso escapa de seus lábios e vai até o meu peito, acertando no ponto mais fraco, acertando naquela pequena parte que me destruiria apenas por existir, atingindo a parte humana que me restava, parte a qual apenas ela podia despertar.

— Idiota. — Ela acena com a cabeça negativamente, deixando sua mão pousar em minha cintura quando me atrevo a se aproximar, a diferença de altura é perceptível, mas sua vulnerabilidade é mais.

Ela é tudo que eu quero ter em todas as ocasiões da minha vida, para qualquer momento breve de agonia, ou para qualquer felicidade duradoura. Seria aquela abaixo de mim a quem eu chamaria quando a dor invadisse cada perímetro meu.

Sua mão desliza para fora de meu corpo, e ela vira de costas.

— Nenhum beijinho? — Faço um bico manhoso.

— Lembra quando eu te implorei um bom dia? — Ela curva sua cabeça só para me mostrar seus dentes abertos em um sorriso sarcástico e irritante.

Não muito tarde, logo após alguns segundos, volta com suas mãos preenchidas por uma caixa de tamanho médio. Minha sobrancelha se arquea enquanto um sorriso confuso se estampa em minha face.

Always Look Behind You. - Billie Eilish. [G!P]Where stories live. Discover now