III

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O Território Sul era um conjunto de cidades-Estado governado por um punhado de famílias ligadas entre si por laços de sangue, vassalagem e complexa hierarquia. Os Jeon tinham mais poder e prestígio e sua influência se estendia por quase toda parte, de um tal modo que o Príncipe de Quisa era visto como autoridade formal da região. Mas, na prática, as famílias ainda tinham poder local muito grande e se opunham a tentativas de centralização que limitassem seu domínio.

O pai de JK governou comprimindo esses limites, até Quisa ser reconhecida como capital. Teria pago um preço alto por isso, seu filho mais velho morreu em um acidente mal explicado durante uma caçada, meses antes de assumir o trono. Por causa disso, JK se tornou mandatário ainda adolescente e desde então foi alvo de dois atentados.

A suspeita caía sobre os adversários históricos dos Jeon, os Baek, que governavam a costa oeste. Quase tudo que o jovem Príncipe de Quisa tinha feito desde que assumira o governo visava a combater a influência dos Baek.

Era preciso vencer resistências para abrir o comércio com o Norte e liberar a produção de bens nas cidades, desfazendo o monopólio das federações e criando as escolas públicas, se JK tinha esperança de melhorar um pouco a vida da população, e isso ele jurou para si que faria.

Aquela manhã, JK estava na torre desde cedo com NJ e YG. Tinha recebido uma carta dos Baek e conversava com eles sobre repercussões. O chefe do clã tinha ficado sabendo da sua aliança de casamento e tentava pressioná-lo a desistir.

"Como Vossa Alteza bem sabe, Lalisa Manobal fora prometida a meu filho mais velho Baek Hyun há mais de treze anos, quando os dois eram apenas crianças. A notícia que circula sobre seu noivado, que espero seja afinal inverídica, causou a mais profunda consternação e ameaça a amizade entre as famílias"

Se os Manobal e os Baek se unissem, JK podia esquecer seus planos de governo, pois não conseguiria impor nenhuma mudança significativa às cidades mais ao Sul. Quisa até poderia vir a perder o status de capital. Para impedir a aliança que ameaçava seu futuro como governante, assim como seus planos de modernização, JK propôs se casar com a herdeira dos Manobal, oferecendo-lhes aliança alternativa com os Jeon.

"Se Baek Doo está sabendo, as outras famílias vão saber" disse NJ.

"Foram os Manobal que vazaram. Alguém tem dúvida?" perguntou YG "Eles querem assegurar o máximo de vantagem com essa história do casamento, mesmo que isso gere tensão com Quisa. Essa menina ainda está sendo rifada pela aposta mais alta"

"Eles não vão desistir do casamento. É que sabem que os Baek podem se voltar contra eles. O que querem por enquanto é proteção. Vamos enviar tropas, pelo menos dois batalhões para reforçar a segurança dos Manobal e solidificar nossa presença no Sul" JK decidiu "Não é preciso falar do casamento por enquanto, mesmo que alguns possam inferir"

Os três sentaram em frente ao mapa e fizeram planos para o preparo e envio de tropas e reforço do controle do Principado sobre as estradas que ligavam Andrus a Quisa e a outras partes do território. Passaram a manhã trancados, mas ao fim JK estava tranquilizado de novo, com boas perspectivas sobre o que iria acontecer. Tinha se preparado, tinha recursos, informação e principalmente sangue frio para vencê-los no jogo que criava para eles. Precisava apenas ter paciência e continuar com o plano.

Quando terminaram e desciam juntos para o pátio, onde o Príncipe queria acompanhar o treinamento da Guarda, NJ finalmente perguntou sobre TH.

JK evitava falar, pois sabia que o primo descordava. De modo geral, agia como se nada tivesse acontecendo e TH nem estivesse lá. Mas NJ notara todas mudanças, a melhora do humor, a energia e a disposição para os treinos, a pressa de voltar para o quarto à noite, e não sair mais, a não ser que fosse preciso ou surgisse um compromisso. JK estava passando tempo com ele, e não era pouco.

Pena de ReclusãoWhere stories live. Discover now