VI

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Era cedo quando TH entrou nos aposentos de Lady Seo-jun para a aula de desenho do início da manhã. A Senhora ainda não tinha saído do quarto, e ele ficaria aguardando no ateliê.

Uma mulher passou, sem vê-lo, arrumando apressada o cabelo e o vestido. Era Bea, a mãe de Yarin, ela estava saindo do quarto da mãe de JK, e pela hora e o estado das roupas devia ter dormido ali. Bea não tinha visto que ele estava no ateliê.

TH naturalmente estranhou, tinha quase certeza de que JK não sabia, e também não contaria a ele, mas parecia que o Príncipe não tinha muita ideia de como vivia sua mãe.

Enquanto esperava, abriu a pasta de couro que tinha os exercícios de desenho e escrita que foram passados, e já estavam feitos. Quando ela entrou na sala e o viu, seu semblante ficou sério, focado, veio logo vê-los e criticá-los. Era uma professora muito exigente, e nisso lembrava JK em várias situações, mas TH percebeu que podia melhorar mais rápido quanto mais absorvesse as críticas e se esforçasse.

Aquela manhã, ele aprendeu a fazer a tinta, mesclando o pigmento puro com gema de ovo, e um pouco de resina para melhorar a textura. O desenho já estava pronto para receber a cor, e TH começou a aplicá-la sob os olhos atentos da artista. Enquanto trabalhavam, os dois não viram as horas passarem. TH ainda ajudou preparando tinta para outros desenhos que Lady Seo-jun estava terminando.

Era para o primeiro fólio de mais um Livro da Visão, dessa vez inspirado na noiva de JK e no que se sabia sobre ela. Seria um presente de casamento espetacular, e JK implorou a mãe que o fizesse. Em seis meses ficaria pronto. Ela estava um pouco contrariada com a tarefa, reclamava de falta de inspiração da Deusa.

Servos entraram trazendo comida e foi então que pararam um pouco.

"Ah, fizemos realmente muito hoje" O clima de seriedade tinha passado totalmente, com a Senhora era assim. Dava para saber pela mudança de tom, o sorriso, e depois pelo cigarro sendo aceso "Você fuma, TH?"

"Nunca tentei. É um hábito caro... Esse tem um cheiro diferente de tabaco"

"É bem diferente. É uma erva que fumo para acalmar. E também ficar conectada com a inspiração. JK manda trazer para mim de Astrar. Mas me deixa um pouco lenta, por isso evito-a durante o dia"

Ele ainda não sabia o que pensar. Nunca conhecera ninguém como Lady Seo-jun.

Experimentou o cigarro que ela insistiu em oferecer, depois tossiu várias vezes. Um cheiro de ervas e terra entrou para dentro e deixou sua cabeça imediatamente mais leve, como se preenchida por ar.

"JK também não gostou nenhum pouco" ela riu, despreocupada, vendo suas reações "Quis que eu parasse de fumar. Está sempre pensando que vai acontecer alguma coisa comigo"

"O Príncipe é muito preocupado, ele pensa que a senhora tem um temperamento sensível"

"Eu tenho, sei disso, mas não é como ele pensa. O que JK acredita ser fraqueza, sensibilidade exagerada, é uma forma de aceitar que eu não quero fazer parte da corte ou do governo, que prefiro levar uma vida livre, sem tantas obrigações, sobretudo quando ele sacrifica tudo de si por elas. Então, ele justifica minha ausência"

"Ele se dedica demais ao Principado, vejo como ele fica e me impressiono sempre"

"Como qualquer alpha, meu filho quer realizar os planos do pai, está obcecado por isso, mas esses planos já mataram metade da minha família, não posso ter apreço por eles" ela tragou de novo o cigarro desenhando com fumaça no ar "Medo, no entanto tenho, tenho muito. Preferia que JK fosse outro tipo de Príncipe, que se satisfizesse com as frivolidades da corte e não se sentisse tão responsável por todos. Meu outro filho, na verdade, era mais assim"

Pena de ReclusãoWhere stories live. Discover now