VII

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O dia seguinte, da ida para a torre ao jantar, JK atravessou quase todo se sentindo sem chão, um estado de incerteza e temor associado a TH que não estava preparado para entender.

TH tinha ouvido sobre a viagem sem dizer quase nada, e tinha ficado tão frio, fechando-se para ele no mesmo instante. Desde ontem, JK não sabia como alcançá-lo.

Pensou então que poderia reduzir o tempo que estaria afastado. Deixando de ir a Quel, cidade da costa leste que mantinha certa rivalidade com os Baek, sendo por isso aliada do Principado. Mas NJ poderia ir sozinho, representando-o, faria até melhor, e JK estaria de volta em Quisa em menos de quatro semanas.

O dia evoluiu em torno da preparação da comitiva e do comboio que partiria em direção ao Sul. Os residentes do palácio estavam alvoroçados, pois sabiam que o Príncipe partia para selar seu noivado. O principal assunto na corte e na guarda e na cozinha, nos últimos dias, era a noiva e o romance que provocaria um conflito entre as famílias. Uma boataria se espalhou irresistível, carregando as histórias. Mesmo que ninguém falasse diretamente ao Príncipe, parecia que ele podia ouvi-las de todo lugar enquanto passava.

Assim que pôde, que terminou o que precisava ser feito e não podia prescindir dele, JK avisou NJ que subiria e só sairia do quarto para viajar, na próxima manhã.

Nos aposentos, já à luz de velas, não achou TH no quarto, na sala ou no terraço mal iluminado, e só então lembrou de procurar na sala de banhos. Encontrou-o reclinado, relaxando, aparentemente havia bom tempo, na piscina de água termal.

JK hesitou, sem saber se era bem-vindo.

TH chamou-o para dentro d'água, estendendo a mão em sua direção.

Satisfeito com a clareza do sinal e o que indicava, JK se despiu, só um pouco mais consciente da própria nudez que o habitual, sentindo os olhos do outro passeando pelo seu corpo. Andou assim até aborda, até entrar na água e se cobrir com ela.

TH estava calmo e disponível, sentado ainda no degrau dentro d'água, algumas mechas molhadas grudadas em torno do rosto.

Seu primeiro pensamento foi contar da mudança de agenda, que faria a viagem em menos tempo que previsto inicialmente. Queria que TH confirmasse que sua saída não mudaria nada entre eles e que estaria esperando por JK dali a um mês.

Confirmação essa que ele não tinha, mas também não sabia como pedir.

Entre eles, havia tanto sem ser dito. TH não poderia em tese ir embora, pois era um prisioneiro, havia um entendimento de que continuaria a ser até o casamento. O entendimento, no entanto, não era uma sentença promulgada, longe disso. E também não havia a menor possibilidade de, enquanto estivesse fora, mandar trancar TH no quarto, ou na masmorra, não depois de todo esse tempo.

TH estava sendo bem cuidado e, com as aulas de desenho, estava fazendo o que desejava, e aqueles eram motivos que JK queria crer seriam suficientes para mantê-lo no palácio. JM estava sendo igualmente bem tratado, de acordo com YG. Os dois estavam tendo a melhor vida que poderiam.

De todo modo, tinha conversado longamente com Jin, passando várias orientações, e insistindo na importância de que fossem cumpridas a risca. Tinha pedido à mãe que olhasse TH enquanto estivesse ausente e que, se possível, mantivesse-o ocupado e motivado com as iluminuras, porém sem cobrar demasiadamente. Ela apenas sorriu, compreensiva e indulgente, gostando de vê-lo preocupado. JK teve, por fim, uma boa conversa com YG e os guardas encarregados de TH.

Ali na água, sozinhos, tendo toda a atenção de TH, ficou sem saber o que dizer, pois o outro continuava calado, e geralmente falava por eles dois. Aproveitou para perguntar de novo das aulas, como fizera na noite anterior, quis saber se ele estava gostando.

Pena de ReclusãoWhere stories live. Discover now