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— Tudo bem, vamos analizar o que eu consegui descobrir durante os três dias que passaram.

Pelo que pude entender, de alguma forma reencarnei e nesse exato momento sou um bebê que ainda esta no ventre de sua mãe. Como isso é possível, não sei.

O fato de ter reencarnado e ainda ter minhas lembranças não fazia sentido, tipo, eu não deveria esquece-las? Porém, o que me deixava realmente assustada era meus pais — por mais estranho que seja chama-los assim—.

Pelo que ouvi durante esse tempo, eles se chamam Victoria e Edward Archeron.

Sim, o mesmo sobrenome dos personagens da minha saga preferida.

Mas pode ser apenas coincidência, certo? Não tem como eu ter reencarnado em um livro, seria demais para minha sanidade.

Pelo pouco que eu entendi, sou sua primeira filha. Victoria engravidou depois de muitas tentativas frustadas e estava realmente animada com a chegada de sua primogênita. Pelo que ela disse, não faltava muito para que eu nascesse, era questão de dias apenas, então eu poderia finalmente sanar minhas duvidas. Deuses, isso é muito confuso. Ser um bebê em desenvolvimento era a coisa mais entediante que poderia acontecer, não posso fazer absolutamente nada além de ouvir eles conversarem.

Agora era apenas questão ter paciência, e eu espero sinceramente que tudo não passe de um acaso bastante macabro e que não esteja em um mundo onde existe Grãos-feéricos e criaturas perigosas separadas apenas por uma muralha.

                                  ✿ 

Eu finalmente nasci.

Sim, depois de esperar por uma longa semana, finalmente chegou a hora de conhecer meus novos "pais".

O parto foi agonizante e durou horas de muitos gritos vindo de Victoria, parteiras correndo para todos os lados e um Edward mais desesperado do que a esposa — que estava mais preocupada com o marido tendo um ataque cardíaco do que com ela mesma—. Enfim, depois de horas dolorosas na minha opinião, traumatizantes, finalmente pude vir ao mundo com todo meu esplendor, ou pelo menos todo o esplendor que um recém-nascido com cara de joelho pode ter. Foi realmente humilhante quando a parteira deu tapas na minha bundinha de bebê, e acho que se pudesse falar teria dito coisas realmente preocupantes para uma criança.

Finalmente pude conhecer minha nova família e juro por tudo que se eu me parecer mesmo que pouco com a mulher que agora me tem em seus braços eu não reclamo de mais nada na minha vida.

Victoria Archeron era dona de uma beleza quase impossível. Seus olhos azuis acinzentados que olhavam para mim com tanto amor e cabelos castanhos quase loiros que agora grudava em sua testa suada. Mesmo as horas de parto e o semblante cansado não conseguira tirar sua beleza.

—Olha querida, ela tem seus olhos.— diz Edward.

—E o cabelo, ela é praticamente uma cópia minha, querido.— ela responde risonha.

—Mas o nariz é meu!— exclama o marido com uma mistura de divertimento e diversão. Sua menininha não tinha quase nada dele.

A mais velha apenas riu da cara emburrada do seu marido, sem despregar os olhos do pequeno pacotinho rosa em seus braços.

Sua menininha era linda, seus ralos fios dourados e olhos tão azuis quanto o mar em dia de tempestade, a pequena olhava para ela como se soubesse exatamente quem era e entendesse a situação. A mãe não pode negar que a inteligência por trás dos pequenos orbes cinzas a deixou um tanto desconcertada, mas logo ignorou e voltou a admirar a beleza de sua filha.

—Eu sou sua mãe, meu lírio. Vou cuidar de você, te educar e ama-la com todo meu ser.— diz a mãe, a olhando com carinho.

E conforme fora crescendo, Lilian percebeu que ela cumpriu com sua promessa.

ᏒᎬᏁᎪᎦᏟᎥᎠᎪ ᎬᎷ ᎪᏟᎾᏆᎪᏒ Where stories live. Discover now