♧| - 01 Sofia

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November 25, 2021

Aqui estou eu, parada na porta da casa dos meus pais criando coragem para tocar a campainha, já pegando fôlego para todo o sermão de irei levar por estar mais uma vez desacompanhada.

Minha família é muito estilo tradicional assim digamos, onde as meninas devem ser criadas para serem donas de casa enquanto os maridos saem para trabalhar, uma total babaquice de pensamentos antepassados e machistas.

Mesmo sendo criada no luxo e com muitas influências para que eu seguisse os passos de todas as mulheres da família, nunca consegui me conformar com esses padrões.

Com 18 anos tive que tomar a decisão que mudaria minha vida, meus pais sabiam que eu era difícil, e que não estaria disposta a seguir com a tradição de família, que é noivar a filha ao atingir a maior idade, isso é totalmente ridículo, mas como os "ótimos" pais como eles julgam ser, eles me deram opções; ou me casava com o filho de um grande médico conhecido da família, ou teria que conquistar tudo sozinha, sem a ajuda deles, cortando todas as minhas mordomias e luxos.

Eu obviamente escolhi ser livre e conquistar tudo sozinho.

Eles me deixaram continuar morando em casa até que conseguisse uma renda fixa para poder me mudar, e não vou mentir, no início foi difícil, meu primeiro trabalho foi como garçonete já em tempo integral, o lugar em que trabalhei era sempre muito lotado, não conseguia tirar 1 minuto para sentar, em compensação ganhava muitas gorjetas, oque me ajudou a sair da casa dos meus pais mais rápido, aluguei um apartamento e é ali em que renasci.

Com o tempo meus pais voltaram a falar comigo, e notei uma bela evolução da postura e pensamento deles, mas óbvio que ainda pegam no meu pé por não arranjar nem um namorado, bom as vezes é engraçado ver eles se debatendo e me mostrando um cardápio de homens conhecidos pela família para que eu os conhecesse, muitos pareciam interessantes, mas ah algo atualmente que me impede de ter relacionamentos sérios.

Mas voltando aqui no presente, tomei coragem e toquei a campainha, não demorou mais de 30 segundos para que a porta se abrisse.

– Oh querida! Finalmente você chegou, estávamos todos a sua espera – Minha mãe dizia em um tom Suave, que me fazia até pensar em que ela se esqueceu de me perguntar sobre um acompanhante, mas óbvio que a bela e linda Shelbi jamais esqueceria isso. – Novamente sem um acompanhante querida? Desse jeito vai acabar virando uma tia solteirona com nove gatos.  — Ela dizia em tom de deboche. – Vamos entre, já vamos servir o jantar.

Dou uma risada fraca escondendo o desconforto e entro na casa, caminho até a sala de jantar, no caminho encontro meu pai, tio e meu avô, sentados vidrados na televisão assistindo ao jogo de futebol  americano, no qual o time em que eles torciam estava perdendo, os cumprimento, mas sou deixada no vácuo, bem são homens, nada mais importa do que futebol, ao chegar da sala de jantar encontro a pessoa mais decente da família na qual dou um grito quando a vejo.

– Tia Mencia, você veio! – Falo em tom de surpresa e alegria misturados. De todas as pessoas da família, de longe a tia Mencia era a que mais admirava, ela não se casou jovem, nem por dinheiro, conquistou tudo que tem, e só depois de atingir seus objetivos encontrou seu amor. – Achei que passaria esse ação de graças em um cruzeiro no Caribe com seu Deus grego. – Falo em tom de brincadeira.

– Jamais perderia um jantar em família por uma simples viagem – Ela fala naturalmente ficando séria fixando seu olhar no meu, fico por uns minutos em transe até que... – Mentira, tiveram que adiar para fazer manutenções no navio, e vocês foram oque me restaram – Ela diz e em seguida damos gargalhadas.

– Ai tia você não existe mesmo viu - Recupero o fôlego depois das fortes e espontâneas risadas.

– Existo sim menina, olha aqui, não sou de papel – Ela se belisca e logo damos mais risadas. – Mas então... Novamente sem um acompanhante?

𝐃𝐀𝐑𝐋𝐈𝐍𝐆 - 𝐄𝐦 𝐀𝐧𝐝𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨Where stories live. Discover now