♧| - 12 Jason

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Não tenho muitas boas recordações da minha infância, as únicas boas que consigo me lembrar eram quando eu, minha irmã e minha mãe vínhamos passar férias na praia sem meu pai, o mar sempre despertou algo bom em mim, sentir a sua brisa, o cheiro e o melhor, admirar o por do sol sumindo na imensidão.

Agora estou aqui novamente, sentado na areia com Sofia admirando o sol se por, não estamos falando nada, apenas observando essa beleza da natureza.

Na verdade eu estou mais admirando Sofia do eu o próprio por do sol, seus olhos brilhavam e em seu rosto tinha um leve sorriso, gosto do sorriso dela.

– Sofi, posso fazer uma pergunta? – Digo.

– Dependendo da pergunta – Ela para de olhar para a paisagem e leva toda sua atenção a mim.

– Oque te faz sentir viva?

– Eu acho que já te falei como o pole dance faz eu me sentir livre, então isso me faz sentir viva – Ela dizia dando um sutil sorriso – E você Jason? O que te faz sentir vivo?

– Isso aqui, o mar, o barulho das ondas quebrando, a tranquilidade que ele passa, sempre preciso tirar o tempo para espairecer a cabeça venho á praia, e como se a agua tirasse todas as impurezas que pesam em mim.

O silencio novamente reina, ela volta a dar atenção ao sol ate que ele suma por completo.

– Me conte algo que você nunca contou para ninguém, um segredo – Digo quebrando o silencio.

– Se eu te contar deixa de ser segredo.

– Engraçadinha – Bufo e reviro os olhos.

– Ei, eu que faço isso.

– Eu sei, só estava te imitando – Nos dois rimos – Mas vai, me conta Sofi – Faço a carinha de cachorro pidão e ela bufa e revira os olhos.

– Tá bom eu conto, isso eu nunca contei nem pra Amélia, posso já ter falado que eu nunca me apaixonei ou namorei, mas é mentira, os dois.

Por essa nem eu esperava.

– Quando tinha 13 anos eu fui em uma festa de 15 de uma colega da época, e lá eu conheci o Eliot, nossos olhares se conectaram quando o vi pela primeira vez, e então ele veio ate mim e ficamos a festa toda juntos, foi passando um tempo a gente conversava todos os dias, ate que ele me pediu em namoro, nunca contei para ele de ninguém porque ele tinha 20 anos e talvez achassem estranho a nossa amizade até então, continuando aqui, ele era um sonho, me tratava super bem, era educado, um verdadeiro príncipe, eu estava realmente vivendo um sonho adolescente, pelo menos era isso que eu achava – Ela deu uma pausa respirando fundo.

­– Mas oque aconteceu depois?

– Estou chegando lá – Ela diz – Um dia uma menina desconhecida me mandou uma mensagem pedindo para que tomasse cuidado com Eliot, mas decidi ignorar, achei que deveria ser apenas uma menina que estava afim dele e queria estragar o nosso relacionamento, só não sabia como ela sabia da gente, já que fazíamos tudo as escondidas, estávamos cerca de dois meses juntos e como eu disse ele me tratava como se eu fosse uma princesa, só que eu sabia que ele já era um homem e tinha suas necessidades, tinha acabado de completar 14 anos e de presente ele preparou um jantar na casa dele para nos, e foi nesse dia que perdi a virgindade e depois do ato falei que o amava, naquele momento entreguei meu coração para ele, e ele apenas virou para o lado e dormiu.

– Mas que filho da puta.

Achava que Sofia tinha coração de pedra, e que só tinha nascido assim, jamais imaginei que alguém já tinha partido seu coração, eu jamais faria isso com ela.

– Não acabou calma que ainda fica pior – Ela riu, mas não uma risada de que aquilo era engraçado e uma risada com raiva – Depois dessa noite ele passou a me tratar diferente, queria apenas sexo, não era mais educado nem nada do que era antes – Ela da uma pausa e consigo ver uma lagrima escorrer de seu rosto – Fui tirar satisfação com ele é claro, ele olhou no fundo dos meus olhos e me disse queria terminar, eu fiquei desamparada, eu entregue meu coração para ele, eu não sabia o porquê ele estava fazendo aquilo, mas ele prosseguiu falando enquanto minhas lagrimas escorriam, falou que eu era só mais uma para a lista dele, a lista de garotas na qual ele tirou o lacre – Ela fazia sinal de aspas – Falou que foi fácil me conquistar, falou que eu era uma puta e me disse que falava com os amigos de como eu era uma burra por entregar meu coração com tanta facilidade – Mais lagrimas escorriam de seu rosto.

Eu não tenho palavras para descrever a raiva que estou sentindo agora, apenas me aproximo mais dela e a abraço com força por um instante.

– Eu sinto muito Sofi, esse cara é um idiota – Ela me interrompe.

– Me deixa terminar, esta quase – Ela enxuga as lagrimas e se recompõe – Depois disso eu sai do apartamento dele correndo e chorando, eu consegui ouvir a risada dele quando sai, eu não sei o porquê ele fez isso só sei que depois daquele dia eu nunca mais o vi, ele não morava mais na casa dele, e eu nunca contei isso para ninguém, por tanta vergonha que senti, como contaria uma coisa assim pros meus pais que literalmente planejavam casar a filhinha linda e virgem deles, eles também achariam que eu era uma puta.

– Não fale isso, você não era uma puta Sofia, você era uma adolescente apaixonada e apenas não tinha noção dos seus atos, ele é o errado disso tudo, um pedófilo, você deveria contar para alguém, ele estaria na cadeia agora.

­­– Eu estava com vergonha de mim mesma – Seus olhos ainda caiam algumas lagrimas e estavam avermelhados – Mas isso é passado, eu já superei isso, é serio.

– Eu não deveria ter perguntado nada, ai que merda.

– Calma Jason, eu escolhi te contar, e pra falar a verdade acho que foi bom contar isso para alguém finalmente, você tirou um peso das minhas costas.

– Eu só quero que você saiba que você é forte pra caralho, e eu te admiro muito Sofi, de verdade – Digo e ela sorri fraco – Posso te pedir uma coisa?

Ela apenas faz sinal de sim com a cabeça.

– Não deixa isso te impedir de amar algum de novo, não são todas as pessoas que são iguais ao Eliot, ainda terá alguém que realmente te amara de volta e que jamais faria oque ele te fez ou nem nada para te machucar, quando esse alguém chegar, apenas não se feche a esse sentimento, permita-se viver o amor de verdade.

Ela assente com a cabeça e olha nos meus olhos, levo a mão em seu rosto enxugando a ultima lagrima que caia e ela se encolhia um pouco ao passar a acariciar seu rosto, ela leva sua mão ate a minha a parando, passa alguns segundos ate que ela se aproxima e me beija, um beijo rápido e com medo, não deu nem tempo de corresponder.

Ficamos nos olhando calados de novo ate que ela em um movimento rápido, mas agora correspondido sobe no meu colo entrelaçando as pernas em volta das minhas costas e me beija, passo a mão por volta de sua cintura puxando mais seu corpo contra o meu e me entregava no beijo, suas mãos passavam por meus cabelos o bagunçando todo enquanto sua língua explorava minha boca, era um beijo feroz, um beijo com muito desejo posto. O melhor beijo da minha vida.

𝐃𝐀𝐑𝐋𝐈𝐍𝐆 - 𝐄𝐦 𝐀𝐧𝐝𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨Where stories live. Discover now