30 - Sob Controle

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– 2 dias antes –

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– 2 dias antes –

Estava tudo pronto. Depois de seguir todas as instruções da tia do Phillip, eu estava pronto para entrar em contato com minhas outras versões de outras realidades. Também me sentia preparado para entrar na realidade em que Pete estava vivo. Meus dons pareciam ter crescido exponencialmente. Eu sentia que era capaz de fazer o que quisesse, quando quisesse. Nunca havia sentido tanto poder e energia correndo em minhas veias como naqueles últimos dias.
Mesmo convicto de que estava forte o suficiente, eu precisava continuar com as orientações. Precisava de muita força para viajar entre realidades e mais força ainda para ficar pelo menos alguns dias em uma delas... Sem falar no esforço físico e mental que precisava para trocar de lugar com o Klay da realidade que eu invadiria.

— Está tudo pronto? — perguntou minha mãe, entrando em meu quarto com mais um casaco.

— Outra blusa, mãe?

— Claro! Faz muito frio na casa da sua avó nesta época do ano. Você quer pegar um resfriado?

— Não vai acontecer nada.

Meu pai entrou no quarto em seguida. Ele carregava uma sacola com uma quantidade absurda de DVDs antigos.

— Como não tem uma televisão moderna na casa da sua avó, é melhor levar alguns DVDs — disse, me entregando. — O aparelho já está no carro.

Peguei alguns DVDs da sacola para olhar o que meu pai tinha separado.

— De Repente Trinta; O Diabo Veste Prada; O Lado Bom da Vida...? — Fiz uma careta. — Eu gosto desses filmes, mas só tem comédias românticas aqui?

— Tem filmes de terror também como O Massacre da Serra Elétrica; Pânico; Jogos Mortais! — respondeu.

— Acho que não vou ter tempo para assistir todos eles — comentei. —, mas o que mais me surpreende é a atitude de vocês. Não é a primeira vez que vou na casa da minha avó, então...

— Mas é a primeira vez que você vai com o seu carro — disse meu pai.

— E a primeira vez em muito tempo que vemos você bem disposto e feliz com alguma coisa, filho — completou minha mãe.

Minha última semana foi ótima. Eu estava conseguindo os resultados que esperava. Se antes conseguia sonhar e até ver realidades paralelas, agora sentia que quase podia tocá-las. Tudo que eu precisava era cruzar uma linha...

— Acho que estou pronto para seguir a diante — menti, com um sorriso. — Nada pode me parar agora.

Meus pais retribuíram o sorriso antes de sair do quarto. Guardei o casaco na mala e alguns DVDs na mochila. Peguei o livro "Além da Matéria" da minha prateleira e coloquei o papel com as instruções da tia do Phillip dentro dele. Eu estava cheio de esperança de que tudo daria certo. Nada e nem ninguém me impediria de chegar ao meu objetivo... Rever o Pete, abraçá-lo e me redimir de alguma forma era tudo o que eu precisava.

Estava tudo pronto. A mala, a mochila e a necessaire estavam no carro. Meu pai tinha completado o tanque de gasolina mais cedo naquele dia, além de fazer uma pequena manutenção preventiva. Antes de sair, resolvi fazer a barba e pentear meu cabelo como costumava fazer quando Pete estava comigo. Eu amava quando ele o bagunçava e me chamava de "loirinho". Enquanto olhava no espelho do banheiro, lembrei de quando estávamos em Nova Iorque. Eu olhava no espelho quando ele saiu nu do box, me agarrou e levou com ele para o chuveiro, molhando toda a minha roupa.

— Vamos reviver tudo isso, Pete — sussurrei, com um meio sorriso.

Naquele exato momento, Shawn entrou no banheiro. A porta estava entreaberta, então não consegui impedi-lo de entrar.

— Você vai mesmo? — perguntou, impaciente.

— Para a casa da vovó? Sim!

— Você sabe que não é isso que quero dizer, irmão.

Shawn estava ciente do que estava acontecendo. Os dons que ele estava desenvolvendo não eram tão fortes e complexos quanto os meus... Ele tinha herdado os mesmos dons da vovó. Shawn conseguia ver o futuro além de sentir o que acontecia em sua volta. Era muito difícil enganá-lo.

— Está tudo sob controle, Shawn.

— Não está! Você vai se meter em problemas, Klay.

— Não vou! Está tudo sob controle!

— Nada está sob controle. Seus dons não estão sob controle. Você não está sob controle, Klay!

Fechei as mãos apertando-as com força. Suspirei para manter a calma.

— Por que você não confia em mim? — questionei, ainda de olhos fechados. — Eu preciso fazer isso, Shawn!

— Só não conto para nossos pais porque eles não vão acreditar — disse, fechando a porta do banheiro. — Mesmo depois de todas as lâmpadas quebradas, vidros rachados e até objetos caindo sozinhos pela casa. Você está indo muito além do que poderia, irmão.

— Por isso vou sair daqui! Não se preocupe, pois não vou colocar vocês em perigo.

Tentei sair do banheiro, mas Shawn segurou meu braço.

— E você se colocar em perigo, não conta? Mamãe vai ter gêmeos, Klay! Um menino e uma menina! Sabe o nome que ela vai escolher para o menino? Peter! Você acha que se arriscando assim, vai ajudar a gente? Vai ajudar seus novos irmãos que vão precisar de você?

— Por que tá me falando isso, Shawn?

— Por que eu vi! Eu vejo coisas que ainda não aconteceram. Eu vejo nossos irmãos crescendo sem o irmão mais velho, Klay!

Balancei a cabeça, encarando-o.

— Você só tá falando isso para me impedir de ver o Pete, Shawn.

— Eu estou falando sério, irmão!

Ele apertou meu braço com mais força, me encarando mais de perto.

— Se você seguir o rumo que vi, não estará aqui quando a mamãe dar a luz — disse, com o olhar ansioso. — Eu vi você, irmão... Vi você descontrolado e cheio de ódio. Tenho medo do que você está prestes a fazer e quantas pessoas pode machucar se não tomar a decisão certa.

Suspirei.

Eu entendia a preocupação do Shawn, mas achava desnecessário. Eu tinha tudo sob controle e todo o poder para consertar qualquer problema que cruzasse o meu caminho.

— Eu sempre tomo a decisão certa, irmão — comentei, com um meio sorriso, antes de me soltar, tirá-lo da frente da porta sem encostar minhas mãos nele e sair do banheiro.

...

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Contra o Paralelo (Romance Gay)Where stories live. Discover now